Última Divisão
·31 de maio de 2022
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·31 de maio de 2022
O histórico da seleção da Letônia em competições internacionais é modesto. Antes de integrar a União Soviética, a equipe passou perto de participar da Copa do Mundo de 1938, mas ficou fora.
A seleção perdeu a vaga para a Áustria na última rodada das eliminatórias europeias, mas os austríacos acabaram incorporados pela Alemanha frente o avanço do nazismo. Sem a equipe, a Fifa decidiu fazer aquele Mundial com uma seleção a menos.
A partir da década de 1990, os letões passaram a ter novamente uma seleção própria. Não conseguiram vagas (ainda) para uma Copa do Mundo, disputando as eliminatórias desde o torneio de 1994. Mas viveram seu ápice com uma vaga na Euro 2004.
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Para relembrar aquele momento, contamos aqui a jornada da seleção da Letônia desde a qualificatória, que se iniciou em 2002, até a histórica classificação para a Eurocopa em Portugal.
Nas eliminatórias, a Letônia caiu no Grupo 4 com Suécia, Polônia, Hungria e San Marino. E logo na partida de estreia, em 7 de setembro de 2002, um empate sem gols em Riga com a Suécia.
A Letônia Vvenceria a sua primeira partida já na rodada seguinte, contra a Polônia, graças ao gol de Imants Bleidelis. O resultado deixou uma imagem positiva, já que os poloneses vinham da participação na Copa do Mundo meses antes.
Na rodada seguinte, uma zebra das grandes quase aconteceu: San Marino não sendo derrotado. Porém, Carlo Valentini fez um gol contra aos 44 minutos do segundo tempo que deu aquela moral – um tanto injusta – à seleção letã. Menos de um mês depois, as duas seleções se reencontraram na Letônia, e os donos da casa venceram por 3 a 0.
A primeira derrota veio na quinta rodada, contra a Hungria: 3 a 1, com direito a dois gols de Imre Szabics. O resultado fez a seleção sueca tomar ainda mais a dianteira na tabela, que era algo completamente previsível.
Após folgar na rodada seguinte, a seleção letã resolveu se complicar ainda mais, após perder para a sua rival direto para a vaga dos playoffs, a Polônia, por 2 a 0. Mirosław Szymkowiak e Tomasz Kłos foram os responsáveis pelo baque dos Onze Lobos.
O cenário na penúltima rodada, em 10 de setembro, era o seguinte: Letônia x Hungria, Polônia x Suécia, e San Marino de folga. A Suécia era líder, com Polônia em segundo e Letônia em terceiro. Os letões precisavam vencer e torcer para uma eventual derrota da Polônia, para herdar a segunda colocação que daria a eles uma passagem para a repescagem.
Pois a Letônia venceu por 3 a 1 e Suécia ganhou por 2 a 0. A Letônia agora era vice-líder, não podendo tropeçar na rodada final, quando tinha um duro compromisso: a Suécia fora de casa. Nessa altura do campeonato, a Suécia já estava classificada diretamente para a Euro.
Na rodada final, as mais de 30 mil pessoas no estádio Råsunda viram a sua seleção “de ressaca” perder para a Letônia por 1 a 0, gol de Maris Verpakovskis. A vitória foi crucial, já que a então esperançosa seleção polonesa havia vencido a Hungria por 2 a 1.
No fim, a Suécia somou 17 pontos e garantiu vaga direta à Euro 2004. A Letônia ficou com 16 e terminou como vice-líder. Polônia (13) e Hungria (11) ficaram pelo caminho. San Marino, que perdeu os oito jogos que disputou, ficou com a lanterna.
Dez seleções chegaram aos playoffs com a última chance de classificação para a Euro, todas como vice-líderes de seus grupos: Eslovênia, Noruega, Holanda, Letônia, Escócia, Espanha, Turquia, Croácia, Gales e Rússia.
A Letônia teve a ingrata missão de ter a seleção turca como a sua adversária. Vale lembrar de que a Turquia havia feito uma Copa do Mundo memorável um ano antes, ficando em terceiro lugar.
Em 15 de novembro de 2003, jogando no Skonto Stadium, a seleção letã venceu por 1 a 0, com gol do artilheiro Maris Verpakovskis.
Na volta, quatro dias depois, tudo estava desmoronando: a seleção turca abriu 2 a 0, com Ilhan Mansiz e Hakan Şükür, e ia se classificando para a Euro.
Aos 21 da etapa final, Juris Laizāns fez o gol que recolocou a seleção letã de volta a vaga. Doze minutos depois, Maris Verpakovskis fez o gol que selou de vez a sua inédita e árdua classificação para a Euro.
