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·02 de dezembro de 2025
Dívida do Corinthians supera crise da Grécia diante de rombo de R$ 2,7 bilhões

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·02 de dezembro de 2025

O Corinthians vai iniciar 2026 em meio ao maior desequilíbrio financeiro de sua trajetória recente. A dívida consolidada ultrapassa R$ 2,7 bilhões, com crescimento relevante em compromissos tributários, bancários e cíveis. O cenário mostra um endividamento que se tornou estrutural e que pressiona o caixa do clube.
O aumento do passivo ocorre ao mesmo tempo em que a capacidade de geração de superávit permanece limitada. Mesmo com receitas altas provenientes de televisão, patrocínios e bilheteria, o clube vem acumulando déficits sucessivos. A diferença entre despesas e receitas impede a redução da dívida e acentua a necessidade de reorganização financeira.
Apesar de possuir uma das maiores torcidas do país e forte potencial de arrecadação, o Corinthians convive com uma curva de endividamento crescente. A falta de equilíbrio fiscal torna o planejamento de longo prazo mais restrito, impactando desde o departamento de futebol até operações administrativas.
A dívida total do Corinthians já supera R$ 2,7 bilhões, valor equivalente a cerca de 2,7 vezes a receita anual, estimada em pouco mais de R$ 1 bilhão. Em termos macroeconômicos, seria como um país com dívida pública de 270% do PIB.
Em 2012, durante a crise europeia, a Grécia atingiu 170% e precisou recorrer a apoio externo para se manter estável. O Corinthians não dispõe desse tipo de suporte e depende exclusivamente de ajustes internos.
Dados da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional mostram que a dívida do Corinthians com a União subiu de R$ 181,7 milhões para R$ 580,1 milhões em um ano. Do total, R$ 479,3 milhões correspondem a débitos tributários, R$ 85,2 milhões a pendências previdenciárias e R$ 15,6 milhões a valores relacionados ao FGTS. Alguns processos recentes somam cerca de R$ 30 milhões em cobrança.
Em comparação com outros clubes paulistas, a diferença é significativa. O Palmeiras tem R$ 10,6 milhões inscritos em dívida ativa, o São Paulo possui R$ 3,2 milhões e o Santos R$ 1,3 milhão. Os valores evidenciam que o Corinthians concentra o maior passivo do estado nesse tipo de compromisso.
Além dos débitos com o governo, o Corinthians deve aproximadamente R$ 675 milhões à Caixa pelo financiamento da Neo Química Arena. No Regime Centralizado de Execuções (RCE), o clube tenta negociar R$ 367 milhões.
Com passivos trabalhistas, cíveis e bancários adicionais, o endividamento consolidado supera R$ 2,7 bilhões. Esse conjunto de obrigações limita investimentos, reduz flexibilidade orçamentária e amplia o impacto de juros e correções monetárias.
Mesmo com forte capacidade de arrecadação, o Corinthians não tem conseguido gerar superávit. Só o departamento de futebol registrou despesas superiores a R$ 760 milhões no último exercício.
Aplicando parâmetros utilizados em economias altamente endividadas, o clube precisaria produzir superávits anuais próximos de R$ 370 milhões por dez anos para estabilizar sua trajetória, algo distante do desempenho atual.
Para tentar aliviar parte dessa pressão, o clube apresentou à Caixa Econômica Federal propostas para quitar a dívida de R$ 670 milhões relacionada ao estádio. Entre as possibilidades discutidas está a mudança dos naming rights da arena, atualmente sob a Neo Química, da Hypera Pharma.
A troca do patrocinador que dá nome ao estádio foi colocada na mesa como alternativa para viabilizar um acordo e reduzir o endividamento, mas mesmo uma negociação bem-sucedida não seria suficiente para compensar a ausência de superávits permanentes.
O Flamengo apresenta um cenário oposto. Com dívida de R$ 327 milhões e receita de R$ 1,3 bilhão, a relação entre dívida e arrecadação é de 0,25 vez.
O clube carioca passou por um processo de reestruturação financeira prolongado e hoje mantém controle rígido de despesas, além de ampliar receitas de forma consistente.
O Corinthians enfrenta um quadro que exige revisão administrativa. Especialistas apontam que a solução passa por controle de gastos, renegociação de dívidas e implementação de práticas de gestão mais rigorosas.
Sem uma política fiscal interna estável, o clube tende a manter uma trajetória de crescimento do passivo e restrições operacionais que dificultam sua competitividade e planejamento.









































