Trivela
·21 de julho de 2021
Em 2003, Ronaldinho era apresentado para simbolizar a nova ascensão do Barcelona

In partnership with
Yahoo sportsTrivela
·21 de julho de 2021
Originalmente publicado no dia 21 de julho de 2018
Em 2003, faltava algo para que Ronaldinho Gaúcho fosse visto como craque inquestionável. Fizera furor ao surgir no Grêmio e na Seleção Brasileira, em 1999; estava bem no Paris Saint-Germain; já fizera boa Copa de 2002, sendo talvez o melhor em campo no fundamental jogo contra a Inglaterra. Mas faltava algo. Assim como faltava ao Barcelona recuperar calma dentro e fora de campo, após a caótica volta de Louis van Gaal e a traumática saída de Rivaldo. Pois bem: em 21 de julho de 2003, Ronaldinho era apresentado no Camp Nou, marcando o início de um novo auge na história barcelonista – e o período em que se consolidaria, aí sim, como símbolo de seu tempo no futebol mundial.
Não que o gaúcho fosse o único símbolo de mudança no Barcelona, naquela preparação para a temporada 2003/04. Da chegada do técnico Frank Rijkaard à aposta (frustrada) na vinda de Rüstü Reçber para o gol, a gestão de Joan Laporta começava querendo fazer de tudo para provar que o turbulento fim de gestão de Joan Gaspart seria superado. Mas é inegável que Ronaldinho era a cereja do bolo: em rota de colisão com o técnico Luis Fernández no Paris Saint-Germain, desejoso de um clube mais conhecido, o Barça veio na hora certa. Bastou o esforço de Sandro Rosell – na época, diretor-geral do clube e principal parceiro de Joan Laporta antes do rompimento – para que ele aceitasse a transferência, por 25 milhões de euros.
Ronaldinho nem falou muito na época – apenas se declarou ao site oficial da agremiação catalã, comentando sobre o “privilégio” que seria jogar no novo clube e sobre a admiração que tinha por Rijkaard, desde os tempos em que este jogava. Na sua chegada, se uniria a um time ainda experiente, com nomes como Luis Enrique, Phillip Cocu e Patrick Kluivert. E bastou aquela temporada para que a dupla Laporta-Rosell já tivesse ciência de como havia acertado ao quebrar a banca para trazer R10: começavam as atuações assombrosas, fosse criando jogadas, fosse chegando para finalizá-las.
Não era suficiente para fazer a equipe brigar pelo título: o primeiro turno do Campeonato Espanhol mostrou um time patinando no meio da tabela. Para melhorar, a vinda de Edgar Davids, por empréstimo, em janeiro de 2004, aprimorou o time em campo. E a ascensão barcelonista foi admirável: impossível foi tirar o título do Valencia em La Liga, mas aquele segundo lugar já dava a impressão de que dias muito melhores viriam. Para o time, com mais reformulações – por exemplo, o retorno de Cocu para o PSV abriu espaço para um tal de Andrés Iniesta. E para Ronaldinho – que no segundo semestre de 2004 deixou claro: aquele bom começo ainda não havia sido nada, diante do que se veria com ele vestindo azul e grená.
Sobraram provas do êxito daquele casamento. Para o time, com o bicampeonato espanhol e a conquista da segunda Champions League, em 2005/06. E para Ronaldinho: incontáveis atuações de brilho (como esquecer aquela atuação na derrota para o Chelsea, nas oitavas de final da Liga dos Campeões, em 2004/05? E os aplausos no Santiago Bernabéu, após o 3 a 0 no rival, no clássico de La Liga em 2005/06?), as eleições de melhor do mundo segundo a Fifa – equilibrada em 2004, indubitável em 2005 -, a sensação de que ele realmente atuava bem em todas as partidas.
A partir de 2006, lentamente, o “Bruxo” foi deixando o estrelato com um jovem argentino que jogava desde 2005 entre os profissionais. Coube a Lionel Messi simbolizar o auge absoluto do Barcelona, desde aquela reação. No entanto, quem acompanha futebol desde então sabe: os torcedores blaugranas sempre terão gratidão e alegria ao lembrarem aqueles tempos em que um brasileiro mesmerizou usando a camisa 10 do clube. Tempos que começaram em 21 de julho de 2003.