AVANTE MEU TRICOLOR
·16 de setembro de 2025
CRISE INTERNA: Casares mostra projeto de parceria pela base na Galápagos, mas segue sem apoio no Conselho

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·16 de setembro de 2025
O presidente do São Paulo, Julio Casares, continua sua via-crúcis na política interna do clube para tentar buscar apoio amplo para aprovar o projeto de parceria para investimento em Cotia. Mas sua vida não anda nada fácil.
Conforme o AVANTE MEU TRICOLOR apurou, o mandatário apresentou na noite de segunda-feira (15) na Galápagos mais detalhes do Fundo de Investimento em Participações (FIP), nome pomposo dado por Casares para batizar o projeto que busca captação de recursos em troca do repasse de porcentagens das promessas da base e que tem no bilionário grego Evagelius Marinakis o seu maior interessado.
Foi mais um passo, esse prometido por Casares na sexta-feira (12), em encontro com sua ‘tropa de choque’, líderes das chapas políticas que sustentam a sua gestão.
A ideia era levar um grande número de conselheiros da base aliada à sede da Galápagos, na Avenida Rebouças (região oeste da capital paulista) para tentar sanar dúvidas e, principalmente, tentar convencer que não se trata de uma SAF da base, ou seja, que o dirigente não pretende ‘vender’ as promessas de Cotia. O plano era se propagar o quão benéfico ao São Paulo seria o projeto.
Mais uma vez o tiro saiu pela culatra, digamos assim. Casares não conseguiu convencer a maioria dos conselheiros presentes. E, apesar de acordo político com a ‘tropa de choque’, a conta interna é de que hoje ele ainda não tem a maioria necessária para aprovar o FIP.
A surpresa para o mandatário são-paulino foi grande, já que a rejeição ao FIP é grande até mesmo em sua base aliada, escancarando o racha político interno existente atualmente no clube.
Para se ter uma ideia, apenas um dos sete grupos políticos que sustentam a base de Casares estão fechados totalmente com o presidente: a chapa de Antônio Donizete Gonçalves, o Dedé do Social, diretor do social tricolor, e Douglas Schwartzmann, atual responsável pelas categorias de base.
O curioso é que Schwartzmann, pessoalmente, confidenciou a apoiadores e amigos que não está totalmente convencido da questão.
Casares vem realizando uma série de reuniões internas com conselheiros sua base desde o início da última semana. Recebeu a informação de quem nem um terço do órgão, hoje, apoia totalmente a questão do FIP e vem agindo nos bastidores para reverter o quadro.
O AMT apurou que o presidente são-paulino cobrou maior apoio de sua ‘tropa de choque’. A Carlos Belmonte, diretor de futebol, por exemplo, foi pedido uma adesão pública, algo que até agora não aconteceu.
Belmonte e seu grupo político vive às turras atualmente com Casares, após o diretor ser ofendido por um apoiador do presidente, virar alvo da Torcida Independente e ver minguando o seu plano de ser o indicado à sucessão como mandatário nas eleições do final do ano que vem.
Em troca de um maior apoio, Casares prometeu definir de vez a questão de sua sucessão nas eleições do final do ano que vem até o fim de março, quando baterá o martelo sobre o nome escolhido para substituí-lo.
O trabalho é árduo, visto que nomes grandes entre os cardeais tricolores, incluindo o de ex-presidentes, vêm liderando o trabalho de se reprovar a votação do FIP no Conselho Deliberativo.
A questão não é nem alguma birra dos cardeais ou coisa do tipo com Casares. A reclamação constante dos conselheiros é que pouca coisa foi esclarecida pelo presidente nos encontros. E que os contratos sequer foram disponibilizados para análise.
Em entrevista à ‘ESPN’ na semana passada, Casares explicou que o modelo de negócio não torna o São Paulo uma SAF, mas aumenta a capacidade de captação de recursos do clube para investir na base e, posteriormente, para vender os jogadores. Além disso, o time profissional ainda terá mais jovens formados no clube à disposição.
“Ele (Marinakis) vai receber 30% de um líquido. Hoje, temos jogadores que vêm para cá com 70% dos direitos do São Paulo. Se eu tivesse dinheiro, eu comprava os outros 30%. Isso eu não posso fazer. Conseguimos do Ferreira passar de 65 para 80. Do Ryan passar de 70 para 80. Imagine nós, capitalizados, além de fazer isso, podemos trazer mais jogadores que tenham vontade de jogar no São Paulo. Vamos ter dois efeitos: você vai ter formação mais rápida e maior em volume. E, quando fornecer ao profissional, uma baixa na folha. E com a possibilidade, pela juventude, de ser um grande ativo para venda. O investidor vai ganhar mais, e nós vamos ganhar mais”, disse.
