Trivela
·23 de dezembro de 2021
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Um dos times mais tradicionais da Sicília, o Catania é mais um clube italiano que precisará se reconstruir após declarar falência. A bancarrota dos Elefantes foi confirmada nesta quarta-feira, por conta de uma dívida avaliada em €56 milhões. As autoridades locais recusaram a proposta de recuperação oferecida pelos dirigentes da equipe, atualmente na Serie C. Os sicilianos poderão terminar a temporada na terceira divisão, sob as ordens de três interventores (dois contadores e um advogado), mas devem ter que se reconstruir na Serie D a partir da próxima temporada. É um processo longo, que nem sempre costuma guardar histórias tão bem sucedidas, como a do Parma recentemente.
Com origens ainda no início do Século XX, o Catania foi fundado em 1929, mas militou entre a Serie B e a Serie C nestes primeiros anos. Refundados ao final da Segunda Guerra Mundial, os Elefantes viveram o seu primeiro período de destaque nos anos 1950, quando conquistaram o acesso inédito para a Serie A, mas acabaram rebaixados logo no primeiro ano por problemas financeiros. O retorno à elite se daria em 1960/61, com um período de seis anos consecutivos na primeira divisão. Entre os destaques da equipe estava o brasileiro Chinesinho. Os sicilianos chegaram a registrar um honroso oitavo lugar em três campanhas, mas acabaram rebaixados em 1965/66.
O Catania teve um breve retorno à Serie A em 1970/71, mas caiu de imediato e logo retrocedeu para a Serie C. O novo período de destaque aconteceu em 1983/84, quando os Elefantes mais uma vez tiveram uma aparição rápida pela Serie A. Foram tempos de apostas em outros brasileiros, Luvanor e Pedrinho Vicençote, enquanto o veterano Claudio Ranieri ainda era uma das referências em campo. Porém, durante o período áureo do Calcio, os sicilianos frequentaram por mais tempo a Serie B e a Serie C1, até que falissem a primeira vez em 1993. A reconstrução se deu a partir da sexta divisão, com uma guinada a partir da virada do século que garantiu a volta à Serie A depois de 22 anos. Seria o período mais estável na elite.
De 2006/07 a 2013/14, o Catania se manteve como um time de meio de tabela na Serie A. Os Elefantes chegaram até a registrar um novo oitavo lugar, mas o costume era fugir do rebaixamento. Nomes importantes passaram pela Sicília nesta época. A lista de ídolos inclui Giuseppe Mascara, Francesco Lodi, Marco Biagianti, Juan Manuel Vargas, Papu Gómez, Mariano Andújar, Maxi López e Gonzalo Bergessio. Já na beira do campo os sicilianos foram dirigidos por Walter Zenga, Sinisa Mihajlovic, Diego Simeone e Vincenzo Montella, entre outros. Todavia, depois de oito anos consecutivos na elite, o Catania terminou na antepenúltima posição em 2013/14 e amargou novo descenso.
Em 2014/15, a situação se complicou quando membros do clube admitiram manipulação de resultados e o Catania acabou rebaixado à Serie C. Desde então, os Elefantes se restringiram à terceira divisão, sem mais buscar o acesso. Já em janeiro de 2021, diante da situação falimentar de seus donos, o clube até mudou de mãos. Nada que tenha abrandado a crise e as dívidas. A falência é um retrato melancólico da maneira como os sicilianos encolheram ao longo desses últimos sete anos.
A quebra do Catania não é inédita entre os clubes da Sicília. Pelo contrário, as outras duas principais forças regionais passaram por problemas parecidos nos últimos anos: o Palermo precisou conquistar o acesso na Serie D em 2019/20, após decretar falência, enquanto o Messina também reiniciou na quarta divisão e subiu em 2020/21. O trio disputa o Grupo C da atual terceira divisão. O Catania fazia uma campanha de meio de tabela, enquanto o Messina corre risco de rebaixamento e o Palermo é o único que ronda a zona do acesso – mas já distante da primeira colocação, que dará vaga direta na Serie B. A liderança é do Bari, outro time tradicional do sul da Itália que faliu recentemente.
O Catania ainda poderá recorrer durante os próximos 30 dias e procurar um novo comprador que assuma a dívida – segundo a imprensa local, um empresário romano estaria interessado. A tendência, no entanto, é que o clube encerre suas atividades e os direitos históricos sejam repassados à prefeitura, que buscará novos donos a partir de 2022/23. Será o reinício da caminhada dos Elefantes em busca de uma relevância que, mesmo recente, já parece tão distante.