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·07 de dezembro de 2025

Juventude sucumbe a um Brasileirão acima de sua capacidade

Imagem do artigo:Juventude sucumbe a um Brasileirão acima de sua capacidade

O Juventude chegou à última rodada do Brasileirão já sem chances de escapar do rebaixamento e confirmou o retorno à Série B após apenas duas temporadas na elite. A queda, consumada matematicamente ainda antes do encerramento da rodada final, é o reflexo de um campeonato acima das capacidades do clube, apesar de alguns destaques individuais. 

O time de Caxias do Sul conviveu com dificuldades desde o início do Brasileirão. Passou 30 rodadas na zona de rebaixamento, alternou longas sequências sem vitórias e raramente demonstrou força para reagir nos confrontos diretos contra quem também lutava contra a degola. Mesmo em casa, condição historicamente determinante para suas permanências anteriores, o Ju deixou pontos fundamentais escaparem ao longo do ano.


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Um elenco que não respondeu

Já no início da campanha, o Juventude deixava claro que precisava de um elenco mais "cascudo" para atravessar a temporada cumprindo o objetivo da sequência na elite. Apesar de alguns bons sinais de Abner no início da campanha, a defesa logo surgiu como um ponto de reflexão. 

Nas primeiras rodadas, o time acabou goleado por Flamengo (6 a 0) e Fortaleza (5 a 0) e o último revés custou o emprego de Tencatti. A campanha instável atravessou três técnicos — e apenas no retorno do experiente Thiago Carpini, anunciado em agosto, o clube ensaiou uma reação. A estreia com a nova comissão técnica trouxe esperança com vitória sobre o Corinthians por 2 a 1, no Alfredo Jaconi — resultado comemorado como um respiro na luta contra a degola.

No entanto, o lampejo de recuperação não se sustentou. Mesmo com melhora pontual na defesa e algumas partidas mais equilibradas, o Juventude alternou atuações medianas com derrotas que escancararam a limitação do elenco técnico e a escassez de repertório para enfrentar adversários diretos.

Carpini não conseguiu superar as limitações do elenco. O clube investiu pouco na formação do elenco e buscou peças majoritariamente em mercados secundários. Chegaram nomes como Sforza, Batalla, Hudson, Veron, Matheus Babi e Negueba. A expectativa era de que a espinha dorsal — com Jadson, Lucas Barbosa e Gilberto — sustentasse o projeto, mas o rendimento coletivo não acompanhou.

Gabriel Taliari, remanescente de 2024, foi um dos únicos destaques individuais. O veterano Nenê viveu de lampejos como a idade permite, mas já sem conseguir fazer a diferença para colocar o time em outro patamar. 

O Papo chega na última rodada com o terceiro pior ataque e a segunda pior defesa, a nove pontos do primeiro time fora do Z4, o Fortaleza. 

Pouca força competitiva

A limitação financeira do Juventude foi um fator decisivo para a montagem do elenco em 2025. Enquanto clubes de maior investimento conseguiram buscar reforços de impacto e compor elencos mais robustos, o clube de Caxias do Sul operou dentro de um orçamento restrito, priorizando contratações de baixo custo e oportunidades de mercado. Essa estratégia, embora coerente com a realidade do clube, reduziu drasticamente a margem de erro: qualquer contratação que não rendesse o esperado comprometia diretamente o desempenho técnico da equipe ao longo da competição.

A diferença de poder de investimento se tornou ainda mais evidente na comparação com equipes intermediárias do Brasileirão, que ampliaram o gasto em contratações e salários na tentativa de encurtar a distância para os gigantes do país. Enquanto adversários diretos do Juventude conseguiam trazer nomes mais consolidados ou reforçar setores carentes com jogadores de maior valor de mercado, o clube alviverde dependia de apostas, jovens em formação e jogadores em busca de recuperação técnica. Essa disparidade impactou não apenas o nível individual dos atletas, mas também a profundidade do elenco ao longo da temporada.

Além disso, o Juventude enfrentou dificuldades para competir em janelas de transferência mais agressivas, nas quais clubes financeiramente mais fortes não apenas contratavam, mas também conseguiam segurar suas peças mais valiosas. No Jaconi, a necessidade de manter a folha salarial enxuta e cumprir compromissos financeiros impediu a diretoria de fazer movimentações ousadas, o que tornou a reposição de atletas lesionados ou em má fase ainda mais complicada. Em muitos momentos, o clube viu oportunidades de mercado escaparem simplesmente por não conseguir acompanhar os valores oferecidos por concorrentes.

No cenário nacional, em que a distância econômica entre as equipes tem aumentado ano após ano, o Juventude entrou no Brasileirão já em desvantagem estrutural. A falta de investimento não diz respeito apenas à contratação de jogadores, mas à manutenção de um departamento de futebol competitivo, com estrutura, análise de desempenho e capacidade de reação durante a temporada. Em contraste com clubes que operam em orçamentos várias vezes maiores, o Juventude precisou lidar com limitações que, somadas à pressão esportiva, influenciaram diretamente a campanha e a dificuldade em evitar o rebaixamento.

E agora?

Thiago Carpini já anunciou que não fica em Caxias do Sul em 2026. O veterano Nenê também encerra sua passagem com a camisa alviverde ao fim do Brasileirão, e Taliari dificilmente seguirá para a Série B. 

A palavra para 2026 deve ser reestruturação. Com um orçamento ainda mais limitado, o Papo tenta erguer a cabeça para voltar mais forte para a elite no futuro. Em um futuro próximo, espera o torcedor... 

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