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·21 de novembro de 2019
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A Papo Azteca contará novamente uma história inédita. Não pense você, leitor, que só verá temas de Chaves nesta coluna. Traremos muito conteúdo além dos Top 10 referências de Chaves ao futebol mexicano que você não sabia. Inclusive, nesta semana, o tema do texto é de uma expressão popularizada no seriado, quando Professor Girafales e Dona Florinda rompem o relacionamento deles. Acontece que, antes do rompimento, o Professor promete a Chaves e Quico que lhes trariam uma bola quadrada (pelota cuadrada, em espanhol) para que brincassem. Porém, no Brasil o nome se popularizou e até mobilizou os fãs para que o intérprete de Quico, Carlos Villagrán, ganhasse uma bola quadrada. E isso realmente aconteceu e no Brasil. O programa humorístico Pânico, da Rede TV!, presenteou o comediante com a bola quadrada. Mas você sabe de onde originou a expressão pelota quadrada no México?
Antes de mais nada, vocês devem conhecer brevemente um ex-jogador mexicano, chamado Fernando Marcos González. Atuante entre as décadas de 30 e 40, Fernando Marcos disputou a Copa do Mundo de 1934, na Itália, pela Seleção Mexicana. Além de jogador, foi árbitro, Presidente da Associação Mexicana de Árbitros de Futebol, técnico de: Astúrias, Necaxa, Toluca, Marte e América, além da Seleção Mexicana em 1959. Advogado e economista, começou a narrar partidas de futebol para rádio a partir de 1939. Desde 1962 fez o mesmo pela televisão. Cobriu várias Copas do Mundo e Olimpíadas, foi comentarista esportivo na TV Azteca nos anos 90 e autor, em 1980, do livro Mi amante, el futbol.
Voltando ao assunto, a popular expressão não é exatamente, ou simplemente, uma zombaria feita por Chaves e Quico quando presumiram que o Professor Girafales lhes dariam uma Pelota Quadrada. O assunto é muito mais sério que isso. De acordo com o site esportivo mexicano Mediotiempo, a verdadeira história da bola quadrada se passou em meados dos anos 50. Já aposentado dos gramados, seja como jogador, árbitro ou técnico, o maestro Fernando Marcos escreveu uma vez, no Excelsior (jornal mais influente da época), que o nível do futebol da América Central e do Caribe era tão ruim que pareciam não jogar com uma “bola normal”, mas, sim, com “cocos” ou “bola quadrada”.
Essa frase não só transcendeu rapidamente essas fronteiras, como também as ofendeu de tal maneira que, até hoje (século XXI), eles não a esquecem. Assim, velhos ressentimentos despertam toda vez que um time de futebol mexicano é rival de alguma equipe da CONCACAF, com exceção a Estados Unidos e Canadá (que são da América do Norte). É nítido que o México é um país amado se formos estritamente à cultura, música, turismo, culinária, filmes, séries, novelas e até influência e admiração por seus personagens populares. Artistas, comediantes, atores, romances, cantores, grupos e muitos mais são verdadeiros ídolos de várias regiões do mundo, inclusive da América Central. Mas o futebol é um território à parte.
Os brasileiros tiveram altos e baixos em terras aztecas, afinal, foram campeões em 1970 e caíram em 1986 para a França, numa das melhores seleções que o Brasil já teve, num fatídico jogo onde Zico machucado perde pênalti no tempo normal e Sócrates e Júlio César erram suas cobranças na decisão por pênaltis. Entretanto, o tema da famosa “bola quadrada” fez com que os mexicanos parecessem arrogantes, soberbos e ofensivos ao depreciar os demais como se fossem soberanos. Os centro-americanos e caribenhos estão certos em se chatearem. Desde então, tiveram várias surpresas e foram obrigados a engolir derrotas e sua soberania para Estados Unidos, Honduras, Guatemala, Costa Rica, El Salvador e caribenhos. Todos desfrutam intensamente os tropeços da equipe nacional mexicana. Derrotar o México é slogan: “É o jogo que vale toda uma Eliminatória e se essa vitória pode ocorrer no próprio Estádio Azteca… Imagine!”
Foto destaque: Reprodução/Televisa