AVANTE MEU TRICOLOR
·11 de outubro de 2025
Com FIP em xeque pela resistência no Conselho, Casares admite a aliados alterar projeto para ganhar apoio

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·11 de outubro de 2025
O projeto de fundo de investimento em participações (FIP) idealizado pelo São Paulo com a Galápagos segue sem data para ser votado no Conselho Deliberativo. A proposta, que prevê um aporte de 250 milhões de reais — sendo duzentos milhões para Cotia e cinquenta milhões para abater dívidas —, enfrenta forte resistência interna, inclusive entre conselheiros ligados à situação. O modelo garante ao investidor 30% do resultado financeiro da base, sem participação direta nos direitos econômicos dos atletas.
O problema está nas condições de recompra. A Galápagos teria 30% do lucro até que o São Paulo comprasse sua parte, o que só poderia ocorrer a partir do décimo ano, em janelas de cinco em cinco. Caso o investidor queira vender, o clube será obrigado a recomprar por um valor corrigido em 14% ao ano, em dólares — sim, o clube será obrigado a vender, um detalhe que não tinha sido informado nas divulgações iniciais.
O percentual em si já é considerado bom para a Galápagos, mas a conversão tende a tornar o negócio ainda melhor. Se o São Paulo decidir comprar sem o desejo da Galápagos de vender, o juro sobe para 25% anuais, também com conversão cambial, este, sim, um percentual extremamente atrativo para os investidores, mesmo se não fosse em dólares.
O risco para o clube, segundo avaliações internas, é que o passivo possa alcançar cifras bilionárias, já que apenas a receita líquida da base serviria para amortização. Mesmo em cenários conservadores, baseados nas vendas de atletas dos últimos anos, o valor a ser pago poderá estar na casa das centenas de milhões de reais, proibitivo mesmo que o clube estivesse numa situação financeira muito melhor do que a atual. Dentro do Morumbi, circula até a hipótese de criação de uma SAF para viabilizar o pagamento. Até onde se sabe, essa hipótese não faria parte do contrato que está sendo discutido, mas é plausível imaginar que isso possa ocorrer.
A rejeição que tem encontrado no Conselho fez com que o presidente Júlio Casares esteja segurando a marcação da data da votação no Conselho, enquanto tenta convencer os mais resistentes. Só que essa tarefa tem sido bastante difícil, a ponto de vários veículos de imprensa já terem reportado que o próprio diretor de futebol, Carlos Belmonte Sobrinho, seria contrário à proposta, assim como alguns outros nomes relevantes da situação, embora não todos.
Assim, Casares já teria decidido fazer mudanças no projeto, segundo o ‘Blog do São Paulo’. Essas mudanças, porém, ainda não estariam desenhadas, não estando claro nem mesmo se de fato alterariam alguma coisa no processo de recompra. Na prática, o desenho atual praticamente elimina riscos para a Galápagos e transfere quase todos ao São Paulo, o que ajuda a explicar a dificuldade que Casares tem tido para levar o tema à votação.
O fundo começou a ser desenhado em 2023 e foi estruturado após consultas a 58 potenciais investidores, e teriam sido recusadas três ofertas antes de ser aceita a da Galápagos. O controle técnico e esportivo de Cotia permaneceria com o São Paulo, e a parceria com a Galápagos ficaria dividida em 70% para o Tricolor e 30% para o investidor.
Entre os objetivos anunciados, estão o aumento da quantidade de atletas em todas as categorias de base (de cerca de trezentos para mais de setecentos, embora não tenha sido divulgado como eles serão usados, já que há poucos jogos anuais em cada categoria), melhora na infraestrutura do CFA Laudo Natel, em Cotia, e ampliação da rede de scouts, tanto no Brasil como em outros países.
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