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·07 de novembro de 2025
Da demissão no Guarani ao título histórico na Ponte: Marcelo Fernandes conta os bastidores de 2025

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Chegou como rival, hoje é ídolo. Essa foi a trajetória de Marcelo Fernandes na Ponte Preta. O eterno Menino da Vila furou a bolha ao deixar o cargo de auxiliar no Santos para assumir o Guarani ao começo de 2025 e, meses depois, virou a casaca para se tornar herói na conquista do primeiro título nacional da Macaca.
No dia 25 de outubro de 2025, a sina da Ponte Preta chegou ao fim. Passados mais de 125 anos de sua fundação, a Macaca conquistou seu primeiro título nacional: a Série C do Campeonato Brasileiro. Tudo isso em uma temporada repleta de problemas, tanto dentro quanto fora de campo.
O acesso veio com alguém que há pouco tempo estava no rival. Pouco tempo antes do Derby, no dia 26 de julho, o então comandante do Guarani, Marcelo Fernandes, foi demitido do cargo, muito por uma derrota em casa frente ao Náutico. Menos de 20 dias depois, Marcelo foi anunciado, rodeado de desconfiança, como novo treinador do maior rival: a Ponte Preta.
"Quando o Guarani me ligou eu não quis nem saber, eu vim embora para Campinas. Então, depois de tudo que eu fiz no Bugre, a Ponte me chamou, eu vim correndo mais rápido ainda. Eu não tive receio nenhum, muito pelo contrário, eu tinha muita confiança, acredito muito no meu trabalho. As coisas acontecem sempre quando você faz direito", disse o treinador em entrevista exclusiva para oGol.
Marcelo chegou ao Moisés Lucarelli em um momento sensível da Ponte Preta. O clube devia três meses de salário para seus jogadores, e o acesso, aos poucos, parecia impossível. Coube ao novo comandante reunir forças junto dos jogadores para brigar dentro das quatro linhas para terminar 2025 com o acesso.
"Eu trabalhei muito nesse processo, foi muito desgastante, mas que cada segundo do desgaste valeu muito a pena. A gente ficar em casa vai resolver o quê? O que a gente pode fazer para resolver? A gente pode ganhar os jogos. Os jogadores mais experientes como o Élvis, o Diogo Silva, o Ayrton, foram muito profissionais. Foi um período difícil. Os resultados foram nos dando confiança. Fazíamos por saber que podíamos entrar na história", falou.
"Recebi o convite da Ponte e eles já não ganhavam há três jogos. Depois foi uma história maravilhosa. Assumi faltando três jogos, conseguimos três vitórias e entramos no quadrangular. De 12 pontos fizemos dez e já conseguimos o acesso de cara e ainda sobraram dois jogos", continuou dizendo.
Depois de um empate sem gols contra o Londrina na partida de ida da decisão, a Macaca venceu por 2 a 0 em casa na volta e conquistou a taça. Quando o árbitro Felipe Fernandes de Lima apitou pela última vez no Moisés Lucarelli, o entalado grito de campeão finalmente foi ecoado no lado alvinegro de Campinas. Mesmo com pouco mais de dois meses de Macaca, o comandante sentiu na pele a alegria, como se fosse torcedor desde criança.
"A torcida da Ponte é muito apaixonante. A gente viu o que aconteceu na final, é inesquecível na minha vida. Tinha torcedor de 100 anos no campo, tinha bebê de colo. Muitos falando que meu pai não viu, meu avô não viu e eu vi, então não teve preço. Foi mágico. A torcida do jeito que estava, aquela invasão de campo, eu não recebi troféu e medalha, mas valeu muito ver aquela euforia", completou.
Antes de fazer história pela Ponte Preta, Marcelo Fernandes foi treinador do Guarani. Depois de um péssimo começo de Série C com Maurício Souza, o telefone do hoje comandante rival tocou. Foi no Bugre que o treinador "furou a bolha" ao deixar o cargo de auxiliar no Santos para assumir como treinador principal, no começo da terceira divisão.
"Eu não escolhi o Bugre, o Bugre me escolheu. Eles me ligaram, eu não pensei duas vezes, eu não queria nem saber quanto eu ia ganhar. Foi a oportunidade da minha vida. O Guarani tinha três jogos e três derrotas na Série C. Chegaram algumas contratações, eu fiz 11 jogos no Guarani e conseguimos 16 pontos, deixamos eles a dois pontos da classificação. Só que, como é o futebol, eles acharam por bem me desligar, queriam trazer um outro profissional. A gente tem que entender", disse.
O "bombeiro" Marcelo Fernandes, então, trocou o Brinco de Ouro pelo Moisés Lucarelli, e teve de apagar outro incêndio ao chegar no lado alvinegro de Campinas. Conseguiu e, com o acesso já garantido, veio a chance de castigar o Guarani, no último jogo do quadrangular final. Um gostinho especial para os torcedores alvinegros de Campinas.
"O último jogo era um Derby, só que se o Guarani ganhasse dentro do Moisés, ele não só ele subiria, como também pegaria a vaga nossa da final. A gente chegou muito forte, fizemos outro grande jogo e ganhamos de 2 a 0. Foi maravilhoso", completou Marcelo, sobre a última partida do quadrangular final da Série C, que classificou a Ponte à final e acabou com as chances de acesso do Bugre.
O futuro de Marcelo será no Moisés Lucarelli. Na última quinta-feira (6), o comandante renovou o vínculo para a temporada de 2026. Com a vaga garantida na Série B, o foco já virou o próximo ano, quando a Macaca joga o Paulistão e a segunda divisão. É uma oportunidade única para Marcelo, a de montar um elenco com a sua cara.
"A preparação não acaba nunca. Nós fomos campeões sábado, já acabou, tem que pensar vida nova. O futebol só tem espaço para quem vence. Eu sempre peguei problema. Sai um treinador, você tem que fazer um jogo rápido. E eu nunca sentei com uma diretoria vamos contratar esse ou aquele. Vai ser uma experiência ótima, eu tô esperando muito", confessou.
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