Calciopédia
·09 de janeiro de 2022
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Falar sobre o quão importante Diego Maradona foi para a conquista do primeiro scudetto do Napoli é chover no molhado. O argentino ganhou o status de lenda em Nápoles por ter levado ao título nacional um time que, no papel, era inferior ao dos gigantes italianos. Na empreitada, El Diez teve a ajuda de alguns jogadores que, se não eram fantásticos, também tiveram papel imprescindível para a coroação dos azzurri no campeonato de 1986-87. O ponta-direita Luigi Caffarelli foi um deles.
Napolitano, Caffarelli nasceu em 1962 e foi uma cria da base do clube de sua própria cidade. Ponta-direita que também podia atuar centralizado, como segundo atacante, Luigi foi alçado ao time principal no fim da temporada 1980-81, quando tinha 18 anos, mas não entrou em campo. O garoto foi relacionado para diversas partidas do Napoli também na campanha seguinte. Apesar disso, só estreou profissionalmente com outra camisa: a da Cavese.
Em 1982, para ganhar experiência, o ponta foi emprestado à Cavese, equipe da cidade de Cava de’ Tirreni, localizada a cerca de 50 km de Nápoles. Os metelliani disputavam apenas a segunda temporada de sua história na Serie B e Caffarelli contribuiu para um feito ainda mais impressionante. Com 23 jogos e cinco gols, Luigi ajudou a agremiação a ficar a apenas quatro pontos de uma vaga inédita na elite do futebol italiano. Os blufoncé chegaram a vencer o Milan em pleno San Siro e empataram com o gigante em casa – graças a um tento do napolitano. Com resultados impressionantes, como os citados, terminaram o certame na sexta posição.
O bom trabalho na segunda divisão fez com que o Napoli apostasse no jovem jogador a partir da temporada 1983-84. A diretoria atendeu ao pedido de Pietro Santin, que era o técnico da Cavese e aportou no maior clube da Campânia naquele verão. Na equipe que contava com o brasileiro Dirceu, Caffarelli teve uma participação razoável em seu primeiro ano efetivo entre os adultos dos azzurri, com 24 aparições na liga e um gol anotado. Mesmo após a demissão do treinador e a chegada de Rino Marchesi, Luigi continuou a ter chances no time.
O Napoli terminou a temporada apenas na 11ª colocação, o que motivou o presidente Corrado Ferlaino a abrir o bolso e ir buscar o controverso Maradona no Barcelona. El Pibe, porém, não foi o único a desembarcar no sul da Bota. Salvatore Bagni, Domenico Penzo e Daniel Bertoni também encorparam o elenco, que continuava sob a batuta de Marchesi. É claro que a presença de Diego levou os partenopei a outro patamar na Itália, embora o primeiro ano do argentino no clube não tenha feito o time ir além da oitava colocação. O posicionamento não foi dos melhores, mas Caffarelli viveu a afirmação pelos azzurri: só ele e Dieguito disputaram as 30 partidas da Serie A naquela campanha.
Nascido em Nápoles, Caffarelli teve os melhores momentos de sua carreira no time de sua cidade (Juha Tamminen)
O Napoli de Marchesi e, depois, de Ottavio Bianchi se caracterizou por ter uma rotação muito grande em seu elenco, tanto é que, na temporada anterior ao título italiano, 13 jogadores fizeram mais do que 20 partidas na Serie A – que, naquela época, tinha apenas 30 rodadas. Caffarelli, aliás, foi um dos atletas que mais atuaram em toda aquela campanha: participou de 31 pelejas entre campeonato e Coppa Italia, ficando atrás apenas de Bagni, do goleiro Claudio Garella e do líbero Alessandro Renica. Era uma peça que Bianchi gostava de colocar em campo na segunda etapa para aproveitar espaços nas defesas rivais.
Em 1986-87, o jogador de 24 anos perdeu um pouco de espaço devido à contratação de Andrea Carnevale. No entanto, atuando aberto pela direita, quando esteve em campo deu apoio a Bruno Giordano, o próprio Carnevale e, claro, Maradona. Polivalente, ele jamais se opôs a fazer o simples para que o grande craque daquele time ficasse livre, leve e solto na campanha que culminou no scudetto. Caffareli foi um dos 12 integrantes do elenco que haviam nascido na Campânia, mas era um dos dois únicos realmente nascidos em Nápoles, ao lado de Ciro Ferrara.
