Jogada10
·26 de maio de 2025
Caso de apostas: Bruno Henrique não comparece em audiência do STJD

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·26 de maio de 2025
Bruno Henrique não compareceu à audiência online marcada pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva do Futebol (STJD) na manhã desta segunda-feira (26). O atacante justificou a ausência com o compromisso do Flamengo no Ninho do Urubu, no mesmo horário da oitiva — previamente agendada para as 09h30 —, que apura seu suposto envolvimento em um esquema de manipulação de apostas.
Embora o comparecimento não seja obrigatório, o atleta recebeu uma intimação formal por meio de sua defesa na semana passada. O atleta se reuniu com seus advogados e, de acordo com o ‘O Globo’, as partes concordaram em priorizar a agenda do Rubro-Negro, que manteve o treino agendado normalmente.
O STJD reabriu o inquérito em 7 de maio, após a Polícia Federal indiciar o jogador por fraude esportiva. A investigação apontou que Bruno Henrique teria forçado um cartão amarelo durante partida contra o Santos, pela Série A de 2023, com a intenção de beneficiar apostadores. Neste caso, incluindo membros da própria família. Entre os citados está seu irmão, Wander Nunes Pinto Júnior, também convocado para depor nesta segunda-feira.
O processo tramita com base no artigo 243-A do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD), que trata de manipulação de resultados. A penalidade possível inclui suspensão de até dois anos, além de multa. O vice-presidente do STJD, Maxwell Borges de Moura Vieira, atua como auditor responsável pelas oitivas e diligências do caso.
João Antonio de Albuquerque e Souza, presidente do Tribunal de Justiça Desportiva Antidopagem (TJD-AD), classificou o episódio em questão como “fraude esportiva”. Em entrevista ao portal Leo Dias, o dirigente ressaltou que a prática compromete a essência do esporte, baseada na imprevisibilidade dos resultados. Ele entende que forçar situações artificiais em campo, com motivações externas, coloca a integridade das competições em risco.
Além disso, João Antonio destacou que, embora a legislação penal possa apresentar lacunas para configurar crime, no âmbito esportivo as punições são severas. Ele defendeu que o sistema de combate à manipulação de resultados siga moldes semelhantes ao antidoping, com mecanismos padronizados e rígidos para coibir desvios de conduta em todas as esferas do futebol.
Os advogados do atacante protocolaram um pedido de arquivamento do inquérito sob argumento de que a conduta atribuída não se encaixa na tipificação penal de crime. Ainda assim, reconhecem que a esfera desportiva possui autonomia para apurar e punir infrações disciplinares com base em regulamentos próprios.
Já o atacante se manifestou publicamente sobre o episódio em novembro de 2024, após o título da Copa do Brasil. “Eu acredito na Justiça lá de cima”, disse em entrevista à Globo após o jogo.
A Polícia Federal apreendeu o celular do irmão de Bruno Henrique durante a investigação. Nessa ação, por exemplo, os agentes conseguiram analisar cerca de 3.989 mensagens dos irmãos. Parte dessas conversas levantou indícios de que o jogador teria conhecimento prévio do esquema e, portanto, contribuído.
O STJD ainda não definiu nova data para a oitiva do atleta. O andamento do processo dependerá da agenda do tribunal e das diligências que ainda serão realizadas. Enquanto isso, o atacante segue disponível para atuar pelo Flamengo, que optou por não afastá-lo do elenco durante o trâmite do inquérito.