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·03 de dezembro de 2021

Destranquem o portão, a Cachorrada venceu

Imagem do artigo:Destranquem o portão, a Cachorrada venceu

Duramente atacado em seu íntimo, através de curvas sinuosas e traiçoeiras a rota do sol iluminou o que era noite.

Por debaixo dos escombros, o atleticano recebia mensagens de um futuro bom, mas no meio do caminho havia muita pedra e o peso da história que lhe fora atrasada sobre sua cabeça. A dor do sofrimento gerou gente com raízes muito profundas e um povo que insistia em viver. Mesmo sem ver o horizonte aberto, havia fé na sua grandeza, bem além do horizonte.


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Durante muito tempo, algozes ganharam notoriedade na mediocridade, na significância famigerada e desgraçada dos seus “feitos”. Eles riram como hienas achando que iam medir em taças o que havia ali naquela gente. Mas eles não serão aqui nominados, são tão desgraçados e desprovidos de luz, mas serão assim, ofuscados pelo ostracismo. Eles trapacearam em favor do sistema, zombaram e ainda zombam. Mas eles não afugentaram o Galo do depois do depois, o Galo do improvável. Não conseguiram destruir com taças e matéria a plenitude de existir somente por existir. Claro, formaram gente revoltada, marcada, surrada, mas tenaz e cortês na sua própria dor.

Mais uma vez, eles não entendiam o motivo de aplausos em “derrotas”, se embasbacavam porque havia tanto sorriso pela simples honra, pelo preto e branco que persistia em sair limpo do campo de batalha dos imundos.

Pois bem! Hoje, eles acham que o atleticano do escombro saiu para viver o que muitos já viveram, mas nunca entenderão que o sorriso do atleticano é pleno, sem mácula, sem veneno. É um trem de mineiro, aberto, com ofertas de pão de queijo e liberdade. Uma vida de quem costurou com uma bola, uma bandeira na sua verdade.

Preso às ferragens, olhando fotos dos filhos amados, o pulso pulsou na fé até que o socorro chegou. Uma turma de heróis apareceu. Hulk ergueu os braços com punhos ao alto e usou o poder do Rei. De longo, o tempo se tornou breve, brisa e leve.

Quando Vicente Motta, no hino, se orgulha de ser Campeão do Gelo é porque não era um título, era uma ação diplomática, em Guerra Fria, mas com o calor mineiro da igualdade. Era o Galo honrando Minas numa Europa em reconstrução pós-guerra.

O Atlético vibra em outra frequência. Hoje, a narração dos gols revive o passado, construindo uma nova casa em plena pandemia, relembrando Reinaldo injustiçado e Silvestre assombrado. A glória de Dario se tornou mais suave através dos gols heroicos de Keno, aquele que por pouco quase seria esquecido no elenco.

Mas os ventos da justiça não queriam a taça sem a Massa, sem calor ou com ruas vazias, sem comunhão e sem procissão. Deus preparou o caminho. Na verdade, hoje, todas as canções falam desse amor, dessa luz de bateria de carro velho que quase se apagou, de um tchau ao sucesso ou de uma dúvida, do “se” ia dar certo e daquele que duvidada ou hesitava em saborear, por dizer: “sou calejado, já sofri demais, já sofri pra cachorro”.

Enfim, Minas teve noite mas era dia, era dia … Os retratos dos atleticanos do céu, domingo estarão nas mãos dos terrenos, serão erguidos ao alto, junto à taça. Não será uma disputa por quantidade de estrelas ou troféus, será uma oferenda em gratidão a quem deixou o legado muito simples e descrito de forma singular, pelo amigo, embaixador do Galo, Luizinho Aquino:

Ser Galo é bom demais!

Preso às ferragens o pulso pulsou e o Galo sobreviveu pela fé. A cachorrada resgatou seu dono, que chegou na porta de casa, mas não estava machucado. O dono destrancou o portão cheio de presentes e a cachorrada tá solta, lambendo sua existência. A taça é um descarrego da alma, um alívio da justiça divina

A cachorrada que já esteve no buraco, está desgovernada e, mais uma vez, explorando o Luizinho:

“Ser Galo é bom demais”. Por favor, destranque o portão do seu coração.

Galo, som, sol e sal é fundamental!

*As opiniões contidas nesta coluna não refletem necessariamente a opinião do site Jogada10.

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