Gazeta Esportiva.com
·21 de janeiro de 2020
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O futuro de Rony ainda não foi decidido puramente por causa de uma divergência entre Athletico-PR e os profissionais que gerem a carreira do jogador. Corinthians e Palmeiras são os maiores interessados na contratação do atleta de 24 anos.
A Gazeta Esportiva obteve informações exclusivas e traz detalhes dessa polêmica negociação que deve ser concluída até o fim desta semana, para o bem ou para o mal.
O Corinthians evita ao máximo se expor por ciência da dificuldade do negócio e por receio do que uma nova frustração na torcida pode gerar de pressão em cima da diretoria de futebol depois do caso Michael, mas o clube do Parque São Jorge foi, de fato, o primeiro a abrir conversa para tentar adquirir Rony, isso antes mesmo da virada do ano. Luis Augusto Carvalho, o Luisinho Piracicaba, é o intermediário nas tratativas.
O Palmeiras chegou depois e por meio de Anderson Barros, diretor de futebol do clube alviverde, sem a mesma cautela.
Tanto Corinthians quanto Palmeiras estão dispostos a arcar com 6 milhões de euros por 50% dos direitos de Rony. O salário do atacante também seria o mesmo nos dois clubes, praticamente o triplo do que o jogador recebe atualmente, e com validade de quatro temporadas. Nestes quesitos, as tratativas caminham idênticas.
A diferença é que o Palmeiras topa pagar 500 mil dólares de luvas, uma espécie de premiação pela assinatura do contrato, muito comum nestes casos, e também cogita envolver um jogador de seu elenco na negociação.
O Corinthians, por ora, não propôs pagamento de luvas e, sem isso, dificilmente conseguirá levar o jogador.
A situação pode mudar, mas a cautela é realmente grande pelo lado alvinegro, que sequer colocou a proposta na mesa até agora, tudo segue no campo da conversa.
A proposta do Palmeiras já é oficial.
Sobre Corinthians e Palmeiras, Rony está “neutro”. Pesa a favor do Timão a relação do jogador com o técnico Tiago Nunes e o encantamento do atacante pela Fiel Torcida. Mas, o respeito por Vanderlei Luxemburgo e a boa relação de Anderson Barros com o empresário de Rony, algo oriundo da época que o dirigente alviverde trabalhava no Botafogo, deixam a situação totalmente “sem favorito”.
O futuro de Rony não deve demorar para ser decidido. A reportagem recebeu informações de que há reuniões agendadas para acontecer entre esta terça e quarta-feira entre Petraglia e representantes de Corinthians e Palmeiras, pessoalmente e em momentos distintos.
A expectativa maior entre todos é saber se o Corinthians vai dar uma cartada ou se deixará de vez o caminho aberto para os palmeirenses.
Oficialmente, os clubes paulistas não confirmaram os encontros. O Corinthians, aliás, diferente de seu arquirrival, nega até que ainda esteja na disputa por Rony. A postura, porém, contraria o discurso das outras partes envolvidas e é vista com estranheza.
Mario Celso Petraglia, presidente do Conselho Deliberativo e responsável pelas decisões no departamento de futebol do clube paranaense, entende que deve repassar, por força de contrato, 1 milhão de dólares ao staff de Rony, independente do valor a ser recebido em uma eventual venda do jogador.
O texto do documento, no entanto, não garante essa condição ao dirigente. O acordo firmado alerta para que no caso de Rony ser comprado por outro clube por um valor acima de R$ 2,5 milhões, quantia esta paga pelo Athletico à época da aquisição do atleta, haveria então um “equilíbrio” da compensação entre as duas partes.
Como o Athletico-PR está interessado em vender 50% dos direitos econômicos de Rony por 6 milhões de euros, exatamente a metade da multa rescisória, a situação se enquadraria na observação contratual.
E se assim for feito, no trato, Rony seguiria para seu novo time e dividiria com o Athletico-PR a metade restante de seus direitos, ou seja, cada parte ainda manteria 25%.
Portanto, é importante destacar que houve, sim, uma promessa verbal de Petraglia e Marcio Lara, vice-presidente athleticano, ao staff de Rony, mas, não foi só isso. A cláusula existe e o que se tem agora é uma discussão sobre a interpretação do que está exposto no papel, principalmente porque o texto cita “equilíbrio” e não é direto em dizer que cada parte ficaria com 50%.
O documento de adendo entre Athletico e Rony foi formulado em 2018 apenas porque a legislação da Fifa não permitia a inclusão de porcentagem de direitos federativos aos jogadores nos contratos, algo que atualmente é autorizado pela entidade que comanda o futebol no mundo.
Por isso, os advogados criaram este acordo para tratar de uma futura negociação. Foi uma maneira de garantir uma compensação a Rony e concretizar o negócio junto ao Furacão, que na época não se opôs.
Em dezembro de 2019, o Athletico-PR recebeu as primeiras sondagens por Rony. Imediatamente, o clube procurou o empresário do jogador para conversar sobre uma renovação de vínculo, algo que não estava programado para aquele momento.
Em reunião, Petraglia ofereceu um aumento salarial de aproximadamente 30% ao atleta e nada mais, nem mesmo o pagamento de luvas.
A proposta causou estranheza pela maneira como foi apresentada, às pressas, e não agradou nenhum um pouco. Rony tem contrato com o clube rubro-negro até março de 2021 e terminou a última temporada como um dos melhores do país em sua posição.
Ao perceber resistência, Petraglia afastou imediatamente Rony do elenco, avisou que ele não jogaria mais até tudo ser definido, chegou a falar diretamente ao atacante que ele poderia sofrer o mesmo que Dagoberto para deixar o clube (precisou de uma longa briga nos tribunais em 2005) e, por último, o colocou para treinar com o time B.
O problema é que nenhuma destas ações surtiu efeito. Rony está alinhado com seu empresário e também com seu advogado. O trio promete não ceder, nem que isso mantenha Rony afastado até o fim de seu atual vínculo.
O Athletico está ciente da postura adotada e, por ora, tem mantido o salário de Rony em dia por receio de sofrer uma ação e perder o jogador por determinação da Justiça.
Rony pode assinar um pré-contrato com qualquer outra equipe a partir de outubro. Nestas condições, o Furacão não receberia qualquer valor.
Rony ficou meses sem jogar e sem receber salário por causa de uma briga na Justiça com seu ex-clube, o Albirex Niigata, do Japão. O caso está sendo avaliado pela Fifa, que autorizou o atacante a seguir sua carreira em outra equipe até que uma decisão seja tomada.
À época, o próprio Corinthians desistiu de contratar Rony por receio da situação, assim como tantos outros clubes brasileiros. Os japoneses pedem indenização de 10 milhões de dólares.
O que pouca gente sabe é que Rony também entrou com ação contra o Albirex Niigata. O problema é que, neste caso, a ação fica suspensa até que o primeiro processo seja definido.
Ao contrário do que acontecia em 2018, agora os clubes brasileiros não têm mais receio de uma eventual condenação recair sobre a próxima equipe a ser defendida pelo atacante.
Portanto, se Petraglia chegar a um consenso com o staff de Rony, aquele que agradar mais ao Athletico-PR vai levar um dos atacantes mais cobiçados do Brasil.