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·16 de novembro de 2025

Luana celebra Copa do Mundo e relembra trajetória: "E se eu não tivesse tentado'?"

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A história de Luana, ala da Seleção Brasileira Feminina de Futsal, começa como de muitas outras meninas que tinham paixão por jogar bola. Cianorte, no noroeste do Paraná, foi o cenário da infância da atleta. Jogava descalça no campo, na rua do bairro, no quintal e finais de semana com os amigos nas quadras públicas.

O caminho dela esteve longe de ser fácil. Enfrentou preconceitos, dificuldades financeiras e até falta de apoio dentro de casa. Luana conta que precisou de determinação e perseverança para seguir no futsal. Hoje, integrando o grupo que representa o Brasil às vésperas da primeira Copa do Mundo Feminina de Futsal da FIFA, Luana olha para trás e conta sobre desafios e conquistas em entrevista à CBF TV.


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Luana comemora gol marcado contra a Nova Zelândia no Championship Thailand 2025 em Nakhon RatchasimaCréditos: Fabio Souza/CBF

"É legal olhar para trás e pensar, e se eu não tivesse tentado, se aquela Luana que era novinha tivesse ouvido o que as pessoas diziam na parte do preconceito, a questão da avó não apoiar, onde ela estaria, o que ela estaria fazendo? Mas eu fico muito feliz de olhar para trás e saber que eu tive persistência e perseverança e poder ver chegar onde eu cheguei."

Luana tem memórias marcantes da sua trajetória até chegar a Seleção Brasileira. Foi na escola que o talento despertou muita atenção. O professor, percebendo seu potencial, começou a orientá-la. “Ele via que eu tinha dom. Dizia que eu deveria conversar com minha família e investir nisso.”

Mas convencer a família não era tão simples. Criada pela mãe, Marisa, e pela avó, D. Maria das Graças, Luana cresceu em uma família humilde e aprendeu desde cedo o peso das responsabilidades. A avó não via o futsal como alternativa de futuro. "A minha avó não via esse retorno para eu conseguir ajudar em casa, então a forma que ela viu que eu poderia fazer isso é trabalhando, e deixando de praticar o futsal, mas eu consegui ir convencendo ela que era meu sonho, e ela foi respeitando a minha escolha."

Hoje, tudo mudou e Luana tem total apoio. A mãe e avó gostam de assistir aos jogos. A irmã pequena fica em frente a Tv assistindo e torcendo. “Ter esse apoio hoje é muito importante pra mim.”

TRAJETÓRIA NO FUTSAL

Aos 15 anos, Luana entrou para as categorias de base do Café Futsal (hoje Cianorte Futsal). Quando encerraram a base no clube, ela, aos 16 anos, teve a oportunidade de subir para time adulto. “Era uma responsabilidade enorme. Mas eu agarrei a oportunidade. Desde 2016 passei a fazer parte do profissional.”

Foram seis anos no clube da cidade, período em que se firmou como atleta, conquistou títulos expressivos, como Libertadores e Supercopa, amadureceu e até concluiu sua graduação em Educação Física, graças à parceria entre clube e universidade. Foi quando recebeu proposta do Stein Cascavel. Era hora do próximo passo. “Decidi dar um passo maior na carreira. Estou no Stein desde 2022.”

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Luana é bicampeã da Libertadores com o Stein CascavellCréditos: Divulgação Conmebol

SELEÇÃO BRASILEIRA

Em 2021, o sonho de vestir a camisa da Seleção Brasileira chegou antes do previsto. Na primeira convocação, Luana tinha 21 anos e estava no último ano no Cianorte. Ela não esperava. “Era só para treinamento, mas não muda a emoção. Quando você veste essa camisa, já sabe que uma porta está se abrindo. Ver a bolsa personalizada, meu nome, meu tamanho de roupa. Foi mágico.” Dois anos depois, em 2023, estreou em competição no Torneio Internacional de Xanxerê.

A convocação para a primeira Copa do Mundo FIFA foi uma surpresa. No momento do anúncio da lista ela estava acompanhada com as colegas de equipe, em um pré-jogo no Stein. “Eu confesso que não esperava. Meu nome foi o último entre as alas. Todo mundo na expectativa, nervoso… Quando saiu, foi uma explosão de alegria.”

PREPARAÇÃO PARA O MUNDIAL

O Brasil passou por etapas importantes: Lages, Granja Comary e agora Tailândia, cada uma contribuindo para o processo de amadurecimento da equipe. Os ciclos de treinamento para o Mundial foram intensos. “Em Lages, cada uma chega com um estilo do seu clube. No começo é difícil encaixar. Mas trabalhamos muito.”

Na Granja, veio o sentimento mais forte de ser atleta da Seleção Brasileira. A estrutura completa e a convivência na casa das Seleções elevaram o nível de competitividade e união. “Lá a gente se sente pertencente. Chegamos na Tailândia muito mais preparadas e unidas. A força coletiva cresceu muito.”

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Luana durante partida contra Nova Zelândia em torneio preparatório para Copa do Mundo FIFACréditos: Fabio Souza/CBF

A PRIMEIRA COPA DO MUNDO FIFA DA HISTÓRIA

A Copa do Mundo Feminina de Futsal da FIFA será a primeira da história. Luana entende o significado e a dimensão do que está por vir. Não é só uma competição. É um marco. “O nível mundial cresceu muito. É ótimo para o futsal feminino. Isso é ótimo para nossa visibilidade. As pessoas vão ver que merecemos estar nesses lugares.”

Sobre favoritismo, ela é mantém os pés no chão. “A gente sabe da nossa qualidade. Mas favoritismo vem de fora. Aqui dentro, somos um grupo, valorizamos o coletivo. A gente não carrega isso com a gente, só a nossa responsabilidade e a força que a gente tem enquanto grupo.”

LEGADO PARA OUTRAS GERAÇÕES

Luana fala com maturidade de quem sabe que todas as 24 seleção que vão disputar a primeira Copa do Mundo vão fazer história na modalidade. Ela avalia o impacto do que está vivendo e sobre o que isso representa para o futuro.

“Penso muito nas gerações anteriores. O quanto as mulheres lutaram para conquistar pequenos espaços. A gente só chegou aqui porque elas não pararam.”

E deixa um recado para quem virá. “Minha mensagem é que as próximas gerações continuem lutando. Quando chegar a vez delas, que lutem pelas próximas. O Brasil é isso. Essa camisa é isso.”

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