Trivela
·07 de setembro de 2022
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Giovanni Simeone tinha de 13 para 14 anos quando resolveu fazer uma tatuagem. Deslumbrado com a Champions League conquistada pelo Barcelona do ídolo Lionel Messi em 2009, o garoto gravou o símbolo da competição no antebraço esquerdo. Era seu sonho disputar o torneio, mais do que vestir a camisa de qualquer clube. Levou um tempo até que o desejo de Gio realmente se cumprisse. No entanto, aos 27 anos, o Napoli concedia a oportunidade. O atacante estreou no torneio no meio do primeiro tempo, por causa da lesão de Victor Osimhen. Logo no primeiro toque na bola, o primeiro gol de Simeone, para ampliar uma histórica goleada por 4 a 1 sobre o Liverpool no Estádio Diego Armando Maradona. O argentino beijou sua tatuagem e chorou ali mesmo, dentro de campo, numa imagem que traduz muito o simbolismo da competição.
A magia da Champions era vivida dentro de casa por Gio Simeone. Seu pai disputou a competição por três clubes diferentes, com as camisas de Atlético de Madrid, Internazionale e Lazio. Curiosamente, o antigo meio-campista também estreou com gol, dois, numa goleada do Atleti por 4 a 0 sobre o Steaua Bucareste em 1996. E enquanto o Diego Simeone já se acostumava a disputar a competição como treinador, com duas finais no currículo, Gio tentava construir seu próprio caminho.
Formado pelas categorias de base do River Plate, Gio Simeone estava emprestado ao Banfield quando Diego foi vice-campeão europeu pela segunda vez, em 2016. Semanas depois, o prodígio das seleções de base arrumou as malas para a Europa e rodou por diferentes clubes da Itália. Defendeu Genoa, Fiorentina e Cagliari, com algumas boas temporadas. Entretanto, sequer conseguiu alcançar a Liga Europa. Já a temporada de 2021/22 seria marcante para o argentino, em excepcional momento pelo Verona. Foi quando finalmente deu um salto na tabela e assinou com o Napoli. Jogaria num time de Champions.
O Napoli já exercia uma comoção especial sobre Gio Simeone, por toda a relação com Maradona e a Argentina. O centroavante perseguia o seu primeiro gol. Saiu do banco e não conseguiu marcar nas duas primeiras aparições pela Serie A. Quis o destino que a chance pintasse na Champions, aos 40 do primeiro tempo, quando infelizmente Osimhen se lesionou. Três minutos depois, Khvicha Kvaratskhelia cruzou e Simeone cravou o terceiro gol dos napolitanos nos 4 a 1 sobre o Liverpool. O centroavante não foi o melhor em campo, nem seu gol foi o mais plástico. Mas sua comemoração rendeu a cena mais bonita em Nápoles.
“Eu tinha 14 anos quando fiz a tatuagem. Meu sonho sempre foi jogar a Champions, desde o início. Depois de 13 anos estou aqui. Fiz essa tatuagem porque tinha o sonho de chegar aqui, marcar um gol e beijar essa bola. Foi emocionante. Toda vez que eu via essa tatuagem quando garoto eu sonhava com esse momento. Estou empolgado, lutei muito e agora estou aqui”, comentou Simeone, na saída de campo. Fica o detalhe que, em declarações anteriores, ele diz que fez a tatuagem com 13 anos – completou 14 anos em julho de 2009, dois meses depois da conquista do Barcelona na Champions de 2008/09.
Quando dava a entrevista nesta quarta, aliás, Gio Simeone teve motivos para se empolgar como torcedor. O atacante avistou ali mesmo o resultado insano do Atlético de Madrid, com a vitória por 2 a 1 nos acréscimos contra o Porto. Abriu um belíssimo sorriso pelo pai. “Normalmente nós nos falamos antes dos jogos. Ele me disse que, se eu entrasse hoje, poderia fazer muito. Foi o que aconteceu”, comentou.
A Champions League é a competição que inspira tantos meninos. Como marca na pele, Giovanni Simeone representa essa trajetória. Independentemente de seu sobrenome, batalhou bastante para crescer na carreira e estreou de maneira até tardia na competição. Mas não deixou de vibrar como um garoto. Por fim, ainda teve o gosto de se sentir um pouco mais torcedor após a partida, graças ao pai. E são esses jogaços engrandecidos pela competição, como o épico protagonizado por Diego Simeone com o Atlético ou por Gio na goleada do Napoli, que embalam novos sonhos.
Gio Simeone sabendo da vitória do Atleti de seu pai com gol no final, em plena entrevista. Demais!–