
MKT Esportivo
·27 de maio de 2025
Justiça suspende cobrança de € 55 milhões feita por Mbappé e PSG ganha fôlego em disputa

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·27 de maio de 2025
O embate entre Kylian Mbappé e seu antigo clube, o Paris Saint-Germain, ganhou novos contornos após a Justiça de Paris suspender a cobrança de € 55 milhões (cerca de R$ 355 mi) solicitada pelo jogador, atualmente no Real Madrid, por valores que afirma não ter recebido na reta final de sua passagem pela equipe francesa.
A decisão representa um revés provisório para o atacante, que tenta judicialmente garantir a quantia referente a salários e bônus que, segundo ele, não foram pagos entre os últimos meses em que ainda atuava pelo PSG.
A solicitação foi formalizada por Mbappé e sua equipe jurídica com base em pendências que envolvem bônus de assinatura, vencimentos dos meses de março a maio de 2024, além de um valor referente ao chamado bônus de ética, comum em contratos desse porte na França. A defesa do Paris, por sua vez, pediu a anulação do bloqueio em 12 de maio, alegando que ainda não havia base legal suficiente para a cobrança imediata, enquanto o clube aguardava uma definição final na Justiça para qualquer ação relacionada ao pagamento.
O histórico da disputa não é recente e remonta ao último ano do jogador no PSG, quando houve uma série de desentendimentos sobre sua permanência, compromissos verbais e condições acordadas informalmente com a diretoria.
Antes de deixar a equipe rumo ao Real Madrid, Mbappé teve sua reintegração ao elenco condicionada a uma possível renúncia aos valores que agora cobra. A alegação do clube francês é que houve uma promessa nesse sentido, mesmo sem assinatura formal, e que essa teria sido a base do entendimento feito entre o atleta e o presidente Nasser Al-Khelaïfi em meados de 2023.
O contexto jurídico é ainda mais complexo, pois Mbappé chegou a obter vitórias anteriores em instâncias da Federação Francesa de Futebol, com a Comissão Partidária da Liga reconhecendo a validade da cobrança feita pelo atacante, e a Comissão Superior de Recursos manteve essa avaliação, rejeitando o apelo da agremiação.
O jogador também contou com apoio do sindicato dos atletas profissionais do país, que classificou a conduta do PSG como indevida diante das obrigações trabalhistas envolvidas. O próprio atleta pressionava a UEFA para impedir participação do clube francês na próxima Champions League.
Ainda assim, os donos do Paris optaram por não efetuar os pagamentos, defendendo que as decisões da liga não têm força obrigatória no âmbito judicial e que a última palavra ainda deve vir de instâncias superiores da Justiça francesa. Enquanto isso, mantém o entendimento de que o suposto acordo verbal isentaria o PSG de responsabilidades financeiras e que o caso envolve mais nuances do que apenas a relação contratual padrão entre empregador e empregado.
Entenda o caso
Foto: REUTERS/Juan Medina
Mbappé passou a vestir a camisa do Real Madrid a partir de julho de 2024, após encerrar um vínculo de sete anos com o Paris Saint-Germain. A cobrança feita pelo jogador refere-se a salários referentes aos meses de abril, maio e junho, além de bônus de assinatura previstos no encerramento do contrato, com a diretoria parisiense afirmando que, ao final de sua trajetória, o atacante havia se comprometido informalmente a abrir mão desses valores, o que teria sido fundamental para sua volta ao elenco no segundo semestre de 2023, após ser afastado por não renovar com o clube até 2025.
Na ocasião, o retorno de Mbappé ao time foi condicionado a uma negociação com o presidente do instituição, mas sem a formalização de documentos. Sem esse registro, a situação se arrastou até que, com a transferência já concretizada, os representantes do atleta passaram a exigir o pagamento integral do que consideram ainda devido.
Com a suspensão do embargo de € 55 milhões determinada pelo Tribunal, a ação perde força momentaneamente e volta a um estágio mais inicial, com a expectativa de que o processo se prolongue. A equipe jurídica do PSG, liderada por Renaud Semerdjian, considera que o movimento de Mbappé é uma tentativa de retardar a conclusão do caso enquanto busca apoio na opinião pública e no ambiente esportivo, mas afirma ter documentos e testemunhos que apontam para um acordo, ainda que não formalizado.
O que diz a advogada de Mbappé?
A advogada de Mbappé, Delphine Verheyden, afirma que o jogador optou por manter discrição durante boa parte do processo e tentou uma resolução amigável ao longo de um ano, mas não teve retorno do clube. Segundo ela, o objetivo da ação é garantir que o atacante receba os valores acordados como qualquer profissional teria direito e, para isso, montaram uma equipe multidisciplinar com especialistas em várias áreas do direito, dado o nível de complexidade do caso.
Qual é o posicionamento do PSG?
O PSG, por outro lado, questiona o motivo de Mbappé não ter levado a disputa à corte trabalhista oficial, se afirma ter sido tratado como um trabalhador comum. Na visão do clube, o atacante deve cumprir os compromissos que, mesmo informais, foram reiterados em público e em privado durante sua permanência em Paris, onde recebeu benefícios e tratamento privilegiado ao longo dos anos em que defendeu o time.