Dá para dizer que os letões já eram vencedores só pelo fato de estarem em uma Eurocopa. E o sorteio não deu muitas esperanças além disso, colocando a equipe no Grupo D, ao lado de Holanda, Alemanha e Tchéquia.
Logo na estreia, contra os tchecos, os comandados do técnico Aleksandrs Starkovs chegaram a fazer uma graça, saindo na frente no placar, com gol de Verpakovskis nos acréscimos do primeiro tempo. Porém, na segunda etapa, Milan Baroš e Marek Heinz colocaram ponto final na zebra que estava acontecendo.
Na segunda rodada, uma zebra: empate sem gols com a Alemanha, que começava o seu momento de transição após entre as Copas do Mundo de 2002 e 2006, mas não deixa de ser uma das maiores seleções do mundo.
A Letônia chegou na última rodada no direito de ainda sonhar com uma classificação, mas a Holanda não estava para brincadeira e fez 3 a 0, colocando o seu ponto final em uma aventura digna de best seller. Ruud Van Nistelrooy (dois) e Roy Makaay marcaram.
Passados 18 anos, aquela seleção toda já se aposentou. E que fim levou cada um?
(Entre parênteses, a idade à época)
GOLEIROS
Aleksandrs Koļinko (28)
Participou das três partidas da seleção na Euro e logo em seguida viria a se transferir do FC Rostov para o Rubin Kazan. Até hoje é o goleiro que mais vezes atuou pela seleção (94). Aposentou-se da seleção em 2015 e seu último trabalho foi como treinador de goleiros da seleção, em 2020.
Andrejs Piedels (33)
Um dos ídolos do Skonto Riga, ele assistiu toda a Euro do banco. Aposentar-se-ia da seleção no ano seguinte e do futebol em 2010. Seu último trabalho foi como treinador de goleiros do Riga FC, em 2020.
Andrejs Pavlovs (25)
Terceiro goleiro, ele teve uma história extremamente curta pela seleção, com apenas duas partidas disputadas. Surgiu na equipe da polícia letã, Policija Riga. Acabaria não firmando em praticamente nenhuma equipe. Aposentou-se no Spartaks Jurmala, aos 39 anos.
DEFENSORES
Igors Stepanovs (28)
Era um dos mais experientes em âmbito internacional da seleção (desde 1995), tendo passagem pelo Arsenal. Na época, atuava pelo KSK Beveren (Bélgica) e já tinha 68 aparições pela seleção letã. Pendurou as chuteiras em 2011, somando cravados 100 jogos pela Letônia. Atualmente treina a seleção sub-19 de Maldivas.
Mihails Zemļinskis (34)
Vivendo o seu penúltimo ano de carreira, ele foi recompensado com a ida para Portugal em 2004. Desde 1992 servindo a seleção, Zemļinskis era o segundo com mais jogos pela seleção entre todos os atletas que foram para a Euro – ao total, foram 105 aparições. Atualmente trabalha na comissão técnica do Spartaks Jurmala.
Oļegs Blagonadeždins (31)
Teve uma carreira longeva pelo Skonto Riga pele seleção, e se aposentaria do selecionado nacional após a Euro. Ao todo, foram 70 aparições em 11 anos servindo a seleção. O seu último trabalho foi pelo Super Nova, em 2019.
Aleksandrs Isakovs (30)
Nome importante no país, aposentou-se da seleção em 2005 e do futebol em 2007, após atuar pelo Daugava, e desde então não se envolveu mais no esporte. Ao todo, foram oito anos defendendo a seleção.
Maris Smirnovs (28)
Pouco atuou pela seleção (21 jogos ao todo) e foi um dos pilares da equipe do Ventspils, por onde atuou por quatro anos. Chegou a trabalhar pela equipe, após se aposentar.
Dzintars Zirnis (27)
Ídolo máximo do extinto Liepājas Metalurgs (Hoje FK Liepāja), com mais de 400 jogos disputados, Zirnis teve uma longa carreira pela seleção – ao todo, foram sete anos. Embora nunca tenha feito um gol pela Letônia, até hoje ele é lembrado por lá. Só teve uma experiência como treinador, pelo Dinamo Riga.
Igors Korabļovs (29)
Outro que não disputou tantos jogos pela seleção, mas teve uma carreira digna no futebol local. Teve maior relevância na época do Gulbene, onde desempenhou o papel de jogador-treinador, e se aposentou no RTU em 2016.
Artūrs Zakreševskis (32)
Desde 1995 atuando pela seleção, ele também teve o gostinho de poder desfrutar da histórica ida de sua seleção para a Euro. Aposentou-se da seleção em 2007 e do futebol em 2008. Desde 2012 treina a equipe do Alberts, da segunda divisão local.
