Portal dos Dragões
·07 de maio de 2025
“Momento do FC Porto pode fragilizar posição do clube no próximo mercado”

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Com apenas duas jornadas restantes do campeonato português, o FC Porto, tradicional candidato ao título, encontra-se fora da corrida, competindo ao lado do Sporting de Braga pela última vaga no pódio da I Liga. Esta época revelou-se, portanto, aquém das expectativas dos exigentes adeptos do clube azul e branco.
O campeonato começou com Vítor Bruno no comando da equipa e terminará com Martín Anselmi, marcada por altos e baixos, polémicas e críticas à primeira temporada concebida pela direção de André Villas-Boas.
Mas, questiona-se, a performance abaixo do esperado teve reflexo no valor do plantel? Numa entrevista exclusiva ao Desporto ao Minuto, Gonçalo Tristão Santos, Area Manager do portal Transfermarkt em Portugal, revelou que o valor total do FC Porto, de fato, aumentou em comparação ao início da época.
“O plantel do FC Porto valorizou ligeiramente em relação ao início da época, mesmo com algumas desvalorizações. Isso deve-se a que certos jogadores valorizaram bastante, compensando a maioria das desvalorizações. Por exemplo, Samu, Rodrigo Mora e Francisco Moura. Estas valorizações contrabalançaram a desvalorização de outros jogadores do FC Porto. Por exemplo, o Samu subiu de 35 para 50 milhões de euros desde que ingressou no FC Porto. Rodrigo Mora, antes de se afirmar na equipa, começou a época com um valor de mercado de 3 milhões e agora vale 20 milhões. Especialmente estes dois jogadores contribuíram para a valorização do plantel em geral”, começou por afirmar o analista, elucidando os critérios por trás dos números.
Rodrigo Mora, Francisco Moura e Samu estão entre os jogadores com maior valorização no FC Porto© Getty Images
“No Transfermarkt, a avaliação do valor de mercado do plantel é feita com base nos valores de cada jogador individualmente, sem considerar a valorização em momentos bons ou maus. O que determina o valor de mercado de uma equipa é a soma dos valores dos jogadores. Por isso, o plantel do FC Porto valorizou ligeiramente desde o início da época. Apesar de um desempenho abaixo do esperado, alguns jogadores individuais destacaram-se e compensaram as desvalorizações”, acrescentou o responsável.
O FC Porto não detém a mesma força que teve em outros anos para evitar a venda das suas principais estrelas
Quando questionado se o FC Porto pode ser obrigado a vender os seus principais jogadores por valores abaixo do esperado, em função da desvalorização desta temporada, Gonçalo Tristão Santos afirmou que essa é uma possibilidade bastante real.
“Claramente, a situação anómala que o FC Porto atravessa fragiliza a posição do clube no próximo mercado. O FC Porto provavelmente tentará vender alguns dos seus jogadores e realizar uma revolução no plantel. A imprensa desportiva portuguesa já abordou essa possibilidade de uma limpeza no balneário. As outras equipas, cientes desta situação, é de esperar que não ofereçam valores elevados pelos jogadores do FC Porto. Apesar de algumas exceções. Acredito que há jogadores que estão acima desta desvalorização, como Samu e Mora, que se destacam individualmente”, sublinhou o especialista, destacando que o FC Porto não desejará perder estes dois jogadores na próxima temporada.
“A realidade é que o FC Porto, ao viver este momento, não possui a força que poderia ter, e que já teve no passado, para não vender as suas principais estrelas. É claro que o FC Porto não quer vender estes jogadores. A renovação do contrato de Rodrigo Mora já é uma conversa em andamento. O Samu é um jogador muito valorizado e o FC Porto não desejará vender no próximo mercado, pois será uma peça fundamental para a próxima época. Por outro lado, os jogadores que o FC Porto considerar excedentários ou que, por polémicas recentes, a direção acredite que podem prejudicar o ambiente do balneário, terão maior dificuldade em ser vendidos. Isso deve-se à situação desportiva e financeira que o FC Porto atravessa, ao contrário do que se passaria se estivesse numa posição mais favorável”, concluiu.
Rodrigo Mora, que recentemente completou 18 anos, tem atraído a atenção dos principais clubes europeus para uma possível transferência. Gonçalo Tristão Santos acredita que o FC Porto deve manter o jogador o maior tempo possível, tendo em conta o seu potencial de crescimento e o que pode acrescentar ao plantel.
