Trivela
·20 de outubro de 2020
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·20 de outubro de 2020
Este conteúdo faz parte do Guia da Champions League 2020/21. Clique aqui e veja mais.
Logo de cara, o Grupo A chama atenção por trazer o atual campeão da Champions League. E é difícil pensar em um vencedor recente do torneio que tenha merecido tanto a Orelhuda quanto os bávaros. Os méritos são imensos, a começar pelo próprio futebol que o time de Hansi Flick vinha apresentando. Mesmo com a instabilidade do clube durante a fase de grupos, com mudança de técnico e tudo, o Bayern terminou com 100% de aproveitamento. Emendou vitórias acachapantes nos mata-matas, com os 8 a 2 sobre o Barcelona de lambuja no balaio. E realmente impôs a melhor forma. A questão está na possibilidade de bicampeonato.
Mais do que isso, o Grupo A guarda um dos melhores confrontos desta fase da Champions. O Atlético de Madrid ainda está se acertando e, como na temporada passada, não há certeza de que o time de Diego Simeone terá a consistência necessária. Em compensação, ainda é capaz de complicar grandes adversários e conquistar vitórias emblemáticas. Pegar o Bayern será um teste ao próprio potencial dos espanhóis, assim como à competitividade dos atuais campeões continentais, já que os colchoneros bateram de frente com os alemães em edições recentes.
Por fim, vale ficar de olho no que podem aprontar os demais concorrentes, especialmente o Red Bull Salzburg. Os austríacos fizeram uma boa fase de grupos na campanha passada, mesmo ficando pelo caminho, e possuem um time repleto de talentos. Alcançar as oitavas de final será novamente uma missão complicadíssima, mas é muito difícil imaginar que os Touros Vermelhos não compliquem jogos. Já o Lokomotiv Moscou, sem uma equipe tão tarimbada, ameaça pela longa viagem e mesmo pelas questões climáticas, diante da época do ano em que os jogos se concentrarão.
Bayern – 6 (1973/74, 1974/75, 1975/76, 2000/01, 2012/13, 2019/20) Atlético de Madrid – nenhum Red Bull Salzburg – nenhum Lokomotiv Moscou – nenhum
2019/20 – Campeão 2018/19 – Oitavas de final 2017/18 – Semifinal 2016/17 – Quartas de final 2015/16 – Semifinal
2019/20 – Quartas de final 2018/19 – Oitavas de final 2017/18 – Semifinal 2016/17 – Semifinal 2015/16 – Final
2019/20 – Fase de grupos 2018/19 – Preliminares 2017/18 – Preliminares 2016/17 – Preliminares 2015/16 – Preliminares
2019/20 – Fase de grupos 2018/19 – Fase de grupos
Depois de tudo o que o Bayern de Munique jogou em 2019/20, nada além da primeira colocação será satisfatório aos alvirrubros. Obviamente, não há qualquer garantia quanto à nova imposição dos bávaros. Uma dúvida pertinente se concentra sobre o próprio desgaste na Baviera, considerando a parca pré-temporada feita pelo time de Hansi Flick. Alguns deslizes já ocorreram nestas últimas semanas, embora o elenco tenha sido ampliado e o time também tenha enfiado algumas novas goleadas históricas. A fase de grupos da Champions tende a ser um teste em alto nível para saber se o Bayern consegue repetir aquela mesma intensidade para levar a Orelhuda.
O Atlético de Madrid há alguns anos vem ensaiando uma conquista continental, mas o time de Diego Simeone não parece tão azeitado quanto em outros anos. No papel, de qualquer forma, os colchoneros têm jogadores para subir de produção e brigar contra os principais adversários da Europa. Até esboçaram isso na última campanha, ao eliminarem o Liverpool, mas decepcionaram na fase seguinte diante do RB Leipzig. Agora, o Bayern imporá um desafio e tanto para ajudar os rojiblancos a se acertarem contra os melhores. Só não dá para imaginar que a classificação poderá vir fácil assim, especialmente pelo que o Red Bull Salzburg aprontou contra o próprio Liverpool e o Napoli em 2019/20.
