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·14 de novembro de 2024
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A Sociedade Anónima Desportiva (SAD) do FC Porto finalizou o tão aguardado processo de reestruturação de uma parte da sua dívida, tendo estabelecido um acordo com instituições bancárias internacionais para um empréstimo de 115 milhões de euros, a reembolsar ao longo de 25 anos, com uma taxa de juro atrativa de 5,62%, conforme prometido por André Villas-Boas durante a sua campanha eleitoral.
Para tal, a entidade de cor azul e branca fundou, a 23 de setembro, a empresa “Dragon Notes”, “cujo objetivo social é a prestação de serviços de consultoria, gestão, planeamento estratégico e investimento em sociedades comerciais”, conforme detalhado no mais recente Relatório e Contas do clube.
“As obrigações pagarão durante os primeiros três anos apenas um juro anual em novembro de cada ano e de novembro de 2028 a novembro de 2049 serão reembolsadas por prestações constantes (capital e juros), o que representa uma maturidade média ponderada de 16,5 anos”, é o que se pode ler no comunicado enviado pelo FC Porto à CMVM. “Nesta transação, o J.P. Morgan atuou como Agente Colocador das obrigações e a Key Capital Partners como consultor financeiro do FC Porto. A Clifford Chance e a PLMJ atuaram como assessores legais do FC Porto. Os custos totais destas entidades, assim como da agência de rating, correspondem a 0,26% por ano do valor total da emissão”, acrescentam.
A gestão azul e branca estabeleceu como objetivo para os 115 milhões de euros que estarão à sua disposição a redução do passivo, que em julho último se situava em 520 milhões de euros, assim como pagar a fornecedores, diminuir dívidas a clubes terceiros e, por fim, reembolsar os financiamentos contraídos pela gestão anterior, que apresentavam taxas de juro muito mais elevadas. A SAD portista ainda planeia que uma parte deste montante seja direcionada para investimento e crescimento do clube, mas sempre com a prioridade no abate do passivo.
A 21 de abril, a poucos dias das eleições que marcaram uma reviravolta na história do FC Porto, o então candidato André Villas-Boas já tinha antecipado este resultado. “Temos conversado com várias instituições bancárias internacionais. Aconteceu com três dos maiores bancos internacionais que estão ativamente envolvidos na reestruturação da dívida de clubes. Surpreende-me que uma pessoa que se diz altamente instruída na área financeira [João Rafael Koehler, candidato a CFO da lista de Pinto da Costa] não saiba que a reestruturação de dívidas que a Goldman Sachs realiza atualmente se encontra sempre abaixo dos 6% e dos 7%. Situa-se entre os 5% e os 6% e nunca atinge os 7%… […] Tudo depende do ‘rating’ que mais tarde for atribuído ao FC Porto e da competição de mercado, ou seja, quanto é que levantamos, a que juro, sendo que o ‘target’ será sempre entre 5% a 7%”, afirmou na altura em entrevista a O JOGO e à TSF.
Consulte o comunicado enviado pelo FC Porto à CMVM na íntegra:
“O Futebol Clube do Porto – Futebol, SAD (“FC Porto”) vem informar o mercado, os Associados, Adeptos e Simpatizantes do Futebol Clube do Porto e o público em geral que, na presente data, concretizou, através da sua subsidiária integralmente detida, Dragon Notes S.A., uma emissão de obrigações no montante de 115 milhões de euros, com um prazo de vencimento de 25 anos e com uma taxa de cupão fixa anual de 5,62%, através de colocação privada junto de investidores institucionais no mercado dos EUA.
As obrigações pagarão durante os primeiros três anos apenas um juro anual em novembro de cada ano e de novembro de 2028 a novembro de 2049 serão reembolsadas por prestações constantes (capital e juros), o que representa uma maturidade média ponderada de 16,5 anos.
Considerando que a Dragon Notes é a subsidiária que detém a totalidade da participação do FC Porto na Porto Stadco, correspondente a 70% dos direitos económicos dessa sociedade, as obrigações Dragon Notes serão garantidas em primeira linha pelos dividendos a pagar pela Porto Stadco à Dragon Notes, sendo que o eventual excesso, após o serviço da dívida, será distribuído para o FC Porto após o cumprimento de determinadas condições. Nesta operação não foram atribuídas garantias reais aos obrigacionistas, nomeadamente a hipoteca sobre o Estádio do Dragão ou passes de jogadores.
A operação Dragon Notes visa refinanciar o passivo existente e financiar a atividade global do FC Porto, representando um passo crucial na concretização da estratégia de financiamento do FC Porto, permitindo i) a extensão da maturidade média da dívida; e ii) a redução do custo médio da dívida, em linha com os objetivos previamente comunicados.
O FC Porto congratula-se com a elevada procura registada nesta emissão (cerca de 170 milhões de euros), assim como com a elevada qualidade dos investidores institucionais que participaram na operação, resultado da qualidade de crédito da Dragon Notes, evidenciada pela notação de investment grade atribuída pela agência de rating DBRS (rating de crédito de longo prazo de BBB Low) em resultado de um modelo de negócio resiliente e com perspetivas de crescimento por parte da Porto Stadco.
Esta operação foi também sustentada na renegociação da parceria com a Ithaka, finalizada em agosto pelo atual Conselho de Administração, para, entre outros aspectos, prever a possibilidade de o FC Porto poder emitir dívida com base nos 70% dos direitos económicos da Porto Stadco que continuará a deter.
Nesta transação, o J.P. Morgan atuou como Agente Colocador das obrigações e a Key Capital Partners como consultor financeiro do FC Porto. A Clifford Chance e a PLMJ atuaram como assessores legais do FC Porto. Os custos totais destas entidades, assim como da agência de rating, correspondem a 0,26% por ano do valor total da emissão.”