Trivela
·11 de junho de 2021
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·11 de junho de 2021
Este texto faz parte do Guia da Euro 2020.
Presente na Euro 2016, a Eslováquia anda fora do radar desde então. Não se classificou à Copa do Mundo de 2018 mesmo ficando na segunda colocação de sua chave, já que não alcançou a pontuação mínima para a repescagem. Também foi mal na Liga das Nações e sofreu o rebaixamento à terceira divisão na última edição. O atalho à Eurocopa só foi possível pela repescagem do torneio, que praticamente deu nova vida a todos os times da segundona da Liga das Nações. Assim, o caminho aos eslovacos se tornou mais curto, mas a equipe gera bastante desconfiança sobre suas reais chances.
A campanha no qualificatório da Euro não foi tão ruim assim. A Eslováquia caiu no grupo mais equilibrado, que tinha Croácia, Gales, Hungria e Azerbaijão. Terminou na terceira colocação, com 13 pontos, um atrás dos galeses na zona de classificação. Foram quatro vitórias em oito partidas, com dois triunfos sobre húngaros e azeris. De qualquer maneira, os eslovacos chegaram a tomar uma goleada por 4 a 0 em casa diante dos croatas. Faltou ganhar algum dos confrontos diretos.
A sorte da Eslováquia é que o sistema de repescagem facilitou muito aos times de melhor ranking que não conquistaram a classificação direta. Todos os países da primeira e da segunda divisão da Liga das Nações que não se classificaram à Euro pelo qualificatório normal conseguiram uma nova oportunidade. E aí os eslovacos precisaram se impor num mata-mata contra adversários que não vinham tão bem assim. Ganharam nos pênaltis da Irlanda e na prorrogação da Irlanda do Norte. Uma mamata e tanto, pra quem não tinha se saído bem nas duas edições da Liga das Nações.
Na primeira edição, a Eslováquia foi lanterna do Grupo 1 da segunda divisão. Ganhou somente uma partida contra a Ucrânia, num grupo que reunia também a República Tcheca, e não foi rebaixada pela mudança de regulamento. Só não deu para escapar da queda em 2020/21. Na chave contra República Tcheca, Escócia e Israel, os eslovacos venceram só um compromisso e caíram. Nos últimos três anos, a equipe ganhou apenas dez dos 29 jogos que disputou. Pelo menos o início das Eliminatórias para a Copa de 2022 não é ruim, com cinco pontos e uma vitória sobre a Rússia.
Não há muita invencionice no sistema de jogo da Eslováquia. A base da equipe é formada no 4-2-3-1 ou no 4-1-4-1, que aproveitam melhor a quantidade de bons jogadores no meio-campo e conseguem garantir sua dose de combatividade. Martin Dubravka é o titular incontestável no gol, enquanto o miolo de zaga costuma unir Milan Skriniar com Lubomir Satka, do Lech Poznan. Nas laterais, destaque ao esforçado Peter Pekarik na direita, que segue importante no Hertha Berlim. Pela esquerda, quem deve entrar é outro veterano, Tomas Hubocan.
O meio-campo reúne jogadores de renome e boa dose de qualidade técnica. Marek Hamsik é a referência, mas Juraj Kucka é outro medalhão, um dos raros que se salvou no rebaixamento do Parma na Serie A. Outro com experiência no futebol italiano por ali é Stanislav Lobotka, embora seja reserva do Napoli. Vale mencionar ainda o volante Patrik Hrosovsky, em alta com o Genk. Já nas pontas, Robert Mak e Lukas Haraslin costumam ser escolhas mais comuns, mesmo sendo jogadores sem tanta projeção. E na falta de um centroavante em boa fase, quem pode entrar por ali é Ondrej Duda, meia armador que foi um dos raros destaques no Colônia que quase caiu na Bundesliga. Se a opção for por um homem mais de área, o escolhido tende a ser Robert Bozenik, garoto de 21 anos que frequenta o banco do Feyenoord.
O principal jogador da Eslováquia em atividade nas grandes ligas europeias é o zagueiro Milan Skriniar. O defensor é um nome importante da Internazionale há quatro anos e, muito embora tenha oscilado neste período, vem de uma grande temporada com os nerazzurri. O jogador correspondeu bem na equipe de Antonio Conte e foi parte importante na conquista do Scudetto, combinando-se com Alessandro Bastoni e Stefan de Vrij no setor. As perspectivas na seleção eslovaca são bem diferentes e Skriniar deverá ficar muito mais exposto para os combates. Mas, aos 26 anos, combina boa experiência em alto nível e um ápice físico que deve durar por bons anos. Foi eleito o melhor jogador do país nos últimos dois anos, quebrando uma sequência de seis prêmios a Marek Hamsik. Esta Eurocopa será sua primeira oportunidade como titular numa grande competição, após esquentar o banco na Euro 2016. A responsabilidade aumenta com a ausência de Martin Skrtel, sem clube e que lidou com lesões nos últimos meses.
