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·21 de janeiro de 2025

Em 1978, a poderosa Juventus teve sonho europeu frustrado por um histórico Club Brugge

Imagem do artigo:Em 1978, a poderosa Juventus teve sonho europeu frustrado por um histórico Club Brugge

Houve um tempo em que o futebol de clubes em nível europeu foi marcado por muito equilíbrio. Se na década de 2020 parece absurdo imaginar que times da Bélgica poderiam ser capazes de competir por títulos, durante um período considerável do século passado não foi assim. Pelo contrário, os belgas eram fortes. E, no final dos anos 1970, um grande Club Brugge foi capaz de desbancar uma Juventus cheia de estrelas numa semifinal da Copa dos Campeões, antecessora da Champions League.

Este confronto entre Juventus e Club Brugge, o primeiro entre os clubes, aconteceu em 1977-78. Era um ano de consolidação para a Velha Senhora, que pouco antes tinha dado início ao trabalho de um ainda jovem Giovanni Trapattoni. O técnico ficaria exatamente uma década no comando da equipe bianconera e, logo em sua temporada de estreia, mostrou que faria história: ganhou a Serie A com o recorde de pontos à época e a Copa Uefa, dando um inédito título internacional à gigante de Turim, ainda tímida em torneios continentais.


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Trapattoni tinha à disposição um elenco repleto de craques. O técnico contava com nomes que já tinham rodagem à época, como Dino Zoff, Francesco Morini, Luciano Spinosi, Giuseppe Furino, Antonello Cuccureddu, Romeo Benetti, Franco Causio, Roberto Bettega e Roberto Boninsegna, e outros que se consolidavam profissionalmente e viriam a fazer história, como Gaetano Scirea, Claudio Gentile, Antonio Cabrini, Marco Tardelli, Pietro Fanna e Pietro Paolo Virdis. Até hoje, é reconhecida como uma das melhores equipes já formadas pela Juventus.

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Trapattoni, que levou a Juventus a seu primeiro título internacional, esbarrou no Club Brugge pela Copa dos Campeões (BT Sports Photography/Getty)

Aquela Juve chegava ao confronto com o Club Brugge como líder da Serie A, com uma confortável vantagem de quatro pontos sobre o rival Torino – na época, cada vitória valia apenas dois – e uma mão na taça nacional, que lhe permitiria celebrar o seu 18º scudetto. Podia, portanto, se dedicar quase inteiramente à disputa da Copa dos Campeões.

Em seu caminho europeu, a Juve teve muita tranquilidade nas duas fases iniciais e sequer sofreu gols nelas. Primeiro, enfrentou o Omonia Nicosia, do Chipre, e sapecou um placar agregado de 5 a 0 no adversário; depois, encarou o Glentoran, da Irlanda do Norte, e ampliou a contagem (6 a 0). Ante rivais muito inferiores tecnicamente, a equipe de Trapattoni não foi testada.

Um verdadeiro desafio ocorreria nas quartas, contra um forte Ajax. Embora não fosse o mesmo time com craques do quilate de Johan Cruyff, Johan Neeskens e Ruud Krol, que havia batido a Juve na final de 1973, a formação de Tomislav Ivic era perigosa e vendeu caro a eliminação para a Juventus. Após dois empates por 1 a 1, a decisão foi para os pênaltis e os neerlandeses desperdiçaram suas três cobranças, parando duas vezes em Zoff.

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Bettega marcou no jogo de ida e teve boas chances na volta, mas não as concretizou para a Juventus (BT Sports Photography/Getty)

Nas semifinais, o adversário seria um Club Brugge embalado por um momento de muito sucesso. Sob o comando do austríaco Ernst Happel, os Blauw-Zwart engatavam o primeiro período de glórias de sua história, com sucessivas conquistas do Campeonato Belga e boas participações em torneios continentais: em 1976, perdeu a final da Copa Uefa para o Liverpool e, no ano seguinte, caiu nas quartas da Copa dos Campeões para o Borussia Mönchengladbach.

Aquela equipe do Club Brugge foi a precursora de um período fértil para a Bélgica no futebol mundial. Foi a partir do sucesso do time de Bruges, cidade conhecida como “Veneza do Norte”, que os belgas começaram a chegar com força em finais continentais – além do Anderlecht, maior oponente dos Blauw-Zwart no período, Standard Liège, Mechelen e Royal Antwerp também fariam bonito entre as décadas de 1970 e 1990. Simultaneamente, a seleção emplacou uma geração fortíssima, que chegou a ser vice-campeã da Euro 1980, disputada na Itália, e quarta colocada da Copa do Mundo de 1986, realizada no México.

Na Copa dos Campeões de 1977-78, o Club Brugge iniciou sua trajetória com um tranquilo placar agregado de 9 a 2 sobre o KuPS, da Finlândia, e encarou maiores dificuldades nas duas fases seguintes. Primeiro, suou para fazer 2 a 1 sobre o Panathinaikos, da Grécia, e na sequência encarou o Atlético de Madrid, que havia vencido a edição 1976-77 de La Liga e sido vice europeu em 1974. O triunfo por 2 a 0 na Bélgica permitiu que os Blauw-Zwart se classificassem mesmo com a derrota por 3 a 2 na Espanha.

