Gazeta Esportiva.com
·20 de novembro de 2025
Lanús, o clube austero que disputa finais continentais como os gigantes da Argentina

In partnership with
Yahoo sportsGazeta Esportiva.com
·20 de novembro de 2025

Sem dispor de um orçamento robusto, um clube de bairro disputa torneios continentais tendo a formação de jogadores como filosofia: o Lanús, que jogará no sábado sua quarta final continental em pouco mais de uma década — mais do que quase todos os grandes da Argentina.
Desde 2013, o Granate vive os maiores feitos de sua história, disputando uma final da Copa Libertadores e três da Copa Sul-Americana, incluindo a que acontecerá no próximo fim de semana contra o Atlético Mineiro, em Assunção.
Seu desempenho é enorme: na Argentina, apenas o gigante River Plate tem o mesmo número de decisões continentais nesse período.
Sem contratações de impacto e com uma gestão corporativa baseada no aproveitamento das categorias de base, o Lanús acumula mais finais nos dois principais torneios da América do Sul do que Boca Juniors (2), Independiente ou Racing de Avellaneda (1).
Até agora, apenas uma vez, na Sul-Americana de 2013, esse clube profundamente enraizado no sul de Buenos Aires foi recompensado com o título.
O Lanús também conquistou, em 1996, a extinta Copa Conmebol.
A equipe projeta “algo que seduz qualquer treinador”: “seriedade, união entre os dirigentes, algo atípico no nosso futebol”, disse o atual técnico Mauricio Pellegrino ao ser apresentado em janeiro.
“O que vence é a organização” Foto: Luis ROBAYO / AFP
A história do Lanús se divide em duas fases. A primeira vai de sua fundação, em 1915, até 2007, período marcado por crises, posições modestas no futebol argentino e vários rebaixamentos.
Tudo mudou com o primeiro título nacional: o Torneio Apertura de 2007, conquistado justamente na La Bombonera contra o Boca Juniors.
Desde então, com a presença de jogadores como o jovem Lautaro Acosta, o Granate percebeu que a chave estava na força de suas categorias de base.
“Os jovens impulsionaram o crescimento do clube”, explicou Pellegrino.
Com essa mesma fórmula, o Lanús venceu a Sul-Americana em 2013 contra a Ponte Preta, sob comando de Guillermo Barros Schelotto, que fazia sua estreia como treinador após a aposentadoria como jogador. Nessa campanha, eliminou o River Plate.
Mais tarde, sob comando de Jorge Almirón, a equipe alcançou a final da Libertadores 2017, marco histórico apesar da derrota por 3 a 1 para o Grêmio. Nas semifinais, havia eliminado o poderoso River de Marcelo Gallardo.
Em 2020, voltou a perder a final da Sul-Americana, para o Defensa y Justicia, mas teve o mérito de eliminar o Independiente, o tradicional “Rei de Copas”.
Ao longo desses anos, a diretoria orgulha-se da estabilidade do clube — algo raro entre os rivais.
“Por que o Lanús vai bem e equipes com muito mais receita não conseguem o mesmo?”, questionou o presidente Nicolás Russo em entrevista ao canal de streaming RAID. “Eu digo que organização contra organização vence o melhor, mas organização contra desorganização vence a organização”, respondeu. Foto: JUAN MABROMATA / AFP
A maior contratação da história do Granate, o meia ofensivo Marcelino Moreno, em janeiro, custou 2,7 milhões de dólares, segundo o Transfermarkt.
Muito distante do recorde do futebol argentino: a chegada de Cristian Medina ao Estudiantes de La Plata, por 14,4 milhões de dólares.
“O mais difícil no futebol é contratar — ainda mais quando não se tem dinheiro”, diz Russo.
Agora, embora esteja longe do topo no cenário argentino, o Lanús pode neste sábado se juntar ao grupo seleto dos clubes com duas conquistas de Sul-Americana, ao lado de Independiente e Boca.
Também fazem parte dessa lista Independiente del Valle, Liga de Quito e Athletico Paranaense.
“Era preciso fazer de tudo para chegar a uma final e colocar o Lanús novamente lá em cima”, disse o zagueiro Carlos Izquierdoz após a semifinal.









