A temporada passada foi um marco ao Red Bull Salzburg. Depois de mais de uma década tentando, o clube da empresa austríaca de energéticos finalmente alcançou a fase de grupos do principal torneio europeu. A equipe de Jesse Marsch faria bonito, com boas atuações e a revelação de talentos. Erling Braut Haaland, Takumi Minamino e Hwang Hee-Chan deixaram a Red Bull Arena, mas os Touros Vermelhos permanecem com uma boa fornada de talentos para tentar buscar os mata-matas – ou ao menos roubarem pontos dos grandes. A Liga Europa parece mais factível no momento, mas não dá para descartar uma equipe que apresenta um futebol tão agressivo. E que, afinal, desta vez alcançou a fase de grupos pela primeira vez através das preliminares, e com resultados contundentes.
Depois de ficar mais de uma década longe da Champions, o Lokomotiv Moscou volta a se habituar à competição continental. As temporadas expressivas no Campeonato Russo se repetem e, com o bom ranking de sua liga, os moscovitas passam diretamente à fase de grupos da Champions mesmo sem a taça nacional. A dúvida é se essa experiência se converterá em bons resultados além das fronteiras. O Lokomotiv foi lanterna de sua chave nas duas edições passadas, mas apresentou uma ligeira melhora ao bater de frente com os favoritos em 2019/20, quando os desafios eram maiores. Resta saber se os pontos roubados serão suficientes para se sobrepor ao Red Bull Salzburg.
A base que correspondeu tão bem na temporada passada está mantida, e isso por si coloca o Bayern como favorito. Hansi Flick terá seu primeiro ano completo na casamata, o que não significa tanto assim, seja pelos resultados obtidos de imediato ou mesmo pela falta de tempo para trabalhar alternativas táticas na pré-temporada. Mas dá para dizer que a base está cada vez mais encaixada, até pelo bom mercado de transferências feito na Baviera. Thiago Alcântara é insubstituível e talvez faça falta nos grandes jogos, assim como Philippe Coutinho e Ivan Perisic deixaram suas marcas na última Champions. De qualquer forma, agora há um Leroy Sané para desequilibrar, além de um conjunto mais completo em diversos setores, com destaque ainda à vinda de Douglas Costa. Os demais protagonistas continuam e alguns jovens jogadores amadurecem. Reproduzir o futebol arrasador de 2019/20 não será simples, mas os elementos básicos continuam à disposição do Bayern para isso.
Diego Simeone está prestes a completar uma década à frente do Atlético de Madrid, naquele que é atualmente o trabalho mais longo da elite do futebol europeu. Por vezes as ideias do comandante parecem limitadas para alterar o estilo de jogo dos colchoneros e mesmo na temporada passada ele atravessou períodos de desconfiança, em que não se mostrava capaz de empreender a renovação necessária. Talvez tal dúvida bata em sequências ruins. Mas não se nega que Cholo pode montar uma equipe sólida a partir das peças que possui e até mais competitiva, considerando as adições no mercado e também o amadurecimento dos jovens. Também por suas condições, Luis Suárez foi um dos melhores negócios desta janela e o impacto é imediato. Pois o Pistoleiro parece impulsionar o espírito do Atleti, e isso pode ser valioso para a postura que se cobra no Metropolitano, de uma equipe mais preparada aos grandes jogos.
Fazer o papel de franco atirador é bastante cômodo ao Red Bull Salzburg. Os austríacos contam com uma bela equipe, jovem e ofensiva, mas sem qualquer peso da responsabilidade diante do renome de seus adversários. Isso aconteceu na temporada passada e se repete mais uma vez. A quem almeja a classificação, óbvio, pegar dois gigantes logo de cara não é o sorteio preferido. Mesmo assim, Jesse Marsch pode tirar boas lições para o crescimento de seus garotos e se livrar das amarras para tentar uma surpresa na chave. Novos nomes deverão ter mais espaço para brilhar nesta Champions. Patson Daka e Sekou Koita vêm quentes pela maneira como suplantaram os antigos titulares nos últimos meses, almejando mesmo a visibilidade na competição continental. Devem ser figuras importantes para incendiar um futebol incisivo e destemido.
Dentre os candidatos do Grupo A, o Lokomotiv Moscou é o único que oferece uma dificuldade diferente a partir do ambiente – algo que os clubes da Libertadores sabem usar tão bem. Marko Nikolic é um técnico recente em seu cargo e os moscovitas perderam nomes importantes no mercado, sofrendo oscilações no próprio início do Campeonato Russo. Em compensação, se recuperam nas semanas recentes e poderão aproveitar esse embalo também para dificultar a missão dos favoritos na Champions. Numa temporada de calendário mais apertado, a viagem ao extremo leste do continente não é das melhores ao desgaste dos adversários. Além disso, Atlético de Madrid e Bayern encaram os russos já no fim do outono e o gramado pesado tende a ser um problema. Os alemães visitam Moscou em 9 de dezembro.