“É algo inteligente. Eu vou deixar um legado esportivo. Vamos oferecer mais para a comissão técnica. O São Paulo hoje oferece? Oferece. Se tivéssemos 12 em atividade, vendendo apenas quatro ou cinco, eu poderia ficar por mais tempo com mais jogadores. É a longo prazo. E estratégico. Ele visa modernidade. Não estou vendendo patrimônio ou a base de maneira nenhuma. Isso para aqueles que querem tumultuar o processo. Ficamos quatro horas em reunião e passou por unanimidade tudo. Lá temos os independentes, que são pessoas ligadas ao mercado, gestão e de linha de propaganda. Todos nos deram o sinal verde. Vamos atender todos os grupos. Todos os conselheiros que queiram conhecer mais o projeto serão atendidos”, completou.
Casares ainda esclareceu que, apesar do acordo existente com Marinakis, o grego não será o único investidor possível dentro desse modelo de negócio, com uma carteira sendo aberta, tendo inclusive participação na bolsa de valores.
“Primeiro, a própria Galapagos já tem investidores da própria carteira. E isso vai ser aberto a torcedores comuns gradativamente. Se algum empresário da Alemanha, da Grécia, da Inglaterra quiser aportar nesse fundo, ele pode. Quem vai fazer toda a capitação dos investidores, é o fundo Galapagos. E esse é um grande avanço. Ao levar à bolsa de valores, estamos listando transparência e responsabilidade. Eu acredito que é inteligente, é de vanguarda e isso pode mudar”, explicou.
O mandatário são paulino ainda afirmou que isso não é um processo de transformação do clube em SAF, mas comparou o modelo com o que existe em outros clubes no Brasileirão, afirmando que o modelo de investimento do Tricolor paulista é inédito, mas afirmando que ainda não há prazo para assinatura do acordo.
“Se você pegar as SAFs que temos por aí, como Vasco, Botafogo, Cruzeiro, e colocar os valores com SAF com venda de patrimônio… esse acordo operacional não é uma venda. Hoje mudou um pouco. Falamos do Marinakis. Mas hoje temos um FIP, onde vai poder que venha um Marinakis com o tamanho do dinheiro dele em vista. E o José, da torcida, ele também vai poder fazer o investimento. Achamos que é mais inteligente ter um fundo e ter investidores, que podem ser desde donos de clubes a até nós torcedores de arquibancada. E isso com regulamento na bolsa de valores”, apontou.
“Isso é inédito. Não tem data para aprovação. Foi aprovado no conselho da administração por unanimidade. E eu vou fazer reuniões para esclarecer dúvidas. Não tem prazo final. Estamos com tranquilidade. Vamos levar o tempo necessário para esclarecer para todos. O que interessa é o teor do projeto. E o teor do projeto é muito positivo. A Galapagos, que é uma grande empresa, está coordenando isso com a gente. E vamos ter uma competitividade para oferecer mais jogadores dentro do futebol profissional”, acrescentou.
Casares ainda fez questão de negar que o processo esteja sendo postergado para 2026, quando ocorrerão as eleições presidenciais do clube, por um motivo político, explicando que a demora se dá por ser um processo técnico.
“Esse projeto é um projeto técnico. Por isso que fizemos com investidor. Se fosse com grande empresário do futebol, ele pode entrar depois como investidor. Quando você põe a parte técnica, estou levando o projeto para a bolsa de valores. Acabou! Tem regulamento, transparência. Se tem conselheiro que investe lá, é transparente e legítimo. Assim como o torcedor pode fazer”, finalizou.
Em parceria com a Galápagos, a mesma gestora que cuida do seu fundo de investimentos em direitos creditórios (FIDC), a diretoria do São Paulo propõe a criação de um Fundo de Investimento em Participações (FIP) que promete captar ao menos R$ 250 milhões para as categorias de base, podendo chegar a R$ 350 milhões caso o clube atinja metas previamente estabelecidas.
Estes valores, caso o projeto seja aprovado pelo Conselho Deliberativo do clube, serão referentes à compra de 30% das “ações” do fundo e serão pagos pela Galápagos. O Tricolor ficará com 70%. As ações, futuramente, poderão ser compradas por pessoas comuns.
O São Paulo, por determinação do plano de governança montado para o fundo, terá um diretor de vendas e um headscout (espécie de chefe de recrutamento) dedicados exclusivamente à base.
Para sair do papel, porém, o fundo de Cotia precisa ser aprovado pelo Conselho Deliberativo, depois de já ter sido aprovado pelo Conselho de Administração. Ainda não há uma data para o assunto ser votado.