“Rodrigo Mora, que começou a época com 17 anos e sem ser titular, teve alguns jogos em que não chegou a entrar, nem no banco. No início da época, ainda com Vítor Bruno, a sua utilização não era regular. Para um jogador de 17 anos, o simples fato de ser convocado já era um sinal positivo. A sua utilização aumentou ao longo da época, destacando-se a partir de dezembro. Realizou vários jogos consecutivos e, em certa altura, tornou-se titular. Neste momento, considero que é um jogador indiscutível. Além de ser titular, começou a ser decisivo, contribuindo com golos e assistências, e a sua influência em campo tem sido notável”, afirmou o Area Manager do Transfermarkt em Portugal, sublinhando que Mora pode gerar milhões de euros para o FC Porto no futuro próximo.
Rodrigo Mora é mais um talento do futebol português com potencial para se transferir para um grande clube europeu
“A projeção dos clubes portugueses é bem conhecida. É claro que os grandes clubes da Europa observam os três ‘grandes’ de Portugal em busca de talento e jovens jogadores. Rodrigo Mora é mais um talento do futebol português que pode realmente dar o salto para um grande clube europeu. Estes clubes estão certamente atentos. As suas atuações não têm passado despercebidas. Porém, o FC Porto, em relação a Rodrigo Mora, mais do que pensar em um encaixe financeiro, que pode eventualmente surgir, deve focar em maximizar a sua performance em campo”, analisou Gonçalo Tristão Santos antes de continuar:
“Rodrigo Mora será um jogador fundamental e pode ser ainda mais decisivo na próxima época. Sabemos das dificuldades que o FC Porto pode enfrentar para formar o seu plantel, tanto na aquisição de novos jogadores como na saída dos seus melhores. O que o FC Porto deve agora fazer é, ao oficializar a renovação do contrato de Rodrigo Mora, mantê-lo o maior tempo possível e, num futuro mais distante, considerar uma grande venda. Rodrigo Mora possui todas as características que o fazem ser um potencial grande negócio no futuro.”
Rodrigo Mora soma oito golos e quatro assistências em 30 jogos esta temporada© Getty Images
Por outro lado, Gonçalo Tristão Santos acredita que o FC Porto deve considerar Diogo Costa como um jogador passível de venda no próximo mercado de transferências, especialmente agora que o guarda-redes é apontado a uma possível transferência para o Manchester City.
“O Diogo Costa foi, sem dúvida, o jogador mais notável do plantel do FC Porto a desvalorizar esta época, tendo em conta os valores de mercado do Transfermarkt. A época passada, o seu valor estava avaliado em 40 milhões de euros, e decidimos aumentá-lo para 45 milhões após o seu desempenho no Euro’2024. Contudo, já desvalorizámos o Diogo Costa duas vezes: em dezembro, para 40 milhões, e agora, na última atualização, em março, para 38 milhões”, explicou o analista, pormenorizando a situação.
“A desvalorização do Diogo Costa deve-se a vários fatores. O mercado de guarda-redes tem estado em baixa nos últimos anos, com menos negócios de grande valor e clubes a pagarem menos por guarda-redes. Existem exceções, como a transferência de Onana para o Manchester United, mas, de um modo geral, as transferências de guarda-redes têm sido menos expressivas, comparando com as vendas de anos passados, como as de Kepa, Courtois, Alisson ou Ederson. Neste momento, não têm ocorrido tantas transferências de guarda-redes por valores elevados, o que tem contribuído para a redução dos valores de mercado dos guarda-redes. Porém, o momento menos positivo do FC Porto, sem dúvida, afetou a avaliação do Diogo Costa“, acrescentou o analista.
Gonçalo Tristão Santos ainda afirmou que o próximo verão será o momento mais oportuno para o FC Porto tentar gerar receita com a saída de Diogo Costa.
“O Diogo Costa continua a ser um jogador em que os clubes estão interessados, mesmo que não esteja a ter a sua melhor época na equipa principal do FC Porto. Longe de ser uma má época, mas não tem brilhado como em temporadas anteriores. Realizou algumas defesas importantes, mas, na minha visão, não tem sido tão decisivo como em outras épocas no FC Porto. No entanto, continua a ser um dos guarda-redes de destaque no futebol europeu. Um grande clube europeu que busca um guarda-redes certamente considerará Diogo Costa, não apenas pela sua idade”, observou.
“O Diogo Costa é ainda muito jovem para a posição de guarda-redes, com 25 anos e já tem uma vasta experiência. Tem vários anos na equipa principal do FC Porto e mais de 30 jogos pela seleção nacional, o que justifica os rumores sobre o seu interesse por clubes como o Manchester City. É de esperar que o City venda Ederson no verão e procure um guarda-redes. O nome de Diogo Costa tem sido muito mencionado, assim como o de Joan García do Espanyol. Contudo, Diogo Costa é o nome que mais se destaca. Acredito que poderá ser transferido no próximo mercado de verão e ser uma das principais fontes de receita do FC Porto para gerar fundos e, posteriormente, reforçar a equipa”, concluiu.