Kochorashvili, o <i>Capitão América</i> que medita e se foca na saúde mental: «Vão vê-lo a correr 100 minutos sem parar» | OneFootball

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·10 de julho de 2025

Kochorashvili, o <i>Capitão América</i> que medita e se foca na saúde mental: «Vão vê-lo a correr 100 minutos sem parar»

Imagem do artigo:Kochorashvili, o <i>Capitão América</i> que medita e se foca na saúde mental: «Vão vê-lo a correr 100 minutos sem parar»

É um trava-línguas? É um médio? É o Capitão América? É, ao mesmo tempo, tudo isso. Giorgi Kochorashvili, até ao momento, é a grande contratação do bicampeão Sporting para a nova época. Chegou com alguma surpresa, desconhecido para a maioria, mas promete. Vamos conhecê-lo.

O seu nome cruzou-se, pela primeira vez, com Portugal no Euro 2024, altura em que defrontou a Seleção das Quinas (2-0) e terá deixado, prontamente, a direção leonina atenta. O negócio aconteceu alguns meses depois, ainda antes da temporada 2024/25 finalizar, com o Sporting a investir 5,5 milhões de euros.


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A aposta é forte, de tal modo que é o terceiro jogador do plantel com a maior cláusula de rescisão, atualmente. Contudo, acaba por ser um nome desconhecido para muitos...

Afinal, falamos de um jogador georgiano, de 26 anos, que se mudou para Espanha há oito anos. Para saber mais, fomos conversar com Fabri, o jogador que mais vezes jogou com Kochorashvili ao longo da carreira do georgiano.

«É 100 por cento dedicado ao que faz, dentro e fora de campo»

«A nossa amizade já vai além do campo. Temos uma relação muito boa e falamos todos os dias. As nossas mulheres são ambas brasileiras e dão-se muito bem. Há pouco tempo veio aqui a minha casa, em Salvador [Brasil]», começa por dizer o avançado brasileiro, ao zerozero.

«Como pessoa é alguém excecional, um fora de série. É muito boa pessoa, tenta ajudar todos. Conheci-o como jogador e depois fora de campo. Só tenho coisas boas a dizer sobre ele. Ajudou-me muito. Quando cheguei a Espanha, ele já lá estava há mais tempo e ajudou-me fora e dentro de campo. Era com quem eu mais convivia. Estávamos juntos nos estágios», acrescenta.

Atualmente ao serviço do Vitória, na Série A brasileira - curiosamente o clube que vendeu ao Sporting o seu outro reforço deste verão, Alisson Santos -, Fabri jogou dois anos e meio com «Kocho» (ou Giorgi), como lhe chama. No total, jogaram juntos 56 jogos e o avançado canarinho conhece o médio georgiano, dentro e fora de campo, como poucos.

«Ele é muito concentrado em campo, muito ativo e dedicado. É 100 por cento dedicado ao que faz, tanto dentro, como fora de campo. Vive a 100 por cento o futebol todos os dias. Eu costumava dizer-lhe para relaxar um pouco nas folgas. Ele faz de tudo. Medita, faz treinos extra, treina em casa. Acho que vai dar certo no Sporting. Todos os clubes gostariam de ter alguém como ele», começa por dizer.

«É muito dedicado, muito focado em campo. Vão vê-lo a correr 100 minutos sem parar. Faz tudo o que pode em campo. Costumo dizer-lhe que gostava de ser como ele e conseguir correr 100 minutos sem se cansar e sempre com a mesma intensidade. Defende, ataca, faz golo, ajuda no que tem de ajudar», completa.

Por sua vez, até pela convivência entre ambos, Fabri acha que a língua não será um entrave: «Vai aprender facilmente a língua. Como teve esta convivência de dois/três anos comigo e com as nossas mulheres, ambas brasileiras, estávamos sempre a falar português. Não fala fluente, mas já entende muita coisa. Pelo que conheço, acho que vai ter muito sucesso. Ele é alguém que faz acontecer. Apesar de não conhecer o campeonato e a cultura, ele adapta-se muito bem. Como é dedicado, vai fazer dar certo. Vai encaixar muito bem no Sporting

De sorriso no rosto enquanto recorda o antigo colega e amigo, Fabri confia que Kochorashvili fará também os adeptos leoninos sorrir. Além disso, destaca a sua dedicação em melhorar os seus níveis exibicionais.

«Ficávamos sempre juntos nos estágios. Fui embora a meio da temporada passada e perguntei-lhe, mais tarde, se já tinha um novo companheiro de quarto. Disse que não e que ficou o resto da época toda sem ninguém. Eu já conhecia todos os costumes e rotina dele, que acredita que melhoram a sua performance. Tenta extrair o melhor de si na recuperação para melhorar em campo. Tem uma grande rotina no quarto e como eu já estava habituado a ela, não ligava muito. Encontrar um novo companheiro, mesmo que se treine juntos, é difícil», conclui.

Um Capitão América preocupado com a saúde mental

Se é fã do MCU (Universo Cinematográfico Marvel), certamente ficou intrigado com o vídeo de apresentação do Sporting de Kocho e recordou o primeiro filme do Capitão América - «Capitão América: O Primeiro Vingador» -, lançado em 2011.

Aquando da sua apresentação, em declarações às plataformas oficiais do clube de Alvalade, o georgiano já tinha falado desse carinho especial. Afinal, «usa» a sua pose para celebrar quando marca.

«Na história do Capitão América, diziam que ele era fraco, que não estava preparado. Depois, transformaram-no e salvou o mundo, ajudou as pessoas. Quando faço essa celebração, é para as crianças a quem dizem que não estão preparadas para o desafios. O que lhes digo é que se eu consegui e se o Capitão América conseguiu, vocês também conseguem. É preciso acreditar, trabalhar muito e ter disciplina», afirmou.

De resto, há uma evidente preocupação de Kochorashvili com a sociedade e outro dos seus focos, nos últimos anos, foi a saúde mental. O médio tem sido voz ativa sobre esta temática e é figura recorrente em discussões e fóruns sobre a mesma, destacando a importância da psicologia no desporto.

«Trabalho com o meu psicólogo desportivo desde 2020. Percebi que não me estava a divertir em campo como quando era criança. A meditação ajudou-me muito, principalmente quando me lesionei. Sentia a pressão de dececionar os meus pais e eles até me proibiram de falar sobre futebol com eles. Conversar com o meu psicólogo permitiu-me aliviar esse peso. A tensão que eu acumulava durante os jogos causava-me dor depois de dez minutos, algo que não acontecia nos treinos. Agora sei como lidar com essa pressão e gosto mais do futebol», explicou.

«As críticas afetam muito e aconselharam-me a deixar o Twitter, mesmo que eu queira saber o que estão a dizer. As pessoas só assistem aos 90 minutos, mas o mais importante é lembrar que o único que sofre ou aproveita cada dia sou eu. Acordo na segunda-feira às sete horas e já penso em como melhorar. Só se vê o relvado, mas às vezes a pressão não te deixa expressar tudo o que trabalhaste durante a semana», completou.

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