Esporte News Mundo
·13 de agosto de 2025
CBF quer mudar tudo: nova regra pode frear milhões das SAFs no futebol brasileiro

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·13 de agosto de 2025
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A decisão da CBF de iniciar debates sobre a implementação de um modelo de fair play financeiro no futebol brasileiro é, sem dúvida, um avanço necessário. Por anos, o cenário esportivo nacional conviveu com clubes gastando mais do que arrecadam, acumulando dívidas astronômicas e deixando rastros de má gestão. A promessa de um Sistema de Sustentabilidade Financeira (SSF) pode, enfim, impor um freio a essa cultura de irresponsabilidade.
No entanto, a proposta chega em um momento em que o futebol brasileiro passa por uma transformação profunda, marcada pela entrada das Sociedades Anônimas do Futebol (SAFs) e por aportes milionários de investidores. Limitar esses investimentos a valores compatíveis com a receita anual dos clubes é uma medida que, à primeira vista, preserva o equilíbrio das contas. Mas também pode gerar um debate importante: até que ponto esse freio não vai tolher a capacidade de crescimento das equipes?
O exemplo europeu, especialmente o modelo da UEFA, mostra que a regra funciona para evitar abusos, mas não impede desigualdades. Clubes com receitas bilionárias, como PSG e Manchester City, continuam dominando o mercado, mesmo sob as diretrizes do fair play. No Brasil, essa disparidade pode ser ainda mais acentuada, dado o abismo financeiro entre os grandes centros e clubes de mercados menores.
Outro ponto que merece atenção é a fiscalização. A história do futebol brasileiro está repleta de regulamentos que, no papel, soam perfeitos, mas na prática se tornam letra morta pela falta de monitoramento e punição efetiva. Sem uma auditoria independente e critérios claros, o fair play corre o risco de ser apenas um selo bonito para apresentações de PowerPoint, enquanto as velhas práticas continuam nos bastidores.
O desafio, portanto, é equilibrar disciplina financeira com estímulo ao desenvolvimento esportivo. O fair play não deve ser visto como uma trava de crescimento, mas como uma ferramenta para evitar aventuras insustentáveis. Se bem implementado, pode criar um futebol brasileiro mais saudável, competitivo e confiável para investidores e torcedores. Se mal conduzido, será apenas mais uma boa ideia esquecida nas gavetas da CBF.