MEIO-CAMPISTAS
Vitalijs Astafjevs (33)
Capitão, jogador que até hoje mais atuou pela seleção e maior nome da história da Letônia, Astafjevs serviu a seleção por 18 anos. Um dos poucos que tiveram uma carreira longeva fora do país, jogou as tres partidas da Euro entre as 167 em sua carreira pela seleção. Atualmente é auxiliar-técnico do Aris Limassol, do Chipre.
Juris Laizāns (25)
Volante, foi outra figura importante da seleção, antes mesmo de os letões irem para a Euro. Embora não tenha se identificado em nenhum clube, foram 15 anos servindo a seleção. Por oito foi olheiro do Krasnodar, cargo este que deixou no começo de 2022.
Imants Bleidelis (28)
Outro com mais de 100 partidas disputadas pela seleção, chegou a se aventurar no Viborg (Dinamarca). Aposentou-se da seleção em 2007, tendo atuado 106 vezes e marcando 10 gols.
Andrejs Rubins (25)
Camisa 10, faz parte do seleto grupo de jogadores que mais atuaram fora do país. Disputou 113 partidas em 13 anos servindo a seleção. Atualmente é o auxiliar do ENAD Polis, do Chipre.
Jurģis Pučinsks (31)
Teve uma carreira bem curta pela seleção, com 14 aparições em três anos. Teve maior relevância pelo já extinto Dinaburg, clube banido de maneira vitalícia por manipulação de resultados. Atualmente continua ligado a seleção letã: é o treinador da equipe sub-17.
Valentīns Lobaņovs (32)
Um dos mais experientes, Lobaņovs serviu por 11 anos a seleção (de 1994 a 2005) e teve uma maior ligação com o Skonto FC, pelo qual teve três passagens.
Andrejs Stolčers (29)
Com uma boa bagagem na carreira até mesmo antes de disputar a Euro, com passagens por Shakhtar Donetsk e Fulham, Stolčers também faz parte da “Classe de 1994”, começando sua carreira pela seleção, durando até 2005. O seu último trabalho foi como treinador do Eastern SC (Hong Kong) em 2020. Chegou a treinar também a base do Fulham.
ATACANTES
Andrejs Prohorenkovs (27)
Jogava também como meia, mas pela seleção foi atacante na maioria das vezes. Com certa rodagem fora da Letônia até então, Prohorenkovs teve o seu nome pouco marcado pela seleção letão em questão de performance. O jogador se aposentaria da seleção em 2007 e penduraria as chuteiras aos 39 anos, pelo FK Ogre. Desde então se afastou de qualquer função no esporte.
Marians Pahars (27)
Titular indiscutível e até então o mais conhecido internacionalmente em meio aos letões, Pahars teve uma passagem muito boa pelo Southampton, que até hoje é lembrado por muitos. Com 15 gols pela seleção, é um dos maiores artilheiros da história de seu país. Aposentou-se da seleção em 2007 e parou em 2010, aos 34 anos. Entre as aventuras como treinador, destaque para uma passagem relâmpago: ficou apenas um mês frente ao Siena em 2021.
Mihails Miholaps (29)
Maior artilheiro da história do Skonto Riga, com assombrosos 94 gols em 157 partidas em jogos oficiais. Muito se esperava dele pela seleção, mas só fez dois gols em 32 partidas, e um período de sete anos (1998 a 2005). Seu último trabalho foi como auxiliar, pelo Valmiera, da elite letã.
Vīts Rimkus (30)
Ídolo e artilheiro máximo do Ventspils, com 142 gols em 221 partidas, ele é um dos nomes mais respeitados de seu país. Pela seleção, foi figura importante na sua jornada até a Euro. Jogou por sua seleção até 2008 e pararia definitivamente a sua carreira em 2016, pelo Skonto FC.
Maris Verpakovskis (24)
Para finalizar, o principal nome da seleção na qualificatória e também na campanha da Euro, fazendo o primeiro e único gol da seleção letã na história da Euro. Até hoje é o maior artilheiro da história da seleção, com 29 gols. Chegou a ficar 8 anos no Dynamo Kyiv, porém pouco atuou. Aventurou-se por Espanha, Croácia, Azerbaijão, entre outros, mas não se destacou em nenhum dos países. Se aposentou da seleção em 2014 e a sua atuação como jogador foi em 2015, pelo Liepāja.
TREINADOR
Aleksandrs Starkovs
Ídolo do Daugava Riga e da seleção como treinador, Starkovs teve cinco passagens pela comissão técnica da seleção, sendo duas como auxiliar. Atualmente com 66 anos, o seu último trabalho foi pelo Liepāja.