A Eslováquia dependerá bastante de seu sistema defensivo para segurar a barra na Eurocopa. Por isso mesmo, Martin Dúbravka tende a ser um dos goleiros mais exigidos do torneio. Aos 32 anos, seu histórico na equipe nacional é relativamente curto, com 26 partidas. Ainda assim, é um dos representantes do país nas grandes ligas e superou as 100 aparições na Premier League com o Newcastle. O camisa 1 teve problemas de lesão no início da temporada e chegou a esquentar o banco quando voltou aos Magpies, mas retomou a posição na reta final do campeonato e foi um dos responsáveis pela ascensão do clube. Além de manter a segurança sob os paus, também sabe sair jogando com os pés. Será sua primeira competição internacional, já que sequer foi convocado à Euro 2016.
A Eslováquia chega à Eurocopa com um elenco bastante envelhecido. Apenas quatro jogadores têm 23 anos ou menos. E o mais novo é talvez aquele que inspire mais expectativas: o meia Tomas Suslov. Aos 19 anos, o camisa 10 é talhado nas categorias de base do Groningen e fez sua primeira temporada como titular em 2020/21. Teve um desempenho interessante na Eredivisie, geralmente atuando como meia central. Canhoto, também pode jogar como ponta direita – e tem um professor fantástico nos alviverdes, diante da companhia de Arjen Robben por lá. Pela seleção, suas aparições ainda são raras. Disputou apenas três partidas, geralmente preenchendo o lado direito do ataque. A Euro deve servir mais para ganhar cancha.
Marek Hamsik é a grande referência da Eslováquia desde que a seleção passou a caminhar com suas próprias pernas. A Euro 2016 já parecia uma grande oportunidade para o meio-campista se exibir em alto nível pela equipe nacional, após ganhar sua primeira chance na Copa de 2010 ainda no início da carreira. Por fim, a Euro 2020 talvez marque uma despedida do maestro. Os melhores tempos de Napoli já passaram e Hamsik fez um esforço para chegar em forma ao torneio. Passou um tempo na China e, neste ano, preferiu assinar com o Göteborg para se manter em atividade no Campeonato Sueco. Foi a deixa para a convocação, antes de ser anunciado pelo Trabzonspor para a próxima temporada. Se o fôlego no meio-campo não é o mesmo, permanece como uma liderança e uma ameaça por seus chutes de longe. É o recordista em jogos e gols pela equipe nacional, com 26 tentos em 126 aparições. A questão será mesmo sua condição física, após se lesionar recentemente e chegar fora da melhor forma.
A Eslováquia encarou instabilidades no comando técnico nestes últimos três anos. Ján Kozák liderou a equipe à Euro 2016, mas pediu demissão em outubro de 2018, após um caso de indisciplina envolver alguns dos principais jogadores do elenco – que deixaram a concentração para curtir a noite. Pavel Hapal assumiu no lugar e não conseguiu grandes resultados, mesmo classificando os eslovacos para a Euro 2020. Desde outubro de 2020, o comandante é Stefan Tarkovic. Sem grandes trabalhos na carreira, ele chegou a dirigir a seleção sub-18 e, a partir de 2013, foi o assistente de Jan Kozák. Assim, se credenciou para seguir o trabalho e tenta tirar o máximo de um grupo que ele conhece bem, mas que vem sob desconfiança.
A Eslováquia se manteve como coadjuvante nas Eliminatórias da Euro a partir de sua independência, sem as mesmas boas campanhas que fazia nas Eliminatórias da Copa. Essa história se tornou diferente apenas em 2016, com a classificação inédita numa chave do qualificatório em que superou a Ucrânia. Seria um bom papel dos eslovacos naquela Euro. Avançaram na terceira colocação do grupo, vencendo a Rússia e empatando com a Inglaterra. Só não deu para bater de frente com a Alemanha nas oitavas, com um triunfo seguro dos germânicos por 3 a 0. Agora, as condições parecem piores para ir tão longe.
Participações na Eurocopa: 1 (2016)
Melhor desempenho: Oitavas de final (2016)