Trivela
·14 de março de 2023
In partnership with
Yahoo sportsTrivela
·14 de março de 2023
Christian Streich realiza um dos trabalhos mais longevos das grandes ligas europeias. No último mês de dezembro, o técnico do Freiburg completou 11 anos à frente da equipe principal. Somando o período em que foi assistente e treinador das categorias de base, o veterano possui 27 anos nos corredores do clube da Floresta Negra. E os últimos meses são especiais, por marcarem exatamente o ápice do rendimento do time sob as ordens de Streich. Nada mais natural, então, que a diretoria oferecesse uma renovação contratual. Nesta terça-feira, o clube oficializou a extensão dos vínculos de Streich e de toda a sua comissão técnica.
Christian Streich é nascido na região de Freiburg e fez sua modesta carreira como jogador majoritariamente na cidade. No entanto, o ex-meio-campista atravessou a maior parte de sua trajetória no Freiburger, das divisões de acesso. Streich vestiu a camisa do Freiburg propriamente dito em apenas uma temporada, em 1987/88, quando o time ainda figurava na segunda divisão do Campeonato Alemão. Entre seus companheiros de elenco estavam Joachim Löw e Souleymane Sané, pai de Leroy Sané. Streich também passou pelo Stuttgarter Kickers e pelo Homburg, com o qual conquistou o acesso e figurou em sua única temporada na primeira divisão, em 1989/90.
Streich pendurou as chuteiras no Freiburger em 1995. No mesmo ano, retornou ao Freiburg para ser técnico das categorias de base. O treinador começou à frente do time juvenil, antes de assumir os juniores. Ficou à frente da categoria por 15 anos, de 1996 a 2011, com grande papel para lançar talentos como Matthias Ginter, Dennis Aogo, Oliver Baumann, Ömer Toprak, Christian Günter e outros nomes que passaram pelas seleções de base da Alemanha. Já em 2007, Streich começou a acumular funções e se tornou também assistente do Freiburg. Foi o braço direito de Robin Dutt e depois auxiliou Marcus Sorg brevemente em 2011/12.
Depois de quatro temporadas com Robin Dutt no comando, o Freiburg teve Marcus Sorg por apenas um semestre na casamata, na lanterna da Bundesliga ao final do primeiro turno em 2011/12. Ele mesmo antigo treinador do segundo quadro, não emplacou quando subiu de nível. Foi quando a diretoria avaliou que era o momento de promover Streich. A escolha não poderia ser mais acertada, com o novo técnico capaz de conseguir a salvação e terminar a Bundesliga num confortável 12° lugar. O Freiburg continuou crescendo com Streich e chegou em quinto em 2012/13, o que rendeu uma vaga na Liga Europa após 12 anos, e pela primeira vez diretamente na fase de grupos.
O trabalho de Christian Streich não foi totalmente linear no Freiburg. O técnico chegou a ser rebaixado na Bundesliga em 2014/15. Apesar disso, a diretoria avaliou que não era motivo para uma mudança drástica de rumos e confiou no comandante. Ele conquistou o acesso imediato, com o título da segundona em 2015/16. Já em 2016/17, classificou de novo a equipe da Floresta Negra para a Liga Europa. A atual passagem pela primeira divisão dura sete temporadas, um recorde para o Freiburg. Streich consegue montar repetidamente times competitivos e que excedem as expectativas pelos elencos mais modestos. Mesmo sem segurar seus principais destaques, o técnico revela muitos novatos e também acerta a mão nas apostas do mercado.
Desde a última temporada, o trabalho de Streich no Freiburg atinge seu ápice. A equipe terminou na sexta colocação da Bundesliga 2021/22, após ocupar a zona de classificação à Champions até o início do segundo turno, e alcançou a inédita final da Copa da Alemanha, apesar da derrota nos pênaltis diante do RB Leipzig. Já a atual temporada consegue ser melhor, em certa medida. O Freiburg passou mais rodadas dentro do G-4, embora atualmente ocupe a quinta colocação, fora da zona da Champions no saldo de gols. O time segue vivo na Copa da Alemanha, na qual tentará surpreender o Bayern de Munique nas quartas. E faz uma campanha excelente na Liga Europa, com a liderança de seu grupo. Apesar da derrota por 1 a 0 na ida das oitavas contra a Juventus, o cenário continua aberto para o reencontro na Alemanha.
Além de continuar revelando bons jogadores e atraindo apostas interessantes de vários cantos, o Freiburg conseguiu segurança financeira suficiente para construir um novo estádio. O Europa Park está entre as praças esportivas mais modernas da Alemanha, é adequado às necessidades do clube e ainda garante um ótimo aproveitamento como mandante. Nesta temporada, o Freiburg possui 11 vitórias e somente uma derrota em 16 partidas em seus domínios. Difícil pensar que tudo isso seria possível sem Streich.
Como de costume, o Freiburg não divulgou até quando Streich renovou seu contrato. Conforme a revista Kicker, o treinador prefere analisar sua situação a cada temporada e, a princípio, assinou por mais um ano. Mas isso é o de menos, diante do comprometimento do técnico de 57 anos e de tudo o que realiza. Os outros membros da comissão técnica também ganharam novos vínculos, com destaque a Patrick Baier, desde 2009 como assistente e atualmente o auxiliar mais longevo da Bundesliga. Diante de tantos acertos na Floresta Negra, não há motivos para alterar os rumos.
Curiosamente, Streich ainda não é o técnico mais duradouro da história do Freiburg. Essa primazia fica com Volker Finke, que dirigiu a equipe principal de 1991 a 2007. O veterano conferiu maior estabilidade ao clube na elite e conquistou um terceiro lugar em 1994/95, ainda hoje a melhor campanha da agremiação, que rendeu a vaga inédita nas copas europeias. Apesar disso, dá para dizer que as realizações de Streich como seu herdeiro são até maiores. E com chão não apenas para igualar a permanência do antecessor, mas também para conseguir outros feitos enormes para um clube historicamente modesto dentro da Bundesliga.
Já em relação aos demais clubes da Alemanha, Christian Streich já é o segundo técnico com mais partidas à frente de um mesmo time pela primeira divisão. O veterano soma 343 compromissos no comando do Freiburg, com 119 vitórias e 100 empates. Tais marcas o colocam à frente de lendas como Udo Lattek (299 jogos pelo Bayern) e Hennes Weisweiler (339 jogos pelo Borussia Mönchengladbach). A liderança da liga é de Otto Rehhagel, que passou 493 compromissos da elite na direção do Werder Bremen. Resta saber se Streich terá gás para tudo isso. Neste momento, sem tanta badalação em relação a outros clubes maiores, talvez mesmo só a seleção alemã para tirá-lo da Floresta Negra no futuro.