Jogada10
·19 de agosto de 2024
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Lateral-esquerdo do São Paulo, Patrick Lanza deu um susto no torcedor no último domingo (19), no confronto entre o Tricolor Paulista e o Palmeiras, que terminou com a vitória do Alviverde por 2 a 1. Após uma dividida área com Estêvão, o defensor caiu de cabeça no gramado do estádio e ficou desacordado. O atleta, que tinha entrado no lugar de Ferreira ainda na primeira etapa, foi prontamente atendido e deixou o gramado de ambulância. A situação também possibilitou a sexta substituição dos jogadores em campo, segundo a nova regra implementada pela CBF para este ano.
Ao final da partida, Patrick postou uma foto no hospital, em que aparece de tipoia devido a uma fratura na clavícula, para tranquilizar os fãs. O atleta seguirá em observação no Hospital Albert Einstein, onde ainda continua internado e em observação. O esportista também passou por uma bateria de exames neurológicos. Para o Dr. Jhone Pereira, médico do time profissional do Cuiabá, o processo para o retorno aos gramados em casos como esse deve ser gradual, como prevê o protocolo SCAT-6.
Patryck precisou ser substituído no clássico entre Palmeiras x São Paulo – Foto: Reprodução / Premiere
“O protocolo SCAT-6 prevê retorno gradual às atividades, com etapas diárias que devem ser atingidas. Se por acaso em um dia o atleta não atingir o previsto, voltamos atrás um passo e o tempo demora um pouco mais. A quantidade de dias para retornar vai depender da gravidade, do exame inicial e, principalmente, do comportamento físico, clínico e cognitivo ao longo da recuperação”, explica.
Juliano Blattes, médico do Internacional, também explica que a imprevisibilidade das concussões gera dificuldade em preveni-las, tornando os protocolos de controle a solução mais viável.
“É muito difícil a gente prevenir uma concussão, até porque a concussão no futebol geralmente é um acidente, um ato inesperado. Quando o atleta do futebol sofre uma concussão, normalmente é com cabeceio, ou batendo a cabeça contra o solo. São esses dois mecanismos os mais comuns. Existem vários protocolos que aplicamos para vermos a gravidade dessa concussão. Em média, o atleta fica afastado sete dias das atividades esportivas. Em casos mais graves, ele pode ficar 15 a 30 dias fora das práticas. No futebol, o padrão é de concussões mais leves”, analisa o médico do Colorado.
Patryck teve que ser substituído após lesão na cabeça – Rubens Chiri e Paulo Pinto/Saopaulofc.net
Para entender um pouco mais do impacto das concussões em jogadores profissionais de futebol, a revista The Lancet Public Health, em 2023, publicou um estudo sobre o assunto. De acordo com os resultados encontrados, atletas de futebol de elite tendem a apresentar 1,5 vezes mais chances de desenvolver doenças neurodegenerativas em comparação ao restante da população.
De acordo com Rodrigo Brochetto, coordenador médico do Botafogo, as lesões cerebrais, como mostra o estudo, podem trazer sequelas longevas nos atletas, levando a possibilidade de pioras no quadro, principalmente quando não tratadas corretamente.
“Atletas que sofrem concussões sucessivas e que, principalmente, não fazem o tratamento adequado, tem um maior risco de apresentar no futuro uma doença chamada Encefalopatia Traumática Crônica, que causa uma degeneração progressiva, levando a alteração de comportamento (agressividade) e demência”, pontua o especialista.
Segunda Flávia Magalhães, médica do esporte que é pós-graduada em Fisioterapia Traumato-ortopédica e Fisiologia do Exercício, a possibilidade da repetição da contusão em jogadores também pode gerar uma maior vulnerabilidade para a repetição da lesão.
“Por estarem continuamente expostos ao risco de concussão, a repetição da mesma lesão é comum em esportistas. Diante disso, os atletas estão mais vulneráveis a lesões repetidas quando não se recuperam totalmente de uma concussão anterior e, mesmo após a recuperação, os atletas são de duas a quatro vezes mais propensos a sofrerem outra concussão em algum momento”, explica a médica.