Numa atuação memorável, Salah destravou um jogo tenso para o Egito e garantiu a dramática virada sobre Marrocos na prorrogação | OneFootball

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·30 de janeiro de 2022

Numa atuação memorável, Salah destravou um jogo tenso para o Egito e garantiu a dramática virada sobre Marrocos na prorrogação

Imagem do artigo:Numa atuação memorável, Salah destravou um jogo tenso para o Egito e garantiu a dramática virada sobre Marrocos na prorrogação

Ao apito final, as cenas no gramado do Estádio Olembé eram de reverência. Todos no Egito queriam abraçar e cumprimentar Mohamed Salah. O camisa 10 teve uma atuação memorável contra Marrocos, para colocar os Faraós na semifinal da Copa Africana de Nações. Foi ele quem liderou o time na dramática virada por 2 a 1 na prorrogação, também auxiliado pela ótima entrada de Trezeguet e pelo esforço defensivo do time de Carlos Queiroz. Nas partidas anteriores da CAN 2022, o Egito tinha sido cobrado pela falta de ofensividade e o próprio Salah não aparecia tanto quanto se imaginava. Desta vez, o gol logo cedo dos marroquinos exigiu que os egípcios fossem para frente. O time ressurgiu com o empate no início do segundo tempo, com gol de seu craque, mas precisou lidar com as lesões e a entrada de um goleiro estreante numa tarde tensa. Ainda assim, a zaga se defendeu bravamente para negar os espaços aos Leões do Atlas e, no tempo extra, uma jogadaça de Salah possibilitou o triunfo. Com seu astro, os Faraós chegam motivados para encarar Camarões na semifinal.

O Egito mantinha a sua base principal na escalação, com a ausência do goleiro Mohamed El Shenawy, que lesionou a coxa contra Costa do Marfim e de novo deu lugar ao reserva Gabaski. Ahmed Hegazy era o esteio na zaga, com Mohamed Elneny protagonizando o meio. Na frente, a trinca composta por Mohamed Salah, Mostafa Mohamed e Omar Marmoush. Já Marrocos mudou seu setor de criação, com as entradas de Munir El Haddadi e Aymen Barkok. Bono era o goleiro, com Romain Saïss capitaneando a defesa e Achraf Hakimi ganhando passe livre para se aproximar do ataque na lateral direita. Na frente, Sofiane Boufal era o destaque na armação, com Youssef En-Nesyri na referência.


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Marrocos teria a partida a seu favor logo aos cinco minutos. Hakimi tem feito uma diferença imensa para o time com suas investidas e, ao se infiltrar na área, sofreu pênalti de Ayman Ashraf. O árbitro não anotou no primeiro momento, mas confirmou depois de revisar a jogada no VAR. Boufal assumiu a cobrança e bateu com extrema categoria, no alto da meta, sem que o goleiro Gabaski sequer saísse na foto. Com isso, o Egito teria que sair de sua zona de conforto e buscar mais o ataque, o que não é o padrão de sua campanha na CAN.

O Egito sentiu o baque e demorou um pouco para se encontrar no jogo. Marrocos era melhor e manteve a presença ofensiva, até que os Faraós crescessem depois dos 15 minutos. O caminho para a equipe seriam os chutes de longe. Ashraf chutou com desvio e exigiu uma defesa difícil de Bono, que também apareceria para negar a tentativa de Ahmed Fatouh. Os egípcios não se continham na hora de arriscar, mas faltava um pouco mais de penetração. Mohamed Salah fazia uma partida tímida até então, muito bem marcado.

No geral, era um duelo mais truncado, com faltas e erros dos times nas construções. Marrocos também se retraiu um pouco e não respondia nos contragolpes, com um lance ou outro de mais qualidade nas investidas de Boufal. Uma nova chance de arriscar surgiu apenas aos 32, numa falta cobrada por Hakimi que passou ao lado da trave. Mas era um final de primeiro tempo fraco, com paralisações e demasia e pouca criatividade dos times. As duas defesas estavam bastante empenhadas, e bem resguardadas para evitar problemas.

O Egito precisava de outra atitude no segundo tempo e isso foi proporcionado pela primeira alteração de Carlos Queiroz. Ahmed Hegazy saiu lesionado, mas a opção foi bem mais ofensiva com Trezeguet. O substituto entrou muito bem na partida anterior com Costa do Marfim e logo daria gás aos Faraós. Mais importante, Salah também se ligou. A primeira jogada entre os dois renderia um chute perigoso de Trezeguet para fora. Os egípcios se mantinham em cima, com uma série de cruzamentos perigosos, até o empate aos oito. Omar Marmoush cobrou escanteio, Mohamed Abdelmoneim exigiu uma defesaça de Bono e, no rebote, Salah estava no lugar certo para cutucar às redes, fácil na pequena área.

