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·14 de março de 2025

De scout a técnico do profissional do Corinthians: Coelho aguarda próximo desafio

Imagem do artigo:De scout a técnico do profissional do Corinthians: Coelho aguarda próximo desafio

O fim da carreira de um jogador de futebol pode significar, como dizem muitos, a "primeira morte" do atleta. Para Dyego Coelho, ex-lateral de Corinthians, Atlético Mineiro e Bahia, foi, na verdade, um renascimento.

Coelho encerrou a carreira ainda aos 31 anos. "Por negligência de quando era jovem, porque não me cuidei quando era para ter cuidado". Coelho sofreu com lesões e teve de pendurar as chuteiras. Mas já tinha uma coisa em mente desde muito cedo: ser técnico de futebol. "Eu falo que joguei futebol para ser treinador".


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Em conversa com a reportagem de oGol, o ex-lateral conta que desde a base foi sempre de perguntar muito para seus técnicos. "Perguntava até para o que era o remédio que me passavam", brincou.

Dyego Coelho lembra que aprendeu muito de tática com Vanderlei Luxemburgo. "Você perguntava, ele sentava e explicava detalhe por detalhe". Com Carlos Alberto Parreira, entendeu a importância de gestão de grupo. "Nunca ouvi o professor Parreira gritar, mas ele tinha o dom da voz. Tinha uma tática simples, que funcionava muito bem", lembrou.

"Os caras acreditavam na palavra dele. Se ele pedisse para a gente dar uma cambalhota, a gente dava", brincou Coelho. Outro que ganhou Coelho pela palavra foi Levir Culpi: "foi o primeiro que perguntou como eu estava fora do campo".

O tempo como jogador, em elencos com muita personalidade e vestiários difíceis de serem geridos, deu muita experiência para Coelho (clique aqui para ler mais sobre a trajetória do lateral). Quando encerrou a carreira, foi chamado por Andrés Sánchez para ser auxiliar técnico da equipe principal. Mas preferiu dar dois passos atrás. "Não quis pular etapas, precisava saber como funcionava uma comissão".

De scout a técnico do profissional

O primeiro trabalho fora de campo de Coelho no Corinthians foi como scout, ou olheiro. Dentre os jogadores que ele indicou ao Timão, criando relatórios para a comissão técnica da base, estavam João Victor, que acabou mesmo indo para o clube, e Richarlison, hoje no Tottenham.

"Alguns jogadores que eu mapeei, até foram meus jogadores. Caso do João Victor, que hoje está no Vasco. Outro que queria trazer era o Richarlison, que está no Tottenham, estava no América. Tinha um valor, se não me engano de 500 mil, algo assim, e o Corinthians não tinha dinheiro, e não conseguimos levar. Já o João Victor, conseguimos", recordou.

Coelho vê Richarlison como um jogador "com a cara do Corinthians. Dois jogadores que vejo com a cara do Corinthians e não jogaram lá: Luís Fabiano e Richarlison".

Depois do trabalho como scout, Coelho passou ainda pelo Flamengo, de Guarulhos, na base, como auxiliar técnico. Em seguida, foi para a base do Corinthians primeiro como auxiliar, até virar treinador. Durante muito tempo, trabalhou com Osmar Loss, com quem aprendeu muito. "Muita coisa que faço é que aprendi com ele, de organização, de treino".

Em seguida, assumiu o lugar de Loss e, como técnico da base corintiana, garantiu que o principal objetivo nunca foram os títulos.

"A gente não dava muita importância aos títulos. Era formar o atleta. O grande desafio era fazer aqueles meninos, que tinham problemas em casa, uma série de questões, chegar ao profissional do Corinthians", defendeu.

Coelho cita como revelações do trabalho Pedrinho, Roni, Xavier, João Victor, Raul (Gustavo), Piton, Adson, Mantuan, Carlos Augusto. Hoje no Vasco, Piton, inclusive, esteve perto de ser mandado embora do Corinthians.

