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·27 de fevereiro de 2025
Mesmo 'à margem do mundo', Rússia segue sendo destino para brasileiros

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·27 de fevereiro de 2025
Mesmo "isolada" do mundo do futebol por conta das sanções impostas pela Fifa por conta do conflito com a Ucrânia, a Rússia se mantém como um mercado atrativo para muitos jogadores, especialmente os brasileiros.
Nesta última janela, inclusive, os russos, quase sempre representados na figura do Zenit, voltaram sua mira para o futebol brasileiro e apontaram com propostas milionárias para jogadores como Gerson e Wesley, do Flamengo, Garro, do Corinthians, e mais recentemente o Matheus Pereira, do Cruzeiro.
Apesar dos insucessos, a janela russa foi marcada pela chegada de um grandioso ativo do futebol brasileiro. O atacante Luiz Henrique, grande protagonista no vitorioso ano do Botafogo em 2024 e convocado com frequência para seleção brasileira, trocou o sucesso no Brasil e a possibilidade de migrar para uma prateleira de maior destaque na Europa para se transferir para São Petersburgo.
Além dele, o zagueiro Diego Costa, que trocou o São Paulo pelo Krasnodar, e o atacante Arthur Gomes, que deixou o Cruzeiro para defender o Dínamo Moscou, também rumaram para o solo russo.
Apesar das altas cifras, foram cerca de 35 milhões de euros (R$ 212,8 milhões), a ida de LH, eleito o melhor jogador da última Libertadores e Campeonato Brasileiro, para o futebol russo inevitavelmente gera o questionamento: Por quê a Rússia?
Analisando os perfis dos brasileiros que atualmente estão na Premier League da Rússia, são 25 ao todo, a estabilidade financeira é o "carro-chefe" dos atrativos para uma mudança num primeiro momento. Os salários são tentadores e as premiações oferecidas também...
Mesmo com os problemas políticos atuais, a Rússia nutre uma tradição no futebol europeu e não é vista pelos estrangeiros como um país emergente no esporte (de sucesso temporário), vide aconteceu com a China anos atrás e como acontece com a Arábia Saudita nos dias de hoje.
O sucesso esportivo é relevante, mas o conforto e a tranquilidade na vida pessoal muitas vezes toma à frente nas negociações com os brasileiros. No futebol russo, o calendário é dividido com duas pausas no ano. A primeira ao fim do campeonato e a segunda na pausa para o inverno (pausa essa que está acontecendo neste momento).
O tempo de preparação e condicionamento físico casam com a estrutura de ponta dos principais clubes do país, que contam com o aporte milionário de oligarcas e grandes empresas do país em muitos casos.
"Quando falamos dos principais times do país, estamos falando de clubes com estrutura de primeiro mundo e que já entendem o lado do jogador, especialmente o sul-americano. Aqui temos todo o suporte necessário para atender as demandas do dia a dia do clube", declarou Nino, ex-jogador do Fluminense que atualmente defende o Zenit.
A alta procura dos russos por jogadores brasileiros e sul-americanos no geral também possui uma explicação política. Nos dias de hoje, tanto os EUA os países da União Europeia proíbem negócios em qualquer esfera com empresários e companhias russas ligadas ao Kremlin.
Com o rublo (moeda local) desvalorizado no mercado, os empresários russos ainda "driblam" os acordos convencionais, já que os bancos locais estão fora do sistema mundial, quando o assunto é transferência internacional, e firmam acordos com seus reforços através de pagamentos em euro.
Toda a dificuldade imposta pela Fifa, Uefa e afins ainda não são capazes de frear o potencial financeiro da Liga Russa, que movimentou, só no ano de 2024, cerca de 190 milhões de dólares, aproximadamente R$ 1,1 bilhão, em transferências.
Clube da cosmopolita São Petersburgo, o Zenit é o grande expoente do futebol russo, atual hexacampeão da Premier League. E para entender esse sucesso, que muitas vezes se cruzou com algum talento brasileiro, é preciso entender de onde vem toda a fortuna do clube.
Patrocinado pela Gazprom, empresa estatal russa que é líder mundial na extração de gás natural, responsável por 12% da produção global, o Zenit foi escolhido pelo governo em 2005 para ser o clube modelo no país.
Beneficiado por investimentos milionários, o clube identificou a necessidade do talento brasileiro para evoluir no processo técnico e até mesmo de popularidade. O primeiro grande investimento foi em 2012, quando os russos desembolsaram cerca de 40 milhões de euros para tirar o Hulk (hoje no Galo) do Porto.
De lá para cá, foram muitas as investidas em brasileiros e em outras estrelas do futebol mundial. No elenco atual, além do recém-contratado Luiz Henrique, o Zenit também conta com o zagueiro Nino, ex-Flu, o lateral-esquerdo Douglas Santos, ex-Galo; os volantes (que estão de saída) Dú Queiroz, a caminho do Sport, e Wendell, a caminho do Botafogo, além dos atacantes Pedrinho e Mantuan, ambos ex-Corinthians.