São muitos os destaques do Bayern de Munique, espalhados por diferentes setores. Porém, fica muito difícil não citar Robert Lewandowski como primeira opção. O centroavante não foi tão efetivo na reta final da Champions passada, mas não é que tenha jogado mal, abrindo espaços aos companheiros e indo muito bem na criação. Pois esse é justamente um dos méritos de Hansi Flick, ao diminuir a dependência do polonês, mas sem prescindir do caminhão de gols que ele costuma anotar. Quem ainda questiona Lewa por passar em branco nas finais recentes quer ver um jogador perfeito que não existe. Mas não tem como tirá-lo do posto de protagonista, pela forma como deixa esse Bayern ainda mais letal. E, apesar do desgaste físico, a fome de gols se repete neste início de temporada – com os companheiros também se aproveitando bem da sua mobilidade e de seus passes. Mais visado, o veterano pode agora potencializar seu entorno.
Se há um jogador que realmente faz a diferença ao Atlético de Madrid com frequência, este se chama Jan Oblak. Não é de hoje que o esloveno se coloca entre os melhores goleiros da Europa, com um poder de decisão impressionante. As críticas aos pênaltis que não pegou em 2016 já deveriam ter ficado para trás faz tempo, até pela constância do arqueiro por La Liga. E, na Champions, poucos jogadores de sua posição têm tanto talento para segurar um placar. Isso ficou visível na temporada passada, quando foi talvez o principal responsável pela classificação contra o Liverpool, ao conter o bombardeio e tornar possível a reação de seus companheiros. A um time que acerta suas peças e vê alguns jogadores mais veteranos redefinirem seus papéis, Oblak não decepciona.
Por conta de outros companheiros na última temporada, Dominik Szoboszlai não conseguiu aparecer tanto na Champions. Sua permanência no elenco do Red Bull Salzburg, mesmo com especulações quanto ao interesse de outros clubes, é uma ótima notícia aos Touros Vermelhos. O húngaro cresceu na reta final da temporada passada, ajudando a equipe a conquistar o Campeonato Austríaco e cada vez mais assumindo a responsabilidade. Hoje, parece pronto a ser a referência do Salzburg no torneio continental. É um jogador que bate muito bem na bola e representa um perigo constante nas cobranças de falta. Além disso, tem oferecido mais gols e assistências, se aproximando do ataque. Não deve ficar tanto tempo na Red Bull Arena e esta será a ocasião perfeita para fazer barulho.
O Lokomotiv Moscou sofreu uma perda bastante sentida nesta janela de transferências, com a saída de Aleksey Miranchuk rumo à Atalanta. E sem que o irmão Anton viva uma fase tão confiável assim, o principal nome dos russos no momento é Grzegorz Krychowiak. O meio-campista não correspondeu bem depois que deixou o Sevilla, perdendo a chance de emplacar no Paris Saint-Germain e também sofrendo no West Brom. Moscou virou o ambiente perfeito à sua recuperação e ele vem de uma excelente temporada com o Loko. Além da rodagem, o polonês segue aproveitando sua grande virtude, a liberdade para ir ao ataque. Assim, anotou 10 gols no último Campeonato Russo e volta a figurar entre os artilheiros do time na atual campanha. Aos 30 anos, será um nome para se prestar atenção do outro lado.
Thomas Müller é o jogador do Bayern com mais partidas na Champions e vem de momentos brilhantes na última campanha. Ainda assim, fica difícil de descartar a preponderância de Manuel Neuer ao título dos bávaros. O goleiro já tinha sido fantástico na conquista anterior dos alvirrubros, com um punhado de momentos inacreditáveis até a final de 2013. Conseguiu ser ainda mais importante em 2019/20, ao segurar as pontas em jogos que se tornaram fáceis e se agigantar na final. O camisa 1 possui um status de lenda que já nem o coloca mais nas discussões sobre quem é o melhor goleiro da atualidade. Apesar de todos os problemas físicos recentes, se recuperou e mostrou que, com ele resguardando a meta, a história sempre pode ser diferente. A história sempre pode ser maior, e o que Neuer construiu na Champions é memorável.