"O Piton jogava de atacante, só que ele sempre foi jogador de futsal, dos melhores, no sub-20 era chamado para a seleção de futsal. Quando ele sobe no sub-20 do Corinthians, todo mundo falou que era para mandar embora, que não tinha velocidade para ser atacante. Falei para deixar comigo, porque o Carlos Augusto logo ia subir, um fenômeno, e eu queria ver se colocava ele (Piton na lateral). Ele me perguntou o motivo, eu falei: "Porque você joga futsal, e o lateral joga sempre apertado. Você tem recurso para sair, acho que você vai se dar bem na lateral'. E foi perfeito", contou.

O grande orgulho do trabalho de Coelho na base foi o desenvolvimento desses jogadores. O tempo de base fez Coelho desenvolver, também, uma visão crítica de como formamos atletas no Brasil, principalmente os camisas 10, tão em falta no nosso futebol hoje em dia.

"A base tá preocupada mais em ganhar título. Eu sou a favor do 10, de um Ganso, de um Lucas Lima, de um Oscar, Rivaldo... Na base, você quer, hoje, força, transições... Os times não querem ficar com a bola, dar pro camisa 10 dar uma 'pifada', igual o Douglas fazia para o Ronaldo no Corinthians. A base não quer mais. Aí você faz o quê: se o 10 tem um pouco mais de velocidade, você leva ele para o lado. Aí fica em 4-4-2 com duas linhas, 4-3-3 com dois pontas. Mas e o 10? A base é muita força, resultados imediatos, jogadores com características do treinador, e não do jogador. A base tem que rever isso, não é normal a gente não ter camisa 10", começou por refletir.

"Como você tem um Jadson no elenco e não usa... A base é a grande culpada. Quem está comandando a base tem que entender que o objetivo é formar jogador, e não ganhar título. Parar com isso de transição, força... Tive Rodrigo Figueiredo na base, Adson, do Vasco, colocaram para o lado, Vitinho, que está em Portugal, colocaram para atacante, Mantuan, era 10, colocaram de atacante de beirada...", completou.

Depois que deixou a base do Timão, Dyego Coelho fez parte da comissão técnica permanente no profissional e dirigiu a equipe principal em algumas ocasiões entre 2019 e 2020.

"Aprendi muita coisa, principalmente de contato com jogador. Principalmente tato com jogador, a maneira de cobrar o jogador, de dar uma bronca. Porque eles não aceitam muito, o cara ganha milhões, não quer tomar esporro de interino. Então você tem de levar para sala, conversar. É difícil gerir", comentou.

Experiência em Portugal e novos projetos

Mais recentemente, Coelho passou quase dois anos no time sub-23 do Portimonense, em Portugal. Não chegou ao profissional por falta da licença da Uefa. Por isso, deu um tempo na carreira e, embora já fale com equipes sobre um novo projeto, quer usar 2025 para estudar.

"Quero procurar um projeto aqui, que dê tempo para a gente se preparar para um Estadual do ano que vem, e dar tempo de a gente estudar e se preparar. Questão de línguas e também terminar a licença da Uefa. Preciso de um projeto assim, em poucas semanas acho que a gente consegue fechar um projeto, para ter essa situação para conseguir fazer esses estudos", projetou.

O grande sonho da carreira como técnico, se não foi como jogador, é treinar em uma grande liga da Europa. Algo para que Coelho se prepara e não tem dúvidas de que vai alcançar.

"É um sonho que os treinadores brasileiros precisam ter mais. A gente precisa ter mais treinador brasileiro lá fora, temos poucos nas grandes competições. Se preparando da maneira correta, sem pular etapa, esse sonho pode ser realizado. Quero realizar esse sonho. O futebol europeu te traz muito conhecimento, então fazer parte disso é importante. É algo que a gente precisa ter como meta, e eu tenho", finalizou.

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