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·20 de outubro de 2025
Desinvestimento do Flamengo no Futebol Feminino: pensando fora de redes sociais

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·20 de outubro de 2025


Nos últimos dias, o Flamengo anunciou o que parece ser uma onda de desinvestimento no seu time de futebol feminino. Rapidamente, isso gerou revolta nas redes sociais, e o Twitter explodiu de críticas das mais variadas à decisão da diretoria. Não é a primeira vez que isso ocorre; já houve o caso das jogadoras que viajaram de ônibus e, de tempos em tempos, a reivindicação de que elas joguem no Maracanã reaparece.
De um lado, estão aqueles que querem uma espécie de subsídio para o avanço da modalidade; de outro, os que demonstram que essa é uma máquina de déficit. Embora eu tenha minha posição firmada, não pretendo fazer deste texto parte dessa briga interminável que, ao final, é ideológica.
A ideia aqui é demonstrar por A+B que a decisão é acertada e necessária e - ao contrário do que as redes sociais gostam de bradar - em nada tem a ver com um plano machista e misógino de brecar a modalidade.
Alguns argumentos saltam aos olhos, e vou começar abordando-os.
Esse problema de entendimento é antigo. Sim, o Flamengo tem receita acima do bilhão há alguns anos. Isso não significa que sobre dinheiro, nem que o Flamengo sequer toque nesse dinheiro integralmente. Há valores - como os de bilheteria - que são repassados sem sequer tocar na conta do clube. Há valor de premiação que é destinado aos jogadores.
Faturamento bilionário é diferente de dinheiro sobrando, porque, para fazer esse faturamento acontecer, você precisa de uma operação com despesas também bilionárias.
Isso é uma verdade, e ninguém mais do que eu critiquei a esse respeito. O salário do zagueiro Pablo foi levantado muitas vezes como exemplo de valor jogado fora. E eu vou além: os valores gastos em atletas como De La Cruz e Allan são exemplos de contratações que alertei para o absurdo financeiro, mesmo antes de se tornarem desastres esportivos.
Mas todas essas são obrigações passadas assumidas. Não há como desfazê-las. O que se pode fazer é não contratar novos "Pablos", "De La Cruz's" e "Allans". E isso não significa que não se possa cortar onde é possível. E esse é o caso do futebol feminino.
Poucos clubes no mundo têm tanta arrecadação quanto o Manchester United. Apesar disso, por decisões equivocadas, o clube se viu com sérios problemas de fluxo de caixa. Isso fez com que seu novo dono chegasse tomando medidas muito impopulares.
Demissões em massa, fim de doações a entidades beneficentes, corte do valor mensal pago a Sir Alex Ferguson - maior nome da história do clube - e até o fim da refeição diária dada aos funcionários foram algumas das medidas adotadas.
As reclamações eram parecidas com as daqui. O clube gasta milhões de forma errada enquanto tira dinheiro de quem pouco tem. Protestos e revolta contra a diretoria, bem parecidos com o que se diz aqui.
Perguntado sobre isso, o novo dono disse a frase: "Meus pais me ensinaram a cuidar dos centavos, porque os milhões cuidam de si mesmos". Com isso, quis dizer que as pequenas economias importam.
Meses depois, noticiou-se que as decisões do empresário foram determinantes para que o clube tivesse fôlego financeiro para a contratação de Benjamin Sesko, promissor centroavante esloveno. Esses "centavos" se mostraram cruciais.
A resposta é simples: sim. Recentemente, Bap trouxe os novos planos para o estádio. Nele, o clube precisa começar poupando pelo menos R$ 10 milhões por mês. O clube que antes podia e devia gastar tudo o que tinha no funcionamento da sua operação, agora terá que gerar superávit mensal para poupar para o estádio. Em certo sentido, o clube passa a ter que ser gerido de forma empresarial, dando "lucro".
E é aí que os "centavos contam". É aí que você precisa aumentar receita (como o novo contrato com a Betano, diminuir o prejuízo com a LIBRA, matchday) e diminuir despesas. Essas despesas ou serão no core do negócio, ou serão várias pequenas coisas deficitárias. É o caso do futebol feminino do Flamengo.
Ao contrário do que parece, ter dinheiro não te dá a possibilidade de fazer tudo. Projetos grandes exigem grandes sacrifícios. De algum lugar o dinheiro tem que sair. E essas decisões empresariais são o que altos dirigentes precisam tomar. Esse é o papel do Presidente do Clube de Regatas do Flamengo. Não é do Twitter.
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