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·18 de dezembro de 2025

Nutricionista revela boicote interno em ambiente hostil no Real Madrid: “Tinha medo”

Imagem do artigo:Nutricionista revela boicote interno em ambiente hostil no Real Madrid: “Tinha medo”

Contratada para auxiliar o Real Madrid com uma sequência de lesões, a especialista em nutrição e esportes Itziar González de Arriba afirmou ter enfrentado um ambiente de hostilidade e perseguição no clube. Em entrevista, a profissional relatou que sua passagem pela equipe terminou em desgaste emocional, afastamento forçado das atividades e com processo judicial.

Formada em fisioterapia, osteopatia, nutrição, nutrigenômica e química, Itziar chegou ao clube após trabalhos com Dani Carvajal e Rodrygo, que lidavam com problemas físicos recorrentes. Segundo ela, o convite partiu diretamente do presidente Florentino Pérez, ainda na temporada 2021-22.


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“Pelo que sei, foi o presidente quem pediu ao Serviço Médico para me enviar para lá. Depois de experiências ruins com serviços médicos de outros clubes, eu disse não, mas insistiram por se tratar de um pedido do presidente”, disse ao jornal Marca.

Intromissão do departamento médico

Naquele primeiro período, apenas Carvajal e Rodrygo aceitaram seguir o trabalho proposto. De acordo com Itziar, outros jogadores demonstraram interesse, mas foram desencorajados pela equipe médica.

“Alguns jogadores me disseram que gostariam de começar comigo, mas os médicos disseram para eles nem pensarem nisso”, prosseguiu. “Teve essa intromissão”, completou.

Itziar retomou o vínculo com o clube em 2023 e, novamente, em outubro de 224, após nova lesão de Carvajal. Na ocasião, aceitou retornar em um modelo híbrido — dividindo a semana entre presença em Valdebebas e trabalho remoto. Vale pontuar que recebeu garantias de respaldo institucional para isso.

“Disseram-me do pedido pessoal do presidente e que ele garantiria que os médicos me deixassem trabalhar. Além disso, que me respeitassem. Vim com o único propósito de fazer meu trabalho bem feito, para que Florentino pudesse se orgulhar”.

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Carvajal fazia trabalhos com a profissional por fora – Foto: Antonio Villalba / Real Madrid

Mas e na prática?

A especialista relata que encontrou um cenário oposto ao que fora prometido. Desde o primeiro dia, ela afirma ter se repetido o isolamento por parte do Serviço Médico do clube.

“Criaram um ambiente hostil desde o primeiro minuto. Disseram que eu estava ali por capricho do presidente, mas que sabiam como manipulá-lo e iriam convencê-lo de que eu era louca para me demitir”, contou.

Itziar ainda revelou que não houve apresentação formal à equipe médica e, além disso, teve solicitações de reuniões ignoradas. Ela contou que passou a receber ordens contraditórias nesse ínterim, sempre atribuídas ao presidente. 

“Diziam para eu me esconder e não fazer nada. Depois, o próprio presidente vinha e me dizia exatamente o contrário: que eu implementasse meu método. Ele queria que eu cuidasse do buffet, das viagens, dos suplementos e criasse dietas personalizadas”. 

Ela afirmou que enfrentou obstáculos constantes para executar seu trabalho, com orientações frequentemente desautorizadas. 

“Serviam no buffet alimentos que eu desaconselhava. O cozinheiro fazia o que queria, os suplementos não eram os que eu especificava e os médicos diziam para não seguirem minhas orientações. Riam de mim, zombavam em grupos de WhatsApp e diziam aos atletas para fazerem o oposto do que eu recomendava”, prosseguiu.

Reconhecimento interno

Apesar do cenário descrito, Itziar afirmou que alguns jogadores perceberam melhorias físicas significativas. “Um deixou de sentir dores crônicas, outro não tinha mais cãibras. Alguns diziam que não se cansavam e poderiam jogar mais. Dois falaram diretamente com o presidente sobre isso”, disse.

A associação dessas melhorias, segundo ela, foi destinada ao trabalho nutricional, mas agravou o conflito interno.

“O fato de os jogadores associarem essas melhorias à nutrição gerou uma animosidade insuportável. Treze dias após assinar o contrato, pedi para rescindi-lo”. 

Rescisão com o Real Madrid

A profissional relatou que a direção pediu sua permanência, mas o ambiente se deteriorou ainda mais. Ela afirmou ter sido alvo de acusações falsas, isolamento progressivo e impacto severo em sua saúde mental.

“Eu tinha medo, ansiedade, não dormia, chorava o tempo todo. Pedi ajuda à diretoria e me diziam para aguentar firme”.  Após novos episódios, Itziar disse que terminou impedida de frequentar o CT do Real Madrid e de viajar com a equipe. Isso sob justificativa de proteção pessoal. 

“Disseram que era para minha segurança física. Falaram em investigação interna e que eu não deveria me preocupar”.

O desligamento, segundo ela, ocorreu por telefone e sem retratação pública. “Disseram que fiz um trabalho excepcional, mas que o Serviço de Nutrição estava cancelado. Pedi que o presidente e os jogadores soubessem a verdade. Disseram, muito educadamente, que não seria possível”.

“Todos me diziam que o Real tem muito poder e poderiam distorcer tudo contra mim. Mas ainda tenho pesadelos. Quero encerrar esse capítulo e só vou conseguir quando contar minha história”, concluiu.

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