Gazeta Esportiva.com
·26 de novembro de 2024
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O Conselho de Orientação do Corinthians (Cori) recomendou o impeachment do presidente Augusto Melo em reunião realizada na última segunda-feira, no Parque São Jorge. Por unanimidade, membros do órgão fiscalizador reprovaram as contas do primeiro semestre da atual gestão.
Segundo a presidência do Cori, ao analisar as demonstrações financeiras do clube neste período, o órgão percebeu falta de “suporte documental apropriado” e a “existência de irregularidades”. No total, 12 membros recomendaram o afastamento de Augusto, e um se absteve.
Segundo apuração da Gazeta Esportiva, dos nomes envolvidos nas últimas gestões do clube que fazem parte do Cori, apenas Mario Gobbi compareceu ao encontro. Andrés Sanchez, Roberto de Andrade e Duilio Monteiro Alves não marcaram presença.
Augusto terá seu impeachment votado pelo Conselho Deliberativo nesta quinta-feira, no Parque São Jorge, a partir das 18 horas (de Brasília).
A reunião no Cori não tem relação direta com a votação do CD, que vai tratar de temas como o contrato feito com a ex-patrocinadora VaideBet. A recomendação do Conselho de Orientação pode ou não resultar em abertura de um novo processo de impeachment.
Muros pichados no Parque São Jorge
Muros do Parque São Jorge amanheceram pichados nesta terça-feira, com manifestações contrárias ao impeachment de Augusto Melo.
“Não vai ter golpe”, “turma do Andrés” e “traidores” foram alguns dos recados registrados nos muros do clube. O Timão, até o momento, não se manifestou sobre o ocorrido.
(Foto: Reprodução/X)
(Foto: Reprodução/X)
Veja a nota completa do Cori
Comunicamos que o CORI – Conselho de Orientação do Sport Club Corinthians Paulista deliberou na noite de ontem sobre as análises das Demonstrações Financeiras relativas ao primeiro semestre do exercício de 2024.
Nosso conselho tem como objetivo maior o cumprimento de nosso estatuto como determinado já no item A do art. 97 – Orientar o Presidente da Diretoria e fiscalizar a Administração.
Com base nessa e outras premissas estatutárias, nosso regimento administrativo além da Lei Geral do Esporte realizamos nossas análises dessas Demonstrações Financeiras, por vezes não obtendo suporte documental apropriado e constatando a existência de irregularidades.
Como consequência dessas constatações demos ciência ao Conselho Deliberativo para que sejam tomadas as devidas providencias cabiveis determinadas por nosso estatuto.
Informamos também que a decisão foi deliberada com entendimento unânime sobre os itens do relatório, com uma abstenção tendo em vista sua participação de um integrante na comissão de Ética do Clube e observação de outro membro pelo não encaminhamento ao Conselho Deliberativo e Ética para apreciação desse novo relatório, denúncia e do rito de impedimento do Presidente da Diretoria.
Por fim com total zelo e tecnicidade utilizamos como base de nossos trabalhos entre outros os artigos 97,A, C,D,E,F, G,I,K, Q e S, art. 99 e art 106 do éstatuto social, bem como a Lei 14.597/23 Lei Geral do Esporte.
Votação de impeachment de Augusto
Romeu Tuma Júnior, presidente do Conselho Deliberativo do Corinthians, marcou a reunião de votação do impeachment de Augusto Melo na última quinta-feira. Os conselheiros do clube vão definir no próximo dia 28 (quinta-feira), no Parque São Jorge, se concordam ou não com a destituição do mandatário corintiano. A primeira chamada da convocação será às 18 horas (de Brasília), enquanto a segunda será às 19 horas.
Caso a maioria simples no Conselho aprove o impeachment de Augusto, o presidente será afastado imediatamente do cargo, que será assumido de forma temporária por Osmar Stabile, primeiro vice-presidente do clube. A votação no Conselho será secreta.
Além disso, se o Conselho der parecer positivo quanto ao impeachment de Augusto, Romeu terá de definir uma data para a Assembleia Geral, que é a última instância do processo de destituição, com a participação dos associados do clube. Segundo apuração da Gazeta Esportiva, a Assembleia só deve ocorrer em 2025, ainda sem data definida.
Nesse cenário, Augusto permaneceria afastado de suas funções até a divulgação do resultado final da Assembleia Geral. Se os sócios endossarem que ele deve deixar o cargo, o mandatário será definitivamente destituído.
Se o impeachment não passar no Conselho Deliberativo, o caso será encerrado e Augusto Melo continuará normalmente no cargo de presidente. Isso, no entanto, não exclui a possibilidade de um novo processo de afastamento no futuro.
Entenda os motivos
No último dia 12 de agosto, a Comissão de Justiça do Corinthians entregou um relatório para o Conselho Deliberativo a respeito de investigações sobre alguns temas que envolvem a gestão de Augusto, como as negociações com a VaideBet (ex-patrocinadora máster) e a Gazin (empresa de colchões que tem espaço no uniforme de treino).
Posteriormente, Augusto e pessoas que são ou foram ligadas à gestão foram ouvidas pela Comissão de Ética. Além do presidente, Armando Mendonça (segundo vice-presidente), Rozallah Santoro (ex-diretor financeiro), Yun Ki Lee (ex-diretor jurídico), Fernando Perino (ex-integrante do departamento jurídico), Marcelo Mariano (diretor administrativo) e Rubens Gomes (ex-diretor de futebol) foram investigados internamente.
Augusto entregou sua defesa à Comissão de Ética no final de setembro. No dia 26 de agosto, de forma paralela à investigação, um grupo de conselheiros enviou ao Conselho um requerimento que solicita a destituição de Melo.
O documento, de autoria do “Movimento Reconstrução SCCP”, conteve mais de 50 assinaturas, número mínimo para que a solicitação fosse apreciada pelo presidente do CD.
O documento pede “tramitação sucinta” e se apega, principalmente, ao Artigo 106, “b” e “d”, do Estatuto do clube, além da Lei 14.597/23, referente a nova Lei Geral do Esporte, que dispõe sobre crimes de “Lavagem” ou ocultação de bens.
Art. 106 – São motivos para requerer a destituição do Presidente e/ou dos Vices:
b) ter ele acarretado, por ação ou omissão, prejuízo considerável ao patrimônio ou à imagem do Corinthians.
d) ter ele infringido, por ação ou omissão, expressa norma estatutária.
Em 19 páginas, que detalham acontecimentos recentes promovidos pela atual gestão, o requerimento se apoia em fundamentos que objetivam apontar eventuais problemas e condutas temerárias da gestão após avaliação dos seguintes casos:
-“Laranja” na intermediação da VaideBet.
-Depoimento de Cassundé à Polícia, refutando ter feito intermediação.
-Debandada de dirigentes, perda do patrocínio e prejuízo moral.
-Depoimento de Armando Mendonça à Polícia, apontando omissão dos gestores.
-Agressão de Augusto a um torcedor do Cruzeiro, em MG, com prejuízo a imagem da instituição.
No requerimento, conselheiros afirmam o Corinthians como “vítima de crimes cometidos pelos próprios dirigentes” e ainda reforçam a intenção de se obter para o clube o devido “ressarcimento do prejuízo em razão do pagamento errôneo à malfadada empresa que nunca intermediou a confecção do contrato com a antiga patrocinadora”.