Hwang Hee-chan não precisou de muito para lembrar o quanto fez falta para a Coreia do Sul | OneFootball

A Copa do Mundo da Coreia do Sul caminhava para um fim melancólico quando Ricardo Horta abriu o placar para Portugal, aos cinco minutos. Não havia aproveitado a postura defensiva do Uruguai na estreia e, mesmo com uma reação relâmpago, a derrota para Gana a deixava em posição ruim. E saiu atrás dos reservas portugueses, enquanto o Uruguai construía sua vitória no outro jogo. No fim, os asiáticos passaram às oitavas de final graças a uma virada épica nesta sexta-feira, que foi concretizada por Hwang Hee-chan, uma ausência bastante sentida nas primeiras partidas.

Os problemas ofensivos da Coreia do Sul ficaram claros. Havia conseguido marcar apenas na peneira que é a defesa de Gana, encaixando dois ataques em três minutos. Não estava conseguindo tirar o melhor de Son Heung-min. O atacante do Tottenham é um dos melhores finalizadores do mundo e bateu para o gol pela segunda vez no Mundial apenas aos 31 minutos da etapa final da segunda rodada. Diante de marcação dupla quase sempre que pegava a bola, tentava se movimentar, abrir espaços, acionar os companheiros. Sentiu falta de alguém para fazer isso por ele.

Hee-chan, neste momento, é provavelmente o segundo jogador ofensivo mais talentoso da Coreia do Sul. Saiu da base do Pohang Steelers, quase com 19 anos, para integrar o sistema da Red Bull. Passou uma temporada e meia no Liefering, clube-satélite do Red Bull Salzburg que disputa a segunda divisão austríaca. Sua melhor temporada pelo Salzburg foi em 2019/20, depois de um ano emprestado ao Hamburgo para disputar a Segundona alemã. Ele fez 16 gols por todas as competições e deu 19 assistências, algumas para Erling Haaland, em um time que também contava com Takumi Minamino e Dominik Szoboszlai.

O destaque, inclusive na fase de grupos da Champions League, valeu a promoção para a principal franquia da Red Bull, o Leipzig, que disputa o Campeonato Alemão. No entanto, ao contrário de outros que percorreram esse caminho, Hee-chan não se firmou na Bundesliga e saiu por empréstimo para o Wolverhampton após uma temporada. Com velocidade e força física, ele se encaixou bem no time dos Lobos e marcou cinco gols em 30 jogos de Premier League. Não é muito, mas ainda foi o segundo artilheiro de uma equipe que tem problemas ofensivos crônicos.

Fez o bastante para ser contratado em definitivo. O Wolverhampton trouxe outros reforços para o ataque, como Gonçalo Guedes, Diego Costa e Sasa Kaiajdzic, que jogou apenas uma vez antes de se machucar seriamente. Hee-chan acabou sendo mais reserva e sofreu uma lesão na coxa que o deixou de fora das duas primeiras rodadas da Copa. Conseguiria estrear apenas aos 21 minutos da etapa final contra Portugal, entrando no lugar de Lee Jae-sung, que estava atuando mais aberto pela direita.

Paulo Bento havia modificado o seu time. Gostou da atuação do garoto Lee Kang-in contra Gana, importante para dar início à reação que levou a Coreia do Sul ao empate, antes de levar o terceiro gol, e o escalou como titular. Son também teve a companhia do centroavante Cho Gue-sung, que ganhou a posição de Hwang Ui-jo, com Lee Jae-sung mais aberto pela direita. Son foi mais definidor. Pelo menos chutou mais. E na hora mais importante, deu um passe brilhante para o companheiro finalizar.

Aos 46 minutos do segundo tempo, Son disparou em contra-ataque. Estava marcado por três portugueses. Brecou na entrada da área. Outros quatro lusitanos se aproximavam por trás. Encontrou espaço para o passe, que Hee-chan completou na marca do pênalti para transformar a Copa do Mundo da Coreia do Sul. O que era decepcionante virou épico, e agora os asiáticos esperam buscar uma nova zebra nas oitavas de final. Se puderem contar com Hee-chan o jogo inteiro, serão ainda mais perigosos.