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·06 de setembro de 2025

Como ambiente e filosofia de jogo transformaram Mirassol no “bicho papão” do Brasileirão

Imagem do artigo:Como ambiente e filosofia de jogo transformaram Mirassol no “bicho papão” do Brasileirão

O Mirassol vem assombrando os grandes clubes do País na atual temporada. Sexto colocado do Campeonato Brasileiro, o Leão empilhou vitórias expressivas contra potências do futebol nacional e passou a ser temido mesmo debutando na Série A após garantir o acesso no ano passado.

O resultado expressivo mais recente do time do interior paulista foi a goleada por 5 a 1 sobre o Bahia, de Rogério Ceni, que figura em quarto lugar no Campeonato Brasileiro. Houve também o 3 a 0 contra o Santos de Neymar, 2 a 0 contra o São Paulo, em pleno Morumbis, 2 a 1 contra o Corinthians e o 4 a 1 contra o Grêmio.


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Mas, afinal, o que explica um clube que disputa pela primeira vez a Primeira Divisão ter um desempenho deste nível?

O investimento em estrutura, tendo à disposição um CT super moderno, é claro que tem influência nesse sucesso, uma vez que fornece aos atletas tudo aquilo que eles precisam para performar bem. Mas, não é só isso.

Ambiente

O ambiente formado no Mirassol é um dos diferenciais da equipe. Com um orçamento mais modesto, o clube montou um elenco que não conta com estrelas e, portanto, não deixa a vaidade entrar no vestiário, trabalho reforçado pelo técnico Rafael Guanaes e o diretor de futebol Paulinho.

“O ambiente que temos aqui é o diferencial, o convívio, a relação que temos não só entre os jogadores, mas com a comissão, com todos os funcionários do clube. Isso é o que faz a diferença, nosso ambiente. E o respeito que todos têm por todos, não tem maior ou menor, todos são iguais. Esse é o diferencial para os nossos grandes resultados”, disse Danielzinho, capitão da equipe.

O clube também inclui na programação de trabalho dos atletas algumas refeições obrigatórias a serem feitas no CT. Assim, mais do que treinar, o elenco também estreita os laços em cafés da manhã, almoços ou jantares ao longo da semana.

O senso comunitário do Mirassol vai muito além das quatro linhas. Internamente, a diretoria procura sempre priorizar a contratação de funcionários da cidade de Mirassol e região, valorizando as raízes criadas no noroeste paulista. Há colaboradores que viveram toda a ascensão do clube, desde a Série D até a elite do futebol nacional.

“O que chamou atenção foram as pessoas que trabalham aqui dentro, que já estão aqui há muito tempo, conhecem a casa. Isso nos faz se sentir em casa também. Logico que não sabíamos como ia ser, não tínhamos noção do que poderíamos fazer, mas no dia a dia sabíamos que podíamos conseguir algo mais”, comentou o goleiro Walter.

Identidade de jogo

Aliada a esse perfil de elenco está a identidade de jogo do time. O Mirassol tem conseguido se dar bem contra equipes consideradas maiores justamente por não abrir mão de seu estilo, independentemente do adversário ou do estádio.

“O professor fala muito de trabalho, acho que é por isso que estamos conseguindo os resultados. É o dia a dia, cobrança diária, repetição e não ter medo. Encarar o jogo para errar, mas o acerto estando sempre acima. Quando erramos uma saída ou uma situação do jogo, ele não te cobra por ter errado, mas, sim, por não tentar. Essa é a chave principal do nosso trabalho, no dia a dia lidando com jogadores de caráter, com um grande elenco, com pessoas que querem crescer. Então, acaba ficando um pouco mais fácil”, afirmou Walter.

Uma das grandes características do Mirassol é o jogo construído desde a defesa, assumindo riscos para não se desfazer da bola, mesmo com a pressão do adversário. Na marcação, o time também tem adotado uma estratégia ousada, buscando recuperar a posse o mais rápido possível e o mais perto possível do gol rival.

“O que a gente faz dentro de campo é o reflexo do treinador. O [Rafael] Guanaes é um cara muito corajoso e ele estimula isso na gente, para ter coragem, não ter medo, e ai tem as questões táticas também. Acho mais arriscado você dar um chutão que é 50% de chance de você seguir com a bola do que tentar sair jogando. É um trabalho diário, não é fácil, mas temos um staff todo que entendeu o perfil do Guanaes, a maneira que ele gosta, e todo mundo dando sua contribuição forma esse conjunto que temos”, analisou Danielzinho.

“É muito trabalho, treinamento, informação e estudo. O Guanaes é uma pessoa que estuda muito, é fissurado por números, para que haja o crescimento da equipe. O Guanaes tem uma parcela muito grande nisso”, completou o capitão do Mirassol.

Internamente, o exemplo mais forte de que coragem e identidade são inegociáveis para o Mirassol, curiosamente, foi em uma das três derrotas da equipe no Campeonato Brasileiro. Apesar do revés por 2 a 1, todos do clube saíram orgulhosos do jogo disputado contra o Flamengo, em pleno Maracanã, justamente por terem competido de igual para igual frente ao melhor elenco do Brasil.

“Acho que a coragem que estamos tendo é um diferencial. No jogo contra o Flamengo fomos no Maracanã, pressionamos os caras, marcamos lá em cima, tentamos nos impor. A coragem é um fator determinante, está fazendo a diferença”, comentou Danielzinho.

Até onde o Mirassol pode chegar?

Cada vez mais forte na briga por uma vaga na Libertadores e enfileirando vitórias, o Mirassol ainda prioriza a permanência na Série A, algo que é apenas questão de tempo para ser confirmado. Internamente os atletas podem até conversar sobre o sonho de disputar a competição continental, mas da porta do vestiário para fora o discurso é bem mais modesto.

“O nosso objetivo continua sendo a permanência. Quanto antes a gente conseguir bater a meta, melhor, porque a gente consegue almejar coisas maiores. Internamente não podemos falar muito, mas a única coisa que tenho a dizer é que estamos felizes com o que estamos fazendo, temos pés no chão, estamos ao lado de pessoa de caráter, que pensam no clube 24 horas, mas a meta ainda é a permanência. Batendo a meta, pensamos em algo mais. Mas é claro que trabalhamos para conquistar coisas grandes”, disse o goleiro Walter.

De acordo com muitos matemáticos, para um time assegurar a permanência na Série A é preciso somar 45 pontos. O Mirassol, atualmente, tem 35. Com um turno todo pela frente, inegavelmente a briga do time será a vaga para uma competição continental. Resta saber se será a Libertadores ou a Sul-Americana.

“A gente é bem pé no chão, o grupo entendeu isso, e o objetivo bem claro é a permanência na Série A. Mas a cada jogo você vai pontuando e automaticamente o atleta começa a sonhar outras coisas, isso é natural do ser-humano. Mas, a todo momento pregamos a humildade para alcançarmos o primeiro objetivo, que está próximo, mas não foi alcançado ainda. Sabemos que o futebol é dinâmico e o segundo turno é mais difícil ainda. Mas vamos continuar com esse pensamento de confirmarmos a permanência e buscaremos outros objetivos depois. Se der brecha, vamos buscar os três pontos, independentemente do time que for”, concluiu Danielzinho.

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