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Os bianconeri dominaram na Bélgica, mas não conseguiram superar o goleiro Jensen (Arquivo/Juventus FC)

O jogo de ida das semifinais aconteceu na Itália. Como a vaga na decisão seria definida longe de seus domínios, a Juventus teria a responsabilidade de construir um bom resultado em casa e viajar para a Bélgica determinada a segurá-lo, como a equipe de Trapattoni bem sabia fazer, e, assim, manter vivo o sonho de um inédito título da Copa dos Campeões. Até aquele momento, a Velha Senhora havia disputado somente uma final da competição – a de 1973, citada anteriormente, em que foi derrotada pelo Ajax.

Entretanto, os planos da equipe de Trapattoni não deram muito certo. Durante o primeiro tempo, o time de Happel teve sucesso ao montar linhas de impedimento e limitou a Juve, que só ameaçou numa jogada individual de Causio: em tentativa de cruzamento fechado, o ponta acertou a trave. Do outro lado, os belgas obrigaram Zoff a trabalhar num chute de Daniël De Cubber.

No segundo tempo, a Juventus se soltou e melhorou com a entrada de Cabrini no lugar de Furino. Com as investidas do lateral-esquerdo e subidas de Gentile e Scirea, a equipe ficou mais ofensiva e criou oportunidades que terminaram em perigosas finalizações de Bettega e Boninsegna. No finalzinho, o veterano atacante teve um gol mal anulado por impedimento e, em seguida, Bobby Gol, completando uma bela ação que passou por Scirea e Causio, colocou nas redes de carrinho. A Velha Senhora venceu por 1 a 0, mas viria a lamentar pelo lance invalidado. E bem cedo.

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No finalzinho da prorrogação, uma jogada pelo flanco esquerdo foi responsável por mandar a Juve para a lona (RTBF)

Na Bélgica, o Club Brugge abriu o placar com poucos segundos de bola rolando. Aos 3 minutos, René Vandereycken, que jogaria pelo Genoa alguns anos mais tarde, efetuou um lançamento nas costas da zaga italiana e Scirea cometeu um raro erro: hesitou ao cortar a pelota e permitiu que o lateral-direito Fons Bastijns dominasse e batesse na saída de Zoff.

A Juventus não se intimidou com o gol que igualou a eliminatória e dominou a partida, tendo mais posse de bola e criando oportunidades com Bettega e Fanna – o segundo chegou a ficar cara a cara com o goleiro Birger Jensen, mas finalizou em cima dele. Apesar da supremacia no Jan Breydelstadion, a equipe italiana não conseguiu concretizar as suas chances. E pagou caro por isso.

A partida foi para a prorrogação e, no meio do seu segundo tempo, Gentile foi expulso. Com 10, a Juventus acabaria adotando uma postura de uma equipe que preferia que a decisão fosse para os pênaltis e pagou por isso. Aos 116 minutos, o dinamarquês Jan Sørensen recebeu em profundidade pelo flanco canhoto, girou sobre Scirea e cruzou na pequena área, onde Vandereycken apareceu para concluir e mandar os italianos para casa.

Frustrada por mais um quase em nível continental, e principalmente por ter sido melhor em toda a eliminatória, a Juventus teve que se contentar com o scudetto, que estava praticamente garantido – um título que lhe permitiu disputar a Copa dos Campeões novamente, em 1978-79, e ser derrotada logo na primeira fase, pelo Rangers. O Club Brugge também bateu na trave e também ficaram “só” com o campeonato nacional: na final europeia, os belgas foram novamente derrotados pelo Liverpool, seu algoz na Copa Uefa de dois anos antes.

Juventus 1-0 Club Brugge

Juventus: Zoff; Scirea; Gentile, Morini, Cuccureddu; Causio, Furino (Cabrini), Tardelli, Benetti; Boninsegna, Bettega. Técnico: Giovanni Trapattoni. Club Brugge: Jensen; Bastijns, Leekens, De Cubber, Volders; Cools, Courant, Krieger; Vandereycken; Verheecke, Sørensen. Técnico: Ernst Happel. Gol: Bettega (87′) Árbitro: Jean Dubach (Suíça) Local e data: estádio Comunale, Turim (Itália), em 29 de março de 1978

Club Brugge 2-0 Juventus

Club Brugge: Jensen; Bastijns, Leekens (Sanders), Volders; Vandereycken, Cools, Krieger; Sørensen; Verheecke, Lambert (Maes), Simoen. Técnico: Ernst Happel. Juventus: Zoff; Scirea; Gentile, Spinosi, Cabrini; Causio, Cuccureddu, Tardelli (Furino), Benetti, Fanna (Boninsegna); Bettega. Técnico: Giovanni Trapattoni. Gols: Bastijns (3′) e Vandereycken (116′) Cartão vermelho: Gentile Árbitro: Ulf Eriksson (Suécia) Local e data: Jan Breydelstadion, Bruges (Bélgica), em 12 de abril de 1978

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