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Central do Timão

·02 de junho de 2025

Implementação de biometria na Arena não avança após dois meses e Corinthians cogita romper com Bepass

Imagem do artigo:Implementação de biometria na Arena não avança após dois meses e Corinthians cogita romper com Bepass
  1. Por Daniel Keppler / Redação da Central do Timão

Meses após o Corinthians assinar contrato com a Bepass para implementar a biometria na Neo Química Arena, o cronograma dos trabalhos no estádio não avançou. Como consequência, é certo que o clube irá descumprir o prazo legal para contar com a tecnologia no local (tal prazo expira no próximo dia 14), situação que faz a diretoria cogitar, inclusive, o rompimento do acordo com a empresa.

A Central do Timão apurou que, embora o contrato com a Bepass tenha sido assinado em 21 de março, pouco se fez na prática para efetivar a implementação da biometria no estádio alvinegro. O cronograma proposto era pouco detalhado, com lacunas no planejamento estratégico, incluindo a previsão de testes do sistema – etapa essencial para o bom funcionamento da tecnologia.


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Foto: Rodrigo Coca/Ag. Corinthians

Polêmicas na parceria

Outras questões, porém, também podem pesar na decisão de rescindir com a Bepass. Uma delas se refere ao indicado para liderar o projeto de implementação da biometria: Flavio Portella. Ele é sócio de Bruno Balsimelli na Ticket Hub, empresa que foi a segunda pior avaliada (e rejeitada pelo compliance) em um Request for Proposal (RFP) feito pelo TI alvinegro em 2024 para operar biometria e ticketeira da Neo Química Arena, além das plataformas Fiel Torcedor e Universo SCCP.

Portella chegou a tentar representar o clube em uma reunião que estava sendo realizada com a OneFan, atual fornecedora do Corinthians para o FT e o USCCP. No entanto, ao ser identificado por membros da empresa, sua saída foi solicitada, pois o mesmo responde por uma concorrente direta da mesma. Caso tivesse participado do encontro, a situação poderia se configurar uma quebra de contrato, dando margem à própria OneFan para rescindir com o Alvinegro.

Acordo com a NewC

Outra situação que deixou a diretoria interina desconfortável com o acordo tem relação com os testes de biometria realizados nas últimas semanas. Segundo apurado pela Central do Timão, as ticketeiras utilizadas nos testes operam com a tecnologia da empresa NewC e não da OneFan. Vale lembrar que a NewC era a outra empresa que compunha, junto com a Bepass, a oferta feita pela TicketHub.

O uso de tecnologia da NewC nos testes de biometria tem uma explicação: o Corinthians tinha um acordo com a empresa para substituir a OneFan. O aceite final foi dado pelo presidente afastado Augusto Melo na manhã de 26 de maio – informação confirmada por sua assessoria. O então diretor jurídico Vinícius Cascone chegou a ser acionado para agir rápido e fechar a negociação, mas o mesmo orientou o presidente a apenas assinar após o contrato ser analisado pelo Conselho de Orientação (CORI).

No entanto, poucas horas depois, no mesmo dia , o Conselho Deliberativo (CD) votou e aprovou o afastamento cautelar de Augusto Melo do cargo. Com isso, não houve tempo para avançar mais nas conversas, e a OneFan permaneceu como fornecedora da tecnologia e operadora das plataformas para o Corinthians.

Esta negociação teria, ainda, um intermediário: a empresa Latin United Arenas, cujo presidente e diretor são, respectivamente, Bruno Balsimelli e Flavio Portella. As suspeitas da diretoria interina, segundo apurado pela redação, é de que o acordo tenha sido moldado desta forma para “disfarçar” a presença da dupla, cuja aproximação com o Alvinegro foi muito criticada pela torcida nas redes sociais após a rejeição da proposta da Ticket Hub pelo compliance vir à tona.

Plano de teste

A Central do Timão apurou, ainda, que a diretoria alvinegra chegou a planejar um teste de biometria para a Neo Química Arena. Ele aconteceria no jogo diante do América de Cali (COL), pela quarta rodada da Copa Sul-Americana, em 6 de maio. O plano não foi em frente, no entanto, porque a ideia era utilizar nos testes as ticketeiras da NewC, com quem o clube não tinha contrato assinado, no lugar dos equipamentos da OneFan.

Além dos riscos legais envolvidos – pois tal situação poderia motivar uma quebra contratual com a atual parceira do Alvinegro, o teste, caso tivesse ocorrido, poderia ter representado um sério problema com a torcida. Isso pois, segundo apurado, a tecnologia da NewC não tem compatibilidade com o sistema do Fiel Torcedor, operado pela OneFan, que gera os QR Codes individuais no ato da venda dos ingressos.

Isso significa que, caso o teste tivesse ocorrido e surgisse alguma falha, não haveria uma alternativa para identificar os corinthianos presentes em Itaquera, pois seria impossível comprovar a veracidade dos ingressos apresentados na catraca. Essa alternativa é chamada de “plano de contingência” e, na sua ausência, restaria ao clube duas opções: não permitir a entrada dos torcedores afetados ou liberar o acesso sem confirmar se os ingressos eram verdadeiros, expondo o clube a fraudes.

Clube busca solução

Ciente de que o prazo legal para implementar a biometria facial na Neo Química Arena será descumprido, a diretoria interina busca uma solução para o caso e, conforme citado no início desta matéria, cogita rescindir o acordo com a Bepass. Embora o valor da multa não seja irrelevante, membros da gestão interpretam que o gasto seria “compensado” pela economia gerada com uma possível negociação com outra empresa.

Vale lembrar que, em janeiro deste ano, o TI do Corinthians chegou a conduzir acordo com a empresa Ligatech, que atualmente administra as catracas da Neo Química Arena, para que a mesma assumisse a operação da biometria. A negociação, na época, ocorreu em um contexto de necessidade de renovar o contrato com a empresa, que havia expirado em dezembro, e foi conduzida por Marcelo Munhoes, chefe do setor.

Àquela altura, não havia mais tempo para assinar com alguma das empresas mais bem colocadas no RFP realizado, como a Imply, vencedora da concorrência. A Ligatech, portanto, foi vista como uma alternativa segura para implementar a biometria facial no estádio, por já estar no clube há alguns anos e conhecer a operação logística em Itaquera como um todo.

No acordo firmado em janeiro, a Ligatech manteria a operação das catracas, englobando também a biometria, fornecendo os equipamentos necessários sem custo para o clube. A proposta, porém, foi vetada pela diretoria, e poucos dias depois Munhoes foi demitido de sua função. O Corinthians acabaria por renovar o contrato com a Ligatech, pagando o mesmo valor da proposta negociada pelo TI, mas sem a operação da biometria facial.

Segundo apurado, o negócio fechado com a Bepass custa aproximadamente R$ 5 milhões a mais ao clube do que o acordo firmado com a Ligatech em janeiro, que teria a biometria inclusa e depois excluída. Caso a negociação tivesse sido fechada há cinco meses nos moldes iniciais, é grande a possibilidade de que hoje a biometria facial já estivesse plenamente implementada na Neo Química Arena.

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