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·11 de outubro de 2024

Dorival deixa claro plano, mas dinâmicas não funcionam e Brasil vence 'na marra'

Imagem do artigo:Dorival deixa claro plano, mas dinâmicas não funcionam e Brasil vence 'na marra'

O Brasil venceu o Chile, em Santiago, por 2 a 1. Mostrou uma cara com Dorival Júnior, com algumas características clássicas do treinador: lateral construtor, alas para dar amplitude, superioridade numérica no corredor central. Sofreu em diversos momentos da partida: teve muita dificuldade para superar um rival com linhas baixas. E contou, no fim, com a fragilidade de um adversário também em crise e com o brilho individual de algumas peças. Mas venceu (na marra).

Dorival agora terá um pouco mais de tranquilidade. A chance de, enfim, conseguir uma sequência de vitórias para respirar e, principalmente, para trabalhar com um grupo um pouco mais leve. Trabalhar, e muito. É o que precisa a seleção...


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3-2-4-1: estratégia clara, mas faltaram aproximações

O jogo começou com desconcentração e descompactação para o time de Dorival Júnior. O Chile atraiu pelo meio, e deixou o corredor livre para Loyola. O lateral não foi acompanhado nem por Rodrygo, nem por André, que foram dar combate no corredor central. Abner não percebeu, e seguiu a linha defensiva na área. Cruzamento com liberdade. Mesma liberdade que teve Eduardo Vargas, nas costas de Danilo, para marcar de cabeça. Vargas, de 1,74m.

O Brasil se mostrou tenso a partir de então. A bola queimou no pé. Aos poucos, o time tentou colocar a cabeça no lugar. Teve a bola, para buscar uma saída 3+2, com Danilo entre os zagueiros, Paquetá e André como opções de passe no corredor central.  Abner deu amplitude na canhota, Savinho na direita.

Quando evoluía no campo, a seleção se apresentava em uma espécie de 3-2-4-1. Raphinha e Rodrygo jogavam por dentro, atrás de Igor Jesus, deixando o ataque a profundidade com Abner de um lado, e Savinho do outro.

A estratégia estava bem clara. Fazia sentido. Mas não funcionava. Na direita, Savinho e Raphinha "bateram cabeça" em alguns momentos. Tanto para se achar em campo, quando na hora de atacar o espaço, às vezes atacando o mesmo.

Faltavam apoios, eram criadas poucas linhas de passe próximas do portador no último terço. Savinho e Abner ficavam quase sempre isolados, sem oportunidade de triangulações. O Chile conseguia sempre superioridade numérica nos corredores laterais.

Eventualmente, Paquetá tentava quebrar as linhas com um passe mais vertical de trás procurando Raphinha ou Rodrygo, por dentro. Nenhuma jogada progrediu assim.

O empate saiu de um passe vertical de Danilo para Savinho, que dessa vez ganhou do marcador, que reclamou de "cama de gato", e cruzou para Igor Jesus desviar. Um pouco menos de tensão para o segundo tempo...

Desequilíbrio, no fim, individual

Dorival Júnior já voltou do intervalo com duas modificações: trocou a dupla de meias - Paquetá e André por Gerson e Bruno Guimarães. A estratégia continuou a mesma, mas dessa vez com mais espaço para atacar as costas da marcação. A circulação de bola, através dos meias, foi mais rápida.

O Chile, que afundou na defesa com o gol cedo, teve de sair mais para o jogo. Adotou uma pressão alta, e tentou trocar mais passes. Enfim, o Brasil conseguiu criar superioridade numérica no último terço.

Igor Jesus teve uma movimentação diferente, também. Com a defesa rival mais alta, o atacante recuou mais vezes, seja para fazer o pivô ou para dar um passe rápido para as infiltrações de Raphinha e Rodrygo, que tinham espaço para atacar nas costas. Raphinha teve gol anulado assim, por estar um pouco adiantado.

A dinâmica não mudou muito com a entrada de Luiz Henrique na vaga de Savinho. Só que o Brasil voltou a ter dificuldades quando os chilenos abaixaram as linhas novamente. Com Endrick na vaga de Igor Jesus, já para os 15 minutos finais, o time perdeu um pouco da capacidade de retenção de bola na frente e de pivô.

Nos minutos finais, Gabriel Martinelli entrou no lugar de Abner como ala pela esquerda. A linha de três zagueiros ficou mais fixa. Era a busca por força no 1 contra 1. Restou o desequilíbrio no individual. De Luiz Henrique. Em noite alvinegra da Canarinho.

O Brasil teve uma estratégia clara. E manteve o plano. Mesmo quando ele deu errado. Venceu, para aliviar um pouco a pressão. Embora ainda com muito a evoluir.

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