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·20 de abril de 2025

O elogio ao adversário não pode servir para encobrir as nossas próprias falhas

Imagem do artigo:O elogio ao adversário não pode servir para encobrir as nossas próprias falhas
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Por mais que em toda atividade exista sim, como pano de fundo, a eterna competição contra você mesmo em busca da evolução, da melhoria, da perfeição individual e coletiva, a verdade crua da coisa é que no futebol um time joga contra o outro.

Pra um meia acertar um drible, um zagueiro precisa ser driblado; pra um cruzamento ser preciso um lateral precisa não ter sido marcado ou um atacante precisa estar livre; pra um time fazer o gol, o outro time precisa, obviamente, ter sido incapaz de impedir a realização da jogada.


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E a magia do futebol reside exatamente no fato de que ao mesmo tempo que nenhum ataque é absolutamente impossível de parar - mesmo Pelé, Messi, Zico, já se viram diante de algum defensor que, nem que seja por uma noite, era intransponível - nenhuma defesa é totalmente impermeável - mesmo Beckenbauer, Gamarra e Mozer já tomaram dribles, já erraram botes, já viram um atacante passar liso sem que nada pudessem fazer.

Porque no futebol, como em todo esporte de competição direta, o erro e o acerto andam de mãos dadas e precisam um do outro pra existir. A roubada de bola decisiva precisa de alguém que perca a bola na hora da decisão, a defesa incrível precisa do atacante que deu o grande chute mas não o chute perfeito, o atacante que dribla cinco defensores precisa da sua própria técnica e categoria mas também precisa de cinco defensores que possam ser driblados.

Daí vem a grande tentação de, diante do resultado negativo, diante da oportunidade perdida, diante do objetivo não realizado, buscar a rota mais bonita, o caminho mais simpático e elogiar o adversário.

Perdemos pontos dentro de casa diante do Internacional na primeira rodada mesmo criando mais chances e tomando um gol infantil? Não foi nossa incompetência, foi mérito da equipe adversária, grande time, estaria na Champions se o Rio Grande do Sul tivesse conseguido se separar. Perdemos mais dois pontos diante do Vasco, mesmo tendo mais posse de bola, mais volume de jogo, mais chances criadas? Não foi falta de pontaria, não foi Michael caótico das ideias, foi o goleiro Léo Jardim que obviamente é o Gordon Banks de Ribeirão Preto, só não está no Bayern porque uma vez brigou com o Oliver Khan no Barra Shopping.

Obviamente é preciso reconhecer o talento adversário. O Internacional é sim uma equipe forte, Léo Jardim fez sim um grande jogo, mas o quanto da grande atuação adversária não surge exatamente dos pontos fracos da nossa atuação? Se tivéssemos aproveitado as chances diante do Inter, tanta gente teria esse momento “Rádio Guaíba” de exaltação ao futebol gaúcho? Se tivéssemos chutado com mais eficiência neste sábado precisaríamos estar chamando o goleiro do Vasco de Neuer em redes sociais?

É muito bonito e faria o Barão de Coubertin sorrir toda essa inclinação rubro-negra recente para valorizar o talento adversário, mas talvez seja mais produtivo - como espero que Filipe Luís esteja fazendo - prestar mais atenção nos nossos pontos fracos do que exaltar os pontos fortes alheios, entender melhor o que precisamos melhorar do que dedicar tempo a dizer que os adversários são ótimos. Porque mais do que reclamar que o goleiro dos outros vira o Neuer diante da gente, temos é que estar preparados pra fazer gol até no próprio Neuer se for o caso.

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