Embora campeão, Luis Suárez não é o jogador do Atlético de Madrid com mais partidas pela Champions League. Tal primazia cabe a Koke, capitão colchonero e nome imprescindível ao longo da Era Simeone na capital. O meio-campista foi constante nas grandes campanhas continentais sob as ordens do treinador, com duas finais no currículo, além dos títulos de Liga Europa. É sempre um termômetro importante, mesmo que seu rendimento tenha caído nos últimos anos. E, mesmo relativamente jovem, aos 28 anos, a tarimba adquirida o torna uma referência natural em meio às mudanças que ocorrem no Metropolitano. Permanece como um cara para servir de espelho, por sua técnica e por sua dedicação aos rojiblancos.
Raríssimos jogadores do Salzburg atuaram em mais de uma edição de Champions. Uma rara exceção é o zagueiro Maximilian Wöber. Aos 22 anos, o jogador possui um currículo respeitável, que inclui Ajax e Sevilla – participou da fase de grupos dos Godenzonen em 2018/19, antes de sair à Andaluzia. Já com o Salzburg, vem sendo um titular importante desde a temporada passada e auxilia as ambições da equipe de Jesse Marsch, como uma referência no miolo da zaga. É um jogador de boa mobilidade, que também pode servir como lateral esquerdo.
Exceção feita a Krychowiak, ninguém no Lokomotiv Moscou passou dos 20 jogos por Champions. Quem mais se aproxima é Éderzito, que tem respaldo para ocupar esse posto de Mister Champions também por seu histórico na Eurocopa. Nenhum outro jogador da competição, afinal, pode encher a boca para falar que já deu a taça continental ao seu país. O centroavante, que participou da Champions pela primeira vez com o Braga, ainda busca o seu primeiro gol no torneio. Mas não que o momento auxilie tanto, ainda em branco no Campeonato Russo depois de nove rodadas.
Leroy Sané foi um sonho de consumo do Bayern durante algum tempo e, depois de uma temporada difícil por causa das lesões, o ponta chegou à Allianz Arena cumprindo expectativas. Seu início pelos alvirrubros é muito bom, ainda que exigente. Numa equipe mais desgastada fisicamente por conta dos últimos meses, o novato não demorou a ter que chamar a responsabilidade. E parece pronto a desempenhar um papel central, já impulsionando o time por suas investidas em alta velocidade e por sua capacidade de criação. Aumenta o poder de decisão individual em um time que funciona tão bem coletivamente, adicionando ainda mais habilidade nos dribles.
O Barcelona tratou Luis Suárez como nenhum ídolo mereceria, por mais que seu rendimento realmente estivesse em queda. E, de pária na Catalunha, o uruguaio se transformou em reforço bombástico em Madri. Luisito parece se casar muito bem com o estilo de jogo de Simeone, por mais que perca explosividade com o passar dos anos. É um jogador para brigar por cada centímetro na linha de frente e infernizar os marcadores com ou sem a bola. A quem tinha dúvidas sobre como seria seu desempenho no Metropolitano, as primeiras partidas são espetaculares. O veterano dá mais gana e mais poder de decisão a um clube que realmente precisa de um passo além para brigar pelos grandes títulos.
Apesar das valiosas vendas nos últimos meses, o Red Bull Salzburg não possui uma política de gastanças no mercado de transferências. Tanto é que as principais adições de seu elenco para a atual temporada se concentram em garotos que estavam no Liefering, sua filial. Entre estes aparece o meia Luka Sucic, de 18 anos. O croata é quem mais tem recebido espaço, revezando-se no meio-campo da equipe A e da equipe B. Nascido na Áustria e levado ao clube ainda nas categorias de base, teve ótimos momentos na última Uefa Youth League – a versão da Champions para juniores. Atuando em diferentes funções na faixa central, contribuiu com seis gols em dez jogos.
A venda de Aleksey Miranchuk não foi reposta a altura pelo Lokomotiv Moscou, ou mesmo a saída de um jogador experiente como Benedikt Höwedes. Em um mercado de transferências contido, o maior investimento aconteceu em Zé Luis. O centroavante não é um primor técnico, mas tem sua dose de experiência e já se deu bem na própria Rússia, com a camisa do Spartak Moscou. Também vinha de uma campanha razoável pelo Porto, ao anotar sete gols para o título português, mesmo permanecendo a maior parte do tempo como reserva. A quem tem Éderzito e Fedor Smolov na frente, o novato pode contribuir na rotação dos atacantes.
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