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·31 de outubro de 2025

Mudanças com Sampaoli, referência de Hulk e final continental: a 'montanha-russa' de Natanael

Imagem do artigo:Mudanças com Sampaoli, referência de Hulk e final continental: a 'montanha-russa' de Natanael

Confesso que nunca fui em Braganey. Provavelmente nem você. Mas não é difícil imaginar que a cidade, de pouco mais de cinco mil habitantes, está longe de ser um grande centro para o esporte nacional. Ainda assim, ela é a casa de Natanael, lateral direito do Atlético Mineiro que vive agora, aos 23 anos, a expectativa de jogar a partida mais importante da carreira: a final da Copa Sul-Americana, contra o Lanús

Em conversa com a reportagem de oGol, Natanael lembra desde os tempos onde a preocupação no sítio era ajudar a família, que vendia leite para um laticínio, até a expectativa por jogar sua primeira final continental em Assunção. 


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O piá do Couto

O piá Natanael sempre teve o sonho de ser jogador de futebol. Daqueles sonhos que já nascem dentro da gente. Começou a jogar na escolinha da cidade, na prefeitura, com 9 anos, até que um dia chegou para a mãe e decretou: "Para realizar meu sonho, vou precisar sair". 

A mãe não gostou muito, Natanael é filho único. Mas toda a mãe quer ver o filho realizar seus sonhos... Natanael tinha 13 anos quando foi para a casa dos padrinhos, em Arapongas, para buscar mais espaço no futebol. E encontrou os olhos que tanto procurava: foi captado pelos observadores do Coritiba e se mudou para a capital. 

No Couto Pereira, o piá virou homem. Fez a mãe ir até Londrina ver sua estreia no profissional, dia 02 de fevereiro de 2020, vitória por 3 a 2 sobre o Tubarão, pelo Campeonato Paranaense. Jogou os primeiros clássicos, disputou o primeiro Brasileirão e começou a escrever uma história de 183 jogos, que terminou com a melhor temporada da carreira individualmente (até aqui) (com 2 gols e 6 assistências). 

"Coritiba foi o clube que abriu as portas, acreditou em mim, me deu todo suporte quando precisei. Quando falo em Coritiba, só me vem a palavra gratidão. Um clube que mudou minha vida, a vida da minha família. Se fosse definir em uma palavra, seria gratidão", resumiu. 

Montanha-russa em BH

Se o Coxa seguiu na Série B, Natanael voltou para a elite para reforçar o Atlético Mineiro. Foi com a esposa e o filho para Belo Horizonte e mostrou rápida adaptação, com boas atuações em campo. 

"Me adaptei rápido, cheguei em um momento legal, fiz bons jogos, o time também começou bem o ano. Depois oscilou. Mas a adaptação foi tranquila, o mineiro é muito receptivo, gosta de conversar, a comida muito boa, o tempero deles é muito bom. Minha esposa conseguiu se adaptar, fez novas amizades. Meu filho gosta daqui, começou a fazer aulas de natação, música, a gente vê ele bem e isso nos deixa feliz", comentou. 

Natanael já está perto da temporada com mais participações diretas em gols na carreira, com 3 gols e 4 assistências em 55 jogos. Questionado sobre a relevância dos dados em sua avaliação da temporada, não esconde que gosta de observar métricas e traçar objetivos. 

"A gente tem meta, sempre que começa a temporada, coloca algumas. Faltam algumas para bater. Importante ter participação direta em gols, saber que nossa função inicialmente é defender, mas é sempre legal ajudar no ataque. Espero que venham mais participações em gols para ser a temporada com mais gols, com mais assistências", reforçou. 

Natanael é um atleta que gosta de pensar o jogo e se preparar bem para cada partida. Conta com um analista de desempenho individual e trabalha também com um preparador físico e psicólogo. "Futebol, hoje em dia, a gente tem de estar apto em tudo, o mínimo detalhe faz a diferença". 

O entendimento do jogo é fundamental dentro do contexto do futebol brasileiro, com muitas mudanças no comando técnico das equipes. Natanael exemplifica: de Cuca para Jorge Sampaoli, muita coisa mudou, e com pouco tempo para assimilar.

