Zerozero
·14 de novembro de 2025
Eis a única equipa em Portugal só com vitórias e sem golos sofridos: «Não estávamos à espera disto»

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·14 de novembro de 2025

As pausas para os compromissos internacionais de seleções são sempre alturas propícias a análises e balanços mais aprofundados, num cenário que (permita-nos a imodéstia, caro leitor) combina na perfeição com o zerozero.
Mergulhando na nossa vasta base de dados, um aspeto mereceu especial atenção da nossa parte: sendo certo que há três equipas (CF Caniçal, Santa Clara B e Montalegre) (no futebol sénior masculino) que ainda não sofreram qualquer golo na temporada 2025/26, apenas uma delas (curiosamente, a que tem mais jogos disputados) concilia este dado com o registo de ter vencido todas as partidas que realizou até ao momento: o Montalegre.
Com isto em mente, 'viajámos' até à região do Alto Tâmega para conversarmos com José Manuel Viage, treinador que comanda o atual líder da Divisão de Honra da AF Vila Real.
«Mister, para começar gostávamos de lhe perguntar: tinha conhecimento deste registo estatístico da sua equipa?»
A abordagem inicial ao treinador José Manuel Viage foi esta, sendo que a resposta não podia ser mais sincera. «Não estava a par. Sabia que havia mais equipas que não tinham perdido e até que só tinham ganho, mas não estava a acompanhar a questão dos golos sofridos. Sabia que, com o passar das jornadas, era possível que isso acontecesse se mantivéssemos este registo. Assim aconteceu e, de forma natural, estamos bastante satisfeitos», começou por dizer o técnico, atualmente com 54 anos.
Neste momento, os barrosões lideram o campeonato com 27 pontos conquistados, fruto de nove triunfos em nove jogos disputados. A isto somam-se ainda 33 golos marcados e zero sofridos. Um marca que impressiona e que surpreende até os elementos que compõem o clube.
Assumindo que a equipa estava com «boas expectativas» antes do começo do campeonato e que o plantel «tem trabalhado muito», José Manuel Viage não escondeu, ainda assim, que está surpreendido com este arranque:
«Não estávamos à espera disto, mas as coisas foram andando. Aqui e ali também tivemos uma pontinha de sorte- misturada com saber- porque o Dani defendeu uma grande penalidade em Valpaços, por exemplo. Temos tido a estrelinha a acompanhar-nos, mas as coisas estão a acontecer com naturalidade e há muito mérito dos jogadores.»
Já percebemos que passar tantos jogos sem sofrer golos não era objetivo estabelecido à priori... mas agora passou a ser?
«Os jogadores já começam a ter na cabeça isto de mantermos a baliza a zeros, até já lhes disse que não sei até que ponto sofrermos o primeiro golo nos vai abalar. Aliás, o que nos está a acontecer agora é que marcamos dois/três golos e depois o subconsciente começa a travar-nos um pouco. Começamos a ter mais cuidado do ponto de vista defensiva e arriscamos menos ofensivamente. De forma inconsciente isso acontece comigo e com os jogadores», considerou o treinador.
Vincando que não há qualquer tipo de 'prémio' prometido à equipa caso este registo tenha continuidade, isto na medida em que não quer criar «muito ruído» à volta desta situação, José Manuel Viage vincou que «não virá mal nenhum ao mundo» se o Montalegre sofrer um golo: «Não quero meter um sobrecarga na equipa.»
Ainda assim, há um dado ao qual é impossível fugir: o Montalegre, clube que desceu do Campeonato de Portugal às competições distritais há duas épocas, segue na liderança da Divisão de Honra com três pontos de avanço sobre o Régua.
De forma natural, o grupo de trabalho está ciente do que tem vindo a fazer.
«Ninguém ganha campeonatos com nove/dez jornadas, temos um longo caminho pela frente. Até aqui temos sido melhores do que os adversários, mas o campeonato é uma maratona. Há quatro/cinco equipas que dificilmente perdem pontos e nós temos a ilusão de podermos chegar na frente. É certo que há outros clubes com esse objetivo, mas vamos ver o que acontece. Uma coisa é certa, não nos vamos pôr em bicos de pés só porque as coisas estão a correr bem até aqui», frisou.
Falar com José Manuel Viage é falar com uma parte bastante significativa da história do Montalegre.
Depois de ter começado e terminado a sua carreira como jogador ao serviço dos bravos do Barroso, o ex-médio está agora na 15ª época (!) como treinador do clube. Aliás, olhando para a carreira do técnico, só por uma época é que este não orientou a equipa da sua localidade (em 2024/25 orientou o Régua).
Com este dados em cima da mesa, o regresso a casa no início da época 2025/26 aconteceu com naturalidade.
«Eu tive outras propostas no início da época, mas o que me fez voltar ao Montalegre foi a paixão que sinto pelo clube. Não é que quando estou noutros clubes não dê tudo de mim, mas aqui é diferente. Percebi que o Montalegre necessitava que eu voltasse pela paixão e pelo conhecimento que tenho em relação ao clube. Já tenho alguns anos de casa e vou fazer tudo o que estiver ao meu alcance para voltar a pôr o Montalegre noutro patamar», rematou.
O próximo desafio do Montalegre é já neste domingo, frente ao Vilar de Perdizes. Conseguirá o clube dar sequência a esta série de invencibilidade?









































