Jhonson: a nova estrela da Seleção Brasileira feminina | OneFootball

No momento em que a Seleção Brasileira precisava virar um jogo difícil contra o Japão, a estreante de 19 anos, Jhonson, mostrou a sua estrela. Em contra-ataque iniciado por ela, tocando a bola com Kerolin e recebendo para finalizar como se tivesse uma vasta experiência nos gramados, a jovem jogadora marcou o gol da vitória brasileira e anotou seu nome na lista das convocadas para a Copa América.

A lista da convocação para a primeira competição da Seleção em 2025 foi divulgada na segunda (09) e a surpresa (não tão surpreendente) foi ver o nome de Jhonson, chamada pela primeira vez para vestir a amarelinha há poucos dias. Nos amistosos contra o Japão, disputados no final de maio e início de junho, Arthur Elias apostou na juventude e deu chance para atletas com pouca idade. No primeiro jogo, a média de idade do time titular era de 24 anos. Mas foi na segunda partida contra as japonesas que Jhonson jogou e mostrou que merece espaço.

Com apenas 17 minutos em campo, a atacante do Corinthians marcou o gol decisivo da partida. Além disso, teve uma das maiores notas no aplicativo Sofascore entre as atletas em campo, tirou 7.3, ficando atrás apenas de Kerolin (7.9) e Mariza (7.7).

Do projeto social ao Toledo

Ingrid Aparecida Borges de Morais, hoje conhecida como Jhonson, começou a carreira no projeto Londrina/Tsuru Oguido aos 13 anos. O técnico e coordenador do projeto, Johnny Gonçalves, foi quem descobriu o talento da menina em um torneio de futsal juvenil do Sesc, na cidade paranaense de Londrina. Na época, Ingrid ainda era chamada de “Dumbinha”, apelido dado pelo pai, e jogava com os meninos.

De origem humilde, saiu muito cedo de casa para seguir o sonho de jogar futebol. Ela conta que a mãe, Michelle, ficou com medo de deixar a menina sair de casa tão nova, mas sempre a ajudou e o pai, José Raimundo, também auxiliou na carreira.

O projeto social é uma parceria entre o Londrina Esporte Clube e a equipe do Colégio Estadual Tsuru Oguido. Essa união nasceu, inicialmente, para o Campeonato Paranaense da categoria e segue até hoje. O coordenador do projeto acredita que  a iniciativa contribui  para a formação cidadã de dezenas de meninas.

Reprodução redes sociais

Além dessa formação, essas meninas têm em quem se inspirar e reconhecem que Jhonson, hoje na Seleção Brasileira, veio do mesmo lugar que elas.“Ela é muito querida por todas. É humilde, de fácil trato. O gol que ela fez foi para todas as meninas do futebol. As meninas que estão no projeto veem nela um espelho. Todo mundo pode conseguir, é preciso trabalhar, lutar, se dedicar e, dentro do merecimento, alcançar”, disse Johnny Gonçalves em entrevista à rádio Paiquerê 91,7.

Johnny Gonçalves, que acompanhou os primeiros passos de Jhonson no futebol, se mostrou orgulhoso da jogadora: “Sempre foi um destaque. Quando jogava, fazia cinco, seis gols por jogo. Ela é merecedora de tudo o que está colhendo. É fruto do dom que ela recebeu de Deus”

Aos 16 anos, a jogadora foi para o Toledo e recebeu o apelido de “Jhonson”. Quando estava emprestada ao Londrina, as companheiras de time a apelidaram de Jhon. Depois, quando chegou ao Toledo, o técnico Jaime a apelidou da forma que conhecemos hoje. A atacante de 19 anos contou essa história em entrevista ao blog Dona do Campinho, do ge.com, e completou falando que o técnico disse que o novo apelido “iria estourar”. O Jaime estava certo, hoje a estrela de 19 anos não é chamada de outra forma.

Vestindo a Amarelinha

Apesar do recente reconhecimento vestindo a camisa da Seleção Brasileira, a trajetória de Jhonson vestindo a Amarelinha começou na base. Em 2022, quando ainda estava no Toledo, representou o Brasil em algumas competições.

Adriano Fontes/CBF

Na campanha do título do Sul-Americano Sub-17, ela marcou nove gols e foi a artilheira da competição. O bom desempenho também a levou para o Mundial da categoria. Esse último, o Brasil chegou até às quartas de final e foi eliminado pela Alemanha. Nele Jhonson marcou um gol na estreia contra o Marrocos e deu uma assistência na partida contra os Estados Unidos.

O bom desempenho na seleção e no time do Oeste do Paraná chamou a atenção de alguns clubes. Em 2023, a pedido do técnico Arthur Elias, foi emprestada do Toledo para o Corinthians com um vínculo temporário de dois anos.

Do Corinthians à Seleção Brasileira principal

Jhonson chegou no time do Parque São Jorge para as categorias de base, mas logo foi promovida ao elenco principal. Em 2023, quando estava em um período de preparação com a Seleção Sub-20, a atleta foi diagnosticada com um problema no menisco lateral e precisou operar.

Afastada por oito meses dos gramados, a atacante retornou em setembro de 2024, na partida contra o Marília, pelo Campeonato Paulista, e anotou um hat-trick. Na entrevista pós-jogo, a atacante se emocionou muito e agradeceu o apoio da família, do clube e das companheiras de vestiário.

No final de 2024, o Corinthians anunciou um contrato definitivo com Jhonson até 2028. Hoje, a jogadora briga pela artilharia do Brasileirão e tem sido uma das atletas com mais participações em gols. Jhonson está ao lado de Cristiane, do Flamengo, com 8 gols no campeonato.

Staff Images CBF

A foto de Jhonson com a camisa da Seleção está correndo o mundo. A jovem promessa, que da mesma forma que chorou quando retornou aos gramados, também derramou lágrimas com o seu primeiro gol na Seleção Brasileira, cresce como uma das grandes jogadoras brasileiras.

De forma muito tímida, na coletiva após a vitória sobre o Japão, a londrinense pouco conseguiu falar ao lado do treinador Arthur Elias. Ao ser questionada sobre sua história, ela foi sucinta ao dizer que vem de uma origem muito humilde e que estava muito feliz naquele dia.

Não só Jhonson, mas todos os brasileiros estavam felizes naquele dia dois de junho, todos viram a estrela de uma menina de 19 anos brilhar. E o brilho nos olhos foi ainda mais especial pois contava com a presença dos pais naquele jogo. Antes da partida ela disse “eles nunca assistiram a um jogo meu pelo Corinthians, agora vão assistir pela seleção. É uma emoção maior ainda”.

Revisão e colaboração: Bianca Anacleto

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