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·15 de dezembro de 2021

Lisandro López deixou o Racing como uma lenda por seus feitos em campo e também pelo caráter como líder

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A história de Lisandro López no Racing não é daquelas que se recontam apenas por números ou troféus. Licha possui suas glórias com a Academia, em especial pela maneira como liderou o time ao título de 2019, e se consagrou como maior artilheiro do clube nas últimas quatro décadas. Ainda assim, a relação construída em Avellaneda é a do filho querido do clube que se torna mais um torcedor em campo – o mais importante, pela liderança e protagonismo. Em três passagens pelos albicelestes, o camisa 15 disputou 228 jogos e anotou 79 gols. Despediu-se de maneira repentina, com a saída decidida por conta da saúde debilitada de sua mãe, mas que rendeu aplausos calorosos e uma imagem para sempre no Cilindro.

Lisandro López surgiu como uma surpresa nas categorias de base do Racing. O centroavante foi reprovado em vários clubes e ganhou uma chance em Avellaneda quando já tinha 18 anos. Chegou num momento de transformação, naquele 2001 que viu os albicelestes fugirem do abismo para encerrarem o jejum de 35 anos sem vencer o Campeonato Argentino. Licha viveu aquilo de dentro, até estrear na equipe principal em 2003. Logo caiu nas graças da torcida e se firmou como uma grande promessa, por sua explosão e por seu faro de gol.


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Já em 2004, Lisandro López pintou como artilheiro do Apertura, algo que não acontecia com um jogador do Racing desde os anos 1960. Tinha muita personalidade e o talento não passou despercebido entre os clubes europeus. Já em 2005, Licha assinou com o Porto. Mas aquele adeus seria tratado pela torcida como um até logo, na espera por seu retorno. Em suas vivências no exterior, o atacante teve grandes momentos no Porto e no Lyon. Também marcou seus gols de maneira mais limitada no Al Gharafa e no Internacional. Não virou exatamente um jogador de seleção, com apenas sete jogos pela Albiceleste, mas seria reconhecido como um dos melhores atacantes argentinos em atividade.

A volta de Lisandro López ao Racing aconteceu em 2016. Seria um herdeiro de Diego Milito, que encaminhava o final de sua carreira com a Academia e tinha para quem passar a braçadeira de capitão. O camisa 15 ainda levou um tempo para engrenar neste retorno ao Cilindro, mas se afirmou de vez como ídolo. Em 2018/19, Licha seria artilheiro do Campeonato Argentino outra vez depois de 15 anos. Melhor que isso, acabou como grande protagonista na equipe de Eduardo Coudet para o título nacional. Aquela relação de carinho com a torcida se tornaria eterna.

Lisandro López era respeitado por seu talento e pela forma como continuava produzindo em alto nível, mas também por seu senso de responsabilidade e pela forma como sempre se provava decisivo. Os clássicos contra o Independiente eram um deleite ao capitão, que teve atuações marcantes (com gol de bicicleta nesta lista) e participou de vitórias inesquecíveis. Além do mais, Licha se colocava sempre como uma referência aos mais jovens e, com isso, ajudou na afirmação de prodígios racinguistas. Lautaro Martínez e Matías Zaracho foram dois que se beneficiaram dessa relação.

Em 2021, Lisandro aceitou uma proposta do Atlanta United, onde ajudaria o amigo Gabriel Heinze. Parecia sua saída definitiva de Avellaneda. Porém, seu pai faleceu e sua mãe atravessa um delicado problema de saúde. De volta ao Racing em julho, ainda capitaneou a equipe numa morna campanha no Campeonato Argentino e marcou seus três últimos gols com a camisa albiceleste. Mas, por conta da situação familiar, Licha preferiu voltar a Rafael Obligado, sua cidade natal. Nem que para isso tenha se despedido dos racinguistas de vez.

Sem as condições físicas ideias, Lisandro López disputou apenas os 15 minutos iniciais contra o Godoy Cruz no sábado, pelo Campeonato Argentino. O técnico Fernando Gago sacou o capitão logo cedo para fazer também uma referência à camisa 15 e oferecer uma homenagem mais simbólica no Cilindro. Os aplausos dos torcedores do Racing foram massivos e a reverência era tanta que até o árbitro deixou de lado os protocolos para abraçar Licha. O centroavante teve um gol anulado por impedimento, mas quis o destino que seu substituto, Javier Correa, marcasse os dois gols no triunfo da Academia por 2 a 1 e assegurasse a vaga na Copa Sul-Americana.

Lisandro López ainda não bateu o martelo se esta é a sua aposentadoria do futebol. Às vésperas de completar 39 anos, ele vai pensar na família durante as próximas semanas e cuidar da mãe hospitalizada, antes de dar sua resposta definitiva. A imprensa argentina até especula que ele possa atuar pelo Sarmiento de Junín, localizado nos arredores de Rafael Obligado. Mesmo uma quarta passagem pelo Racing não parece totalmente descartada. Mas, diante do risco de que este sábado providenciasse a última vez, a torcida racinguista fez questão de transmitir sua gratidão a um dos maiores da história do clube – tanto por seu caráter quanto por seu peso em campo.

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