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·15 de março de 2025
Cria do Botafogo, David Sousa supera grave lesão e ganha destaque na Bélgica

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O começo da carreira em um grande clube não é uma garantia de um início estável na trajetória profissional. David Sousa nasceu para o futebol em um Botafogo destroçado, antes da chegada da SAF, e precisou conviver com as dificuldades extracampo do Glorioso antes de encontrar a sua melhor forma no futebol belga.
Desde os 14 anos no Bota, o jovem zagueiro recebeu a sua primeira oportunidade no elenco principal no Cariocão de 2020, contra o Volta Redonda. Embora a temporada de afirmação no time profissional do Alvinegro, David não teve muitos motivos para comemorar e viu o time ser rebaixado na lanterna do Brasileirão.
No ano seguinte, o zagueiro novamente voltou a ser aproveitado no estadual e na Copa do Brasil, mas, apesar do desejo de permanecer e ajudar o Botafogo a voltar para a Série A, acabou cedido ao futebol belga pela primeira vez.
"Eu fui apresentado a um projeto muito atraente no Cercle Brugge para atuar na primeira divisão da Bélgica. Conversei com o meu empresário e ele também entendeu que era uma oportunidade importante para atuar na Europa. Eu precisava jogar mais e o clube abriu esse caminho para mim", relembrou David em conversa com oGol.
Na primeira temporada no futebol belga, o defensor fez 18 partidas pelo Cercle e marcou um gol, justamente no clássico contra o Club Brugge. Entretanto, a sequência buscada pelo brasileiro novamente precisou ser adiada, desta vez por conta de uma grave lesão.
"Eu tive uma lesão menisco lateral, operei aqui na Bélgica e o prognóstico era de seis meses. Após o período estipulado, eu não recuperei bem e precisei fazer mais duas infiltrações no joelho e mesmo assim não melhorei. Eu estava perto de voltar, tentava treinar, meu joelho inchava e eu não conseguia treinar", relembrou o zagueiro
"Por conta disso eu precisei fazer uma segunda cirurgia, onde novamente não foi corrigido o problema que tinha no meu menisco e aí eu continuei da mesma forma. Voltava, tentava treinar e nada de conseguir performar, porque meu joelho inchava. Então meu contrato encerrou e eu voltei para o Botafogo, onde fizeram uma artroscopia no clube e em quatro semanas já estava recuperado e pronto para jogar", completou
De volta ao Rio de Janeiro, David recuperou a forma física e a confiança, conviveu com o elenco profissional do Botafogo, mas novamente o destino lhe encaminhou para um desafio na Bélgica. Ambientado ao futebol local, o zagueiro aceitou a proposta para trocar de clube por empréstimo para atuar no RWD Molenbeek, um dos clubes do Grupo Eagle Football, comandado por John Textor.
Quase dois anos após a última partida também na Liga Belga, o brasileiro retornou aos gramados com o Molenbeek e, enfim, encontrou a sequência que procurava desde o início da carreira. Titular desde a sua chegada, David disputou os últimos 15 jogos na temporada, mas não conseguiu ajudar o clube a evitar o rebaixamento para a segunda divisão.
Apesar da decepção, o zagueiro acreditou no projeto e, pela primeira vez, conseguiu realizar uma pré-temporada no futebol belga, iniciando o ano do zero. Com atuações seguras, o zagueiro canhoto consolidou o seu espaço no clube e ganhou destaque na segunda divisão belga. Premiado na atual temporada por atuações individuais, David soma 26 jogos, com três gols marcados, na campanha que mantém o Molenbeek na liderança da competição e perto do retorno à elite belga.
"Hoje eu vivo o melhor momento da minha carreira. Desde que começou a temporada, eu atuei em todos os jogos e tenho tido uma sequência muito boa. Fico muito feliz por isso, até pelo fato de ter ficado um tempo longe dos gramados. Só quem fica sabe como é difícil. Agora o meu foco é acabar bem a temporada, conseguir a promoção com o Molenbeek e o futuro, realmente, eu não estou pensando agora", disse o defensor.
Adaptado à Bélgica, David considera o mercado muito receptível para jogadores brasileiros entrarem na Europa. O zagueiro relembra que, além da dificuldade com a cultura, o clima e a comunicação, também precisou adaptar o seu estilo de jogo ao modelo do clube.
"Eu lembro que quando eu cheguei no Cercle, eu conversava muito com o Vitinho (atualmente no Botafogo) a respeito da adaptação aqui e a gente conversava, ''se tu joga aqui na Bélgica, tu pode jogar em qualquer lugar do mundo', porque você passa por cada coisa que tu vai estar preparado para o restante todo da tua carreira", destacou o zagueiro.
Após a experiência de sucesso no Molenbeek, David também avalia positivamente o intercâmbio entre os clubes de um mesmo grupo de empresas.
"Eu enxergo como uma situação positiva, até pelo fato de você ter alguns exemplos que deram certo. De repente, o jogador não está indo bem no clube ou está sem espaço e pode tentar recomeçar em outro lugar. Ter a possibilidade essa troca é muito interessante. Às vezes o jogador não está feliz no ambiente, vai para o outro e se sente bem", explicou.
"No meu caso, eu me senti muito confortável para fazer a decisão. Querendo ou não, quem decide é o jogador. Se você fala que não quer sair ou não está feliz com a mudança, ela não vai se concretizar. É óbvio que na minha situação, eu lembro do dirigente falar 'a gente conta aqui contigo, mas se você quiser ir, você pode ir, tá tranquilo. Se você voltar pra cá, na metade da temporada, a gente vai te utilizar', por isso me senti confortável para sair", completou.
David começou a sua carreira no Botafogo antes das cifras milionárias da SAF. O zagueiro defendeu o clube no ano do rebaixamento para a Série B e viveu o calvário com o Alvinegro.
"Foi muito difícil para mim. Minha primeira experiência no profissional, meu primeiro ano praticamente. Você vê o clube ali mandando funcionários embora, pessoas que frequentavam a sua casa, que eram realmente uma família, porque tínhamos uma relação de família e clube naquele momento. E, de repente, você vê que esse cara tá indo embora, como é que ele vai fazer pra pagar a conta da casa dele e tudo. Querendo ou não você acaba se apegando.
"A questão da minha ida para o Cercle Brugge foi também para ajudar o Botafogo a pagar salário, porque o time belga iria pagar uma quantia ao Botafogo e isso ajudaria a organizar a casa. Era o valor de um empréstimo com opção de compra, mas naquela época já era um valor importante. Antes de eu sair, o presidente me falou que se não fosse pela situação dramática não teria deixado eu sair", completou.
No entanto, os momentos de dificuldades fizeram com que David criasse um laço ainda maior com o Alvinegro. No seu retorno ao clube, para tratar a lesão no joelho, a cria do Bota não precisou entrar em campo para presenciar a mudança de espírito no clube e pressentir a chegada de conquistas.
"Você chegava dentro do clube e sentia prazer de estar ali e estar treinando com aqueles atletas ali. Infelizmente naquele ano que estive lá, o título do Brasileirão bateu na trave, mas era nítido que o clube voltaria rapidamente a conquistar grandes títulos", comentou o zagueiro.
"Eu fico muito feliz em ver o Botafogo no lugar que está hoje, porque eu literalmente vi o presidente falar que o clube estava à beira de falir. Eu vi dirigentes se unirem para juntar dinheiro e comprar bolas para nós treinarmos, era uma situação desesperadora. E hoje o clube está estruturado financeiramente e disputa os principais títulos do país e do continente", completou.
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