
Gazeta Esportiva.com
·10 de outubro de 2025
Comissão do Corinthians ouve só um diretor de Andrés e faz novas convocações

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·10 de outubro de 2025
A Comissão de Justiça do Corinthians realizou na noite da última quinta-feira, no Parque São Jorge, uma reunião para ouvir explicações sobre gastos suspeitos na última gestão de Andrés Sanchez, investigado também pelo Ministério Público de São Paulo (MP-SP). Porém, apenas um dos três convocados compareceu ao encontro.
Na semana passada, o órgão recebeu do departamento financeiro do clube as faturas referentes aos três anos do mandato do ex-presidente, entre 2018 e 2020, e identificou R$ 190 mil em despesas duvidosas. Portanto, a Comissão convocou a prestar esclarecimentos as figuras que, à época, tinham a responsabilidade de fiscalizar o uso dos cartões: Matias Ávila (ex-diretor de finanças), Osmar Basílio (ex-presidente do Conselho Fiscal) e Guilherme Gonçalves Strenger (ex-presidente do Cori).
Conforme apurou a Gazeta Esportiva, somente Ávila participou da reunião, via videoconferência, e prestou esclarecimentos. A oitiva foi acompanhada por Leonardo Pantaleão, como representante e presidente da Comissão de Ética. Os demais convocados alegaram compromissos pessoais e não compareceram.
Basílio e Strenger, contudo, ainda devem ser ouvidos pela Comissão de Justiça. O órgão enviará perguntas aos dois por meio do presidente do Conselho Deliberativo, Romeu Tuma Júnior.
(Foto: Daniel Augusto Jr/Ag. Corinthians)
Além da dupla ausente na reunião, outros dois personagens foram convocados pela Comissão de Justiça a prestar esclarecimentos sobre o caso. O primeiro deles é Roberson de Medeiros, o Dunga, que era vice do Cori na ocasião e chegou assumir o órgão durante o mandato de Andrés. Isso porque Strenger, em determinado momento da gestão, pediu licença do cargo.
Além de Dunga, Haroldo José Dantas da Silva, atual presidente do Conselho Fiscal e que, à época, substituiu Basílio, que se ausentou por conta de um projeto do clube com uma faculdade, também foi convocado. Ambos terão que dar explicações à CJ na próxima segunda-feira.
O ex-presidente Andrés Sanchez, por sua vez, ainda não foi chamado. Isso deve acontecer em breve. Andrés deve ser o último convocado para prestar esclarecimentos, após a Comissão de Justiça colher os demais depoimentos que julgar pertinentes e juntar toda a documentação a ser apurada.
Após o fim da análise da Comissão de Justiça, o caso de Andrés Sanchez irá para a Comissão de Ética e Disciplina do clube, presidida por Leonardo Pantaleão. Ele terá a responsabilidade de emitir o parecer que será enviado ao Conselho Deliberativo para que Romeu Tuma Júnior coloque a pauta em votação no plenário.
Segundo apuração da Gazeta Esportiva, a Comissão de Justiça do Corinthians identificou uma série de gastos considerados suspeitos e que não teriam relação com os compromissos de um presidente.
O órgão listou, a princípio, 50 despesas, com identificação de locais e valores que, somados chegam a R$ 190.523,54. Entre as principais cobranças separadas e revistas pela CJ, estão despesas com hospitais, clínicas e farmácias, em lojas de móveis e eletrônicos, além de custos com uma empresa de taxi aéreo e centros automotivos.
Os membros da Comissão de Justiça do Corinthians entendem que não há nenhum tipo de comprovação de que estas compras foram feitas para uso do clube ou necessidade do mandatário. As despesas não possuem nenhum tipo de comprovante anexado.
A investigação sobre o uso indevido do cartão corporativo por Andrés Sanchez também avançou no Ministério Público de São Paulo(MP-SP). O órgão solicitou ao Corinthians, entre os dias 26 e 29 de setembro, dados e explicações sobre mais de 50 aquisições suspeitas feitas pelo ex-presidente entre 2018 e 2020, período do segundo mandato de Andrés como mandatário corintiano.
Cassio Roberto Conserino, promotor responsável pelo caso, estipulou dez dias corridos como prazo para a diretoria alvinegra enviar as respostas.
A intenção do MP, em meio a investigação sobre supostos gastos pessoais indevidos, é entender quais eventos relacionados à rotina do então dirigente podem justificar os mais de 50 gastos suspeitos listados e, por outro lado, quais gastos, de fato, podem ser considerados incompatíveis com o exercício da presidência de um clube de futebol.
Andrés Sanchez, vale lembrar, prestou depoimento ao MP-SP na última quinta-feira. A reunião aconteceu por videoconferência e durou aproximadamente 15 minutos. Dois temas principais foram abordados pelo promotor: as despesas de cerca de R$ 5 mil em uma joalheria e de quase R$ 7 mil em Fernando de Noronha, em 2020.
O Procedimento Investigatório Criminal (PIC) foi instaurado pelo Ministério Público em meados de junho deste ano. À época, o órgão também agendou oitivas com o atual presidente, Osmar Stabile, o vice Armando Mendonça e o presidente do Conselho Deliberativo, Romeu Tuma Júnior, a fim de entender o funcionamento dos cartões corporativos do Corinthians.
Inicialmente, a apuração do MP iria abranger somente o período das gestões de Andrés Sanchez (2018 a 2020) e Duilio Monteiro Alves (2021 a 2023). Porém, após ouvir alguns depoimentos, o órgão decidiu investigar também o mandato de Augusto Melo. Além de uma suposta apropriação indébita, são apurados também os possíveis crimes de estelionato, furto qualificado, falsidade ideológica e associação criminosa.
(Foto: Reprodução/YouTube)
O caso veio à tona no início do mês de julho, quando Andrés admitiu ter utilizado o cartão de forma indevida para pagamento de despesas pessoais em Tibau do Sul, Rio Grande do Norte, no fim de seu último mandato, em 2020.
Dias após a revelação dos gastos, ele ressarciu o Corinthians com juros e correção monetária. O ex-presidente, no entanto, responde a um processo disciplinar na Comissão de Ética e Disciplina do clube. Os torcedores pedem punições e até a expulsão de Andrés.
Houve, também, uma acusação de supostos gastos pessoais durante a gestão de Duilio Monteiro Alves. As despesas, contudo, não estão necessariamente ligadas ao ex-presidente. Ele não reconhece as faturas e registrou uma notícia-crime na Delegacia de Repressão aos Delitos de Intolerância Esportiva (Drade/Dope), solicitando a inclusão desta no inquérito policial já em andamento, que denuncia a circulação de documentos falsos e manipulados.
No início do mês de setembro, o MP pediu à Justiça que Andrés, Duilio e Augusto Melo sejam temporariamente afastados dos Conselhos Deliberativo e de Orientação do Corinthians durante a investigação. Até o momento, no entanto, não houve uma manifestação do Poder Judiciário.
(Foto: Peter Leone/O Fotografico/Gazeta Press)
O Corinthians informou, há cerca de duas semanas, que concluiu a entrega dos documentos sigilosos solicitados pelo MP. O clube se coloca à disposição das autoridades, mas teme vazamentos e reforça o cuidado para não expor ainda mais a imagem de instituição.
Além das supostas despesas pessoais, o MP também abriu investigação para apurar uma possível ligação do clube com a facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC), motivada pelo depoimento de Romeu Tuma Júnior, presidente do CD do Corinthians, colhido pelo órgão.