Trivela
·15 de maio de 2021
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·15 de maio de 2021
A contratação de Javi Martínez não foi fácil. O Athletic Bilbao exigiu o pagamento da cláusula de rescisão. Procedimento padrão a um clube que tem opções limitadas de reposição. Embora estivesse valorizado no time de Marcelo Bielsa, o investimento de € 40 milhões em um volante foi questionado. Na época, era muito dinheiro. Era o reforço mais caro da história do Bayern de Munique. E se pagou, com juros e correção monetária. Javi Martínez está de saída do clube, após ser anunciado que seu contrato não será renovado, e se prepara para a despedida – uma despedida estranha.
Martínez tem mais dois jogos pelo clube no qual ajudou a conquistar duas Tríplices Coroas e nove títulos consecutivos da Bundesliga – todos desde que ele foi contratado. Enfrenta o Freiburg neste fim de semana e faz seu último jogo na Allianz Arena contra o Augsburg no próximo fim de semana. Poderá se despedir do estádio em que tantas glórias conquistou, mas não dos torcedores para os quais as conquistou, pelas restrições de público que ainda existem por causa da pandemia.
“Vai ser uma despedida estranha porque adoraria me despedir da torcida em um estádio lotado”, afirmou, em uma longa entrevista à Kicker, uma espécie de balanço da sua passagem pelo Bayern. “Esse seria o meu desejo. Não só meu, mas também de David (Alaba), Jéröme (Boateng) e Hansi (Flick, outros que estão de saída do Bayern). Infelizmente, a situação não permite. Não poder dizer adeus é amargo e triste. Eu definitivamente voltarei a Munique com mais frequência. Espero que em setembro ou outubro”.
Martínez esteve próximo de deixar o Bayern de Munique um ano atrás, ao fim da temporada passada, quando foi campeão pela segunda vez dos três principais títulos em disputa, como aquele time de Jupp Heynckes, que fez força para contratá-lo. “Eu disse ao clube que, se surgisse uma oferta interessante, pensaria em me despedir. Mesmo assim, era meu objetivo ficar porque tinha a sensação de que ainda poderia ajudar. Hansi Flick também me disse que contava comigo. Fiquei e fiz quase 30 jogos (29 por todas as competições), embora em uma função diferente dos anos anteriores porque estive com menos frequência entre os titulares (apenas sete vezes). Para mim, uma equipe não é apenas composta por onze jogadores, mas também por aqueles que jogam por 15, dez ou apenas dois minutos. Esse foi meu papel, eu o aceitei e fiz o meu melhor”, disse.
Hora de falar um pouco do passado. Quais são as melhores lembranças de Javi Martínez pelo Bayern? “Felizmente, quase todas são boas. Claro que houve momentos ruins, como minha séria lesão no joelho em 2014. Mas, no geral, gosto de lembrar de quase todos os dias aqui porque foi uma ótima experiência, com os melhores treinadores e jogadores do mundo. Isso me ajudou muito a crescer como jogador e como pessoa. Além, é claro, das duas Tríplices Coroas, pela primeira vez na história deste clube. Excelente!”, comemorou.
Ok, mas nos dê algum momento mais específico. Por exemplo, qual foi o título mais especial? “O primeiro da Champions League, em 2013, em Wembley, contra o Borussia Dortmund. Depois da derrota na final contra o Chelsea no ano anterior. Eu vi esse alívio e essa alegria nos rostos dos meus companheiros. Sempre sonhei com aquele troféu e foi no final da minha primeira temporada. Muita gente disse que 40 milhões de euros por um volante era muito dinheiro, embora eu sempre tenha ignorado esse valor para mim”, avaliou.
Na Bundesliga, Javi Martínez tem mais opções para escolher. Foi campeão todas as vezes que a disputou. “É realmente incrível quando você pensa sobre isso com cuidado. Antes da nossa série, o recorde era de três campeonatos consecutivos. Na minha opinião, a competição ficou ainda mais acirrada com o passar dos anos. As pessoas às vezes pensam que é fácil, mas é muito complicado e há um trabalho árduo por trás disso todos os dias. E por isso que a equipe e eu podemos nos orgulhar. É uma grande conquista”, disse.
Uma das referências da sua posição durante uma década, Martínez elegeu Josh Kimmich, claro, Casemiro e Kanté como os melhores volantes da atualidade e disse o que acredita que o jogador dessa posição precisa saber fazer no futebol atual. “De tudo um pouco: ele tem que ser um estrategista, forte em desarmes e no jogo aéreo. Basicamente tem que ser o jogador mais completo da equipe, capaz de defender e tacar, pensar o jogo. Na minha opinião, é a posição mais difícil no campo”, disse.
Aos 32 anos, Martínez ainda tem alguma lenha para queimar. Não sabe por quanto tempo e nem aonde. “Estou aberto para todas as direções e procuro a melhor opção para mim. Ainda não sei. Vou tomar essa decisão ainda. Em primeiro lugar, quero me concentrar nos últimos dois jogos e na minha despedida. Minhas pernas decidem quanto tempo ainda vou jogar. Um ano, três, dez? Quero estar fisicamente no topo, mesmo depois da minha carreira”, afirmou.
Por fim, o volante deixou uma mensagem de gratidão. “Gostaria de agradecer ao Bayern, à cidade de Munique e à região e, acima de todo, aos nossos grandes torcedores no mundo inteiro. Foi uma honra para mim. Sempre serei o maior torcedor do Bayern de Munique”, encerrou.
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