Alemanha FC
·19 de fevereiro de 2021
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Muitos jogadores de futebol na Alemanha aceitaram fazer arte em uma campanha lançada pela revista "11Freunde" para oferecer apoio a colegas da comunidade LGBTQ e se posicionar contra a homofobia no esporte.
A mais recente edição da revista especializada em futebol tem várias capas diferentes, que mostram jogadores de futebol segurando cartazes com a frase: "Ihr könnt auf uns zählen!" ("Vocês podem contar conosco!").
Entre os nomes que apoiam a campanha estão muitos jogadores da Bundesliga, como Max Kruse e Christopher Trimmel, do Union Berlin, e Dedryck Boyata e Niklas Stark, do Hertha Berlim.
Sebastian Ohlsson, do St. Pauli, que joga na 2.Bundesliga, e a goleira Almuth Schult, do Wolfsburg, também participam.
No total, mais de 800 jogadores e jogadoras aceitaram participar da campanha. Segundo os organizadores, o objetivo não é forçar ninguém a "sair do armário", mas sim oferecer apoio e criar um ambiente mais de maior aceitação.
"Mesmo em 2021, ainda não há nenhum jogador assumidamente homossexual no futebol masculino profissional", diz uma declaração compartilhada pela capitã da seleção feminina de Futebol, Alexandra Popp, e pelo presidente-executivo do Borussia Dortmund, Hans-Joachim Watzke, entre outros.
"O medo de ser atacado, excluído ou de ter a carreira prejudicada ainda é tão grande que os jogadores gays ainda acreditam que precisam esconder sua sexualidade. Queremos apoiar, encorajar e, se necessário, defendê-los contra ataques, porque vocês estariam fazendo a coisa certa. Estamos do seu lado", completa o texto.
Lahm aconselha cautela
Ex-jogador do Stuttgart e da seleção alemã, Thomas Hitzlsperger, que revelou ser gay após encerrar sua carreira, escreveu no Twitter que a campanha foi "mais um passo na direção certa".
Na direção contrária, Philipp Lahm, ex-Bayern e capitão do tetra alemão na Copa de 2014, aconselhou cautela em um livro recém-lançado.
"No momento, me parece que há poucas chances de que um jogador consiga sair do armário na Bundesliga e ficar ileso", escreveu Lahm em seu livro "Das Spiel: Die Welt des Fussballs" (O Jogo: O Mundo do Futebol).
"A responsabilidade seria grande demais para mim", continua ele, acrescentando que ficaria preocupado com "abusos, insultos e outros comentários difamatórios" vindos das arquibancadas. "Quem poderia suportar isso e por quanto tempo?"
O próprio Lahm apareceu na capa da revista "LGBTQ Front" em 2007. Numa entrevista concedida à publicação, ele disse: "Se um jogador é gay, ele ainda é meu companheiro de equipe e meu relacionamento com ele não mudaria em nada. Estou feliz por viver em um sociedade liberal e aberta na qual a coexistência tolerante é possível sem preconceitos discriminatórios."
Mudanças na cultura dos torcedores alemães
No entanto, embora as torcidas na Alemanha continuem sendo predominantemente masculinas e heterossexuais, o futebol alemão e a cultura de arquibancada vêm se tornando cada vez mais diversificados e acolhedores nos últimos anos. Canções, gritos e comentários preconceituosos estão lentamente sendo questionados.
Torcedores fanáticos do St. Pauli, clube de Hamburgo da segunda divisão, por exemplo, são bem conhecidos por suas posturas anti-homofóbicas e outras atitudes antidiscriminatórias, e têm entoado cantos com mensagens como "Ame quem você quiser" e "Todas as cores são lindas".
Em Dortmund, torcedores envolvidos com a campanha contra o preconceito "Ballspiel vereint!" (Jogo de bola unido) têm exibido mensagens contra a homofobia em meio à célebre "Muralha Amarela" que concentra torcedores em pé com as cores do BVB. Adesivos distribuídos pelo grupo proclamam: "Terra vermelha, muralha amarela, BVB multicolorido!"
E após o lançamento da campanha da revista "11Freunde" na quarta-feira, torcedores e jornalistas esportivos alemães também começaram a compartilhar fotos suas com a mensagem: "Vocês podem contar conosco".
"Posso entender qualquer pessoa que prefira não enfrentar isso", disse o atacante Max Kruse, do Union Berlin. "Mas se um dos meus companheiros saísse do armário, eu o protegeria dos idiotas lá fora."
Enquanto o futebol masculino na Alemanha ainda aguarda seu primeiro jogador abertamente gay, o futebol feminino tem se mostrado mais progressista. O Wolfsburg tem até um casal no seu time, Anna Blässe e Lara Dickenmann.
"Em campo, não importa de quem você gosta, o que importa é o seu desempenho", disse Alexandra Popp, que também é capitã do Wolfsburg. "Se alguém resolvesse se revelar, realmente acredito que seria uma espécie de libertação, que poderia ajudar a impulsionar seu desempenho em 1% ou 2%. É importante que todos propaguem essa mensagem".
Com informações da DW - Deutsche Welle
Tags: Bundesliga, LGBT, Campeonato Alemão, homofobia é crime