Maradona não fazia o que queria apenas dentro de campo, mas também fora dele. E ninguém se importava com isso, afinal, era Diego. “Se havia um treino na terça-feira, ele não treinava. Ficava apenas na massagem, mas não tinha problema ele não treinar. Ele precisava descansar porque tinha outros jogadores, como eu, que corríamos por ele”, contou Caffarelli, em entrevista ao site oficial do Napoli.
O camisa 10 era um líder nato e jamais desacreditou de seus companheiros. “Ele nos ajudou a sair da longa fila. Ele nos encheu de energia para vencer o campeonato. Ele foi o primeiro a nos convencer de que poderíamos vencer (o scudetto)”, disse. “Com Diego vivi três anos maravilhosos, vencendo um scudetto e uma Coppa Italia. Com sua presença, tudo melhorou: nós, jogadores, o time, a imagem da cidade. Ele foi o ícone de um povo”, acrescentou, em conversa com o site CalcioNapoli24.
Após vencer o scudetto e também a copa nacional, Luigi encerrou a sua passagem pelo clube napolitano com 128 jogos e 11 gols marcados. Em julho de 1987, a diretoria o envolveu em uma troca com Paolo Miano, meia de muito sucesso na Udinese, mas que não conseguiu se firmar na Campânia. Caffarelli seria um dos tantos nomes a fazer a troca entre Nápoles e Údine, como já haviam feito seus ex-companheiros Bertoni e Paolo Dal Fiume, anos antes. Porém, sua trajetória com a camisa bianconera durou apenas uma temporada: os friulanos, que haviam sido rebaixados para a Serie B, não conseguiram retornar à elite e liberaram o ponta.
Coadjuvante no Napoli campeão italiano, Caffarelli fez trabalho de formiguinha para Maradona brilhar (imago)
Já no ano seguinte, Caffarelli rumou ao Pescara, clube em que permaneceu durante três temporadas. Nos Abruzos, que disputavam a primeira divisão, o ponta encontrou um trio brasileiro formado pelos meias Júnior e Tita, ambos campeões mundiais de 1981 com a camisa do Flamengo, e o atacante Edmar, com passagem por Cruzeiro, Guarani e Corinthians. Aquele time ainda contava com o supracitado Miano e a experiência de Gian Paolo Gasperini. No entanto, mesmo com tanto bons nomes, os golfinhos afundaram e retornaram à Serie B.
Caffarelli foi reserva na campanha de 1988-89. Apesar de não ter se firmado no Pescara, permaneceu no clube para a disputa da Serie B – e nem mesmo na segundona conseguiu se tornar titular. Os biancazzurri não foram capazes de retornar à elite em nenhuma duas temporadas seguintes e, assim, prestes a completar 30 anos, Luigi, escanteado, trocou de ares.
Em 1991, o jogador assinou com o Giulianova, então na Serie C2. Em queda vertiginosa, Caffarelli não conseguiu ajudar o time a sequer permanecer na divisão e amargou o rebaixamento à quinta categoria. Na temporada seguinte, Luigi encerraria sua carreira após mais uma campanha na C2, dessa vez pelo Avezzano. Sequer tinha 31 anos.
Sua história com o Napoli, porém, ainda não havia terminado. Quatro anos após pendurar as chuteiras, foi convidado para ser treinador das categorias de base dos azzurri. Por lá, Caffarelli ficaria por quase uma década, antes de ser promovido a auxiliar de Gian Piero Ventura e depois de Edoardo Reja na equipe principal, que estava na terceira divisão em 2005. Depois, Luigi voltou a trabalhar como técnico do setor juvenil. Desde 2012, se tornou o responsável por recrutando novos talentos para o clube da Campânia.
Luigi Caffarelli Nascimento: 7 de julho de 1962, em Nápoles, Itália Posição: ponta-direita Clubes: Napoli (1981-82 e 1983-87), Cavese (1982-83), Pescara (1988-91), Giulianova (1991-92) e Avezzano (1992-93) Títulos: Serie A (1987) e Coppa Italia (1987)