Porém, o gol fez o Egito diminuir o ritmo e se retrair. A partida voltou a ficar mais brigada, com Marrocos fazendo suas primeiras investidas no segundo tempo. Os Faraós apostavam mais em bolas longas, e numa delas Marmoush ia saindo de cara para o gol, mas Roman Saïss fez um desarme fantástico dentro da área. Já os Leões do Atlas quase sempre tinham um carrapato na marcação quando conseguiam um mínimo escape. Aos 21, surpreendeu a saída de Boufal para a entrada de Soufiane Rahimi.

Não foi isso que melhorou o jogo. O clima esquentava com entradas duras e chegou ao ponto de desencadear uma enorme confusão entre os times, com acusação de agressão de Hakimi sobre Mostafa Mohamed. Até Munir foi acertado pelo árbitro. Quando algo de interessante voltou a acontecer com a bola, eram os marroquinos que pressionavam. Munir aparecia bem na direita e deu trabalho numa falta que o goleiro Gabaski defendeu. Já aos 37, quase o segundo gol saiu. Numa falta cobrada em direção à área, Nayef Aguerd cabeceou com força e Gabaski realizou uma defesa sensacional, em bola que ainda bateu no travessão. O problema maior seria a lesão do goleiro, ao sentir a virilha no movimento.

A reta final do tempo regulamentar se resumiu basicamente ao sacrifício de Gabaski. O goleiro claramente não estava em condições, mas não queria deixar o campo, já que, depois da contusão de El Shenawy, sobravam dois reservas inexperientes no banco. Marrocos ainda tinha mais atitude, mas sem aproveitar as condições do arqueiro. Além disso, os atendimentos a Gabaski se repetiram. Apesar do tempo gasto, o árbitro deu apenas cinco minutos de acréscimos. Nada suficiente para os marroquinos aproveitarem a situação. No início da prorrogação, Gabaski ficou em campo por cinco minutos, até a entrada de Mohamed Sobhi, terceira opção dos egípcios e estreante na seleção principal, embora presente nos Jogos Olímpicos.

Sobhi não passou muita confiança em sua primeira saída do gol e Gabaski estava às lágrimas no banco. Foi a hora de Salah voltar a aparecer. Aos nove minutos do primeiro tempo extra, o atacante invadiu a área e parou em Bono no mano a mano, apesar da marcação de falta de ataque. Logo no minuto seguinte, o craque tirou o coelho da cartola. Pegou pela direita e fez uma excelente jogada individual, com uma finta de corpo para cima de Aguerd. O cruzamento veio na medida, rasteiro no segundo pau, para Trezeguet só completar. Marrocos tentou responder antes da pausa, mas errava muito na construção. Quando Hakimi teve uma cobrança de falta nos acréscimos, bateu mal demais e desperdiçou a chance de mandar a bola na área.

O segundo tempo extra seria mais tenso que jogado. Marrocos buscava a salvação, mas seu futebol era pobre e não apresentava qualquer criatividade. Os Leões do Atlas sequer acertavam finalizações no gol, limitados a chutes tortos. Méritos também do esforço defensivo do Egito, que travava muito bem sua área e fazia um trabalho excepcional para não expor seu goleiro. Os Faraós até davam um calor nos raros contra-ataques, quase sempre com bola em Salah, que causava um sufoco nos marcadores.

Uma esperança para Marrocos surgiu aos 14 minutos, numa falta na lateral da área. Bono até foi para o ataque, mas a confusão era grande e Trezeguet tentou ganhar tempo ao cair. Quando os marroquinos cobraram, vacilaram ao extremo com um passe inútil para entrada da área, e não o cruzamento no pagode para forçar o goleiro inexperiente. O Egito travou o lance e armou um contra-ataque sem goleiro, mas os Faraós também foram mal demais, com um passe esticado demais para Salah concluir sem ângulo quase na linha de fundo, pelo lado de fora da rede. O camisa 10 seria substituído para os aplausos, até que o apito final selasse a comemoração do Egito para a semifinal. Méritos pela reação e pelo esforço dos Faraós.

O Marrocos ficou devendo nas quartas de final da Copa Africana. Esperava-se bem mais do time, não só pelas atuações anteriores, como também pela vantagem precoce. Não ter um jogador como Hakim Ziyech, no fim das contas, cobrou o preço da eliminação ao técnico Vahid Halilhodzic, que preferiu barrar seu atleta mais criativo por questões disciplinares. Melhor ao craque do Egito, Salah, que reergueu o time numa noite difícil e foi a lenda que se espera. A situação dos Faraós preocupa pelas muitas lesões na campanha, sobretudo quanto aos goleiros. Mas essa foi uma vitória para mostrar que dá para acreditar na taça, mesmo com Camarões pela frente.

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