 "Teve uma mudança geral na nossa forma de jogar. A gente faz uma saída em 3, com Cuca era saída em 4. Jogamos em 3-2 na saída, como o Sampaoli diz, três zagueiros e dois volantes, e uma linha mais espetada. Já joguei como construtor pela direita, como ala, que fica mais na última linha do adversário, para atacar espaço, buscar as costas do adversário e fazer com que a linha corra para trás. No jogo contra o Ceará, joguei por dentro, foi uma novidade para mim. Você acaba tocando mais a bola por dentro, o jogo com o Sampaoli passa muito por dentro, e você acaba participando mais do jogo. Mudou bastante, a estrutura do time mudou", explicou. 

A maior final da carreira

A montanha-russa do Galo na temporada pode ser resumida na campanha do time na Copa Sul-Americana que, segundo o jogador, sempre foi o objetivo do clube na temporada. Uma campanha irregular na primeira fase deixou o time atrás do Cienciano no grupo H, e obrigou o Atlético a jogar um playoff antes de chegar nas oitavas. O time foi crescendo gradualmente, como Natanael nos ajuda a contar. 

No playoff, a vaga só veio nos pênaltis, com uma lembrança viva dos vestiários após o jogo: "A gente brincou: 'Isso aí é o Galo'. Quando ganhou a Libertadores, também foi assim. O Everson decidindo, a gente começa a lembrar do Victor pegando o pênalti do Riascos. A gente começa a colocar isso tudo na mesa e pensar: 'Isso é coisa de time que chega, que vai brigar'.

O Atlético foi crescendo. Nas oitavas, duas vitórias sobre o Godoy Cruz, a segunda com gol de Natanael na casa do rival. Nas quartas, um desafio inédito para o brasileiro: a altitude de La Paz contra o Bolívar e um empate com sabor amargo?.

"Primeira vez que joguei lá (em La Paz), sinceramente é muito difícil... A gente abre 2 a 0, e eles com um a menos empatam. Para quem estava de fora, ficou aquele ar de desconfiança, mas para a gente, no grupo, não. Claro que poderia ser melhor o resultado, mas se antes tivessem falado que seria 2 a 2, todo mundo teria assinado", refletiu Natanael

Na volta, Bernard decidiu nos acréscimos para a classificação. O último obstáculo até a decisão foi o Independiente del Valle. "Em casa, a gente consegue fazer o melhor jogo nosso desde que o Sampaoli assumiu", analisa Natanael. O ápice foi no gol da classificação para a decisão, de Hulk. Natanael ressaltou a importância do ídolo atleticano no elenco alvinegro. 

"Com 39 anos, com tudo o que conquistou, ele está sempre tentando melhorar no dia a dia. Isso traz um incentivo para a gente. É um cara muito importante para a gente, dispensa comentário. Talvez seja o brasileiro mais regular das últimas temporadas, ganhou muitas coisas aqui, um dos maiores ídolos da história do clube. Todo mundo tem muito respeito por ele. A gente sabe que pode decidir a qualquer momento, assim como no primeiro jogo contra o Del Valle ele deu assistência para o Dudu, agora fazendo esse gol.... Ele é um cara que tem muita coisa ainda para desfrutar, para nos ajudar, e a gente que está no dia a dia com ele, só tem que olhar para ele e pegar as coisas boas que ele nos transmite. É um líder, um vencedor, craque dentro e fora de campo". 

A classificação dá a chance de Natanael, o menino de Braganey, conquistar o primeiro título internacional da carreira. E encerrar com chave de ouro sua primeira temporada em Belo Horizonte. 

"Antes de começar o jogo, estava falando com o Hulk: 'Pô, cara, primeira final continental que posso viver, de campeonato grande. É o momento que esperei e trabalhei durante todos esses anos'. Então é um momento único, e espero que seja com título". 

Natanael sonha defender a seleção brasileira, mas não esconde: "Meu sonho agora é ser campeão da Sul-Americana (risos)". Natanael está a um passo do paraíso. A decisão, no próximo dia 22, em Assunção, no Paraguai, será contra o Lanús, rival do Galo em uma final de Copa Conmebol (1997) e de Recopa (2014). 

Confira a entrevista na íntegra:

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