O gol heroico não evitou a frustração do Flamengo nos pênaltis e o Del Valle conquista a Recopa em pleno Maracanã | OneFootball

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·01 de março de 2023

O gol heroico não evitou a frustração do Flamengo nos pênaltis e o Del Valle conquista a Recopa em pleno Maracanã

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O que poderia ser um início de ano repleto de taças ao Flamengo se transformou numa sequência inesgotável de frustrações. Depois da derrota na Supercopa do Brasil e do fracasso no Mundial de Clubes, os rubro-negros também sucumbiram na Recopa Sul-Americana. A derrota por 1 a 0 no Equador contra o Independiente del Valle, com uma péssima atuação, custou caro. E o reencontro no Maracanã ofereceu um turbilhão de emoções. Diante de público recorde, o Fla sufocou no primeiro tempo. Não estava tão afinado, mas criou chances suficientes e parou duas vezes na trave. Já no segundo tempo, a equipe não correspondia e a torcida cobrava, até que o gol da vitória por 1 a 0 saísse no último minuto. A sobrevida garantiu a prorrogação, mas, nos pênaltis, os cariocas lamentaram. Justo Arrascaeta, autor do gol heroico, parou no goleiro Moisés Ramírez nos 11 metros. O IDV venceu por 5 a 4, comemorou o título em pleno Maraca e adicionou mais uma partida à sua lista de façanhas continentais. Um resultado que aumenta as indagações sobre os flamenguistas, e sobre o técnico Vítor Pereira.


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O Independiente del Valle tem méritos na conquista. Sobretudo por aquilo que se viu no primeiro jogo, em que a vitória por 1 a 0 ficou barata pela superioridade no segundo tempo em Sangolquí. Já no Maracanã, o IDV foi pobre ofensivamente e mal ameaçou, mas se valeu do trabalho defensivo para travar os adversários e não sucumbir à pressão dos mais de 70 mil no Maracanã. Faravelli foi muito bem na cabeça de área e o goleiro Moisés Ramírez, com sua dose de cera, depois foi salvador nos penais. Já o Flamengo esboçou uma grande reviravolta, mas ainda assim alternou demais na noite. Os bons momentos do time dependeram mais do chuveirinho ou do talento individual do que de um plano tático. Vítor Pereira não foi bem no desenho da equipe, por mais que as entradas de Cebolinha e Matheus Gonçalves tenham auxiliado. O Fla jogou bem melhor do que na ida, como não dava para piorar, mas a sequência de títulos perdidos cria uma inevitável cobrança sobre o muito que não dá certo.

O Flamengo entrou em campo com uma estratégia de tentar aproveitar os lados do campo. Os laterais atuavam mais abertos, com Thiago Maia recuado. Os rubro-negros entendiam a necessidade da ocasião e ficavam com a bola, mas sem ameaçar a defesa do Independiente del Valle de início. Bem postados, os equatorianos rechaçavam os seguidos cruzamentos. As primeiras boas chegadas aconteceram a partir dos 15. Depois de uma boa tabela com Arrascaeta, Everton Ribeiro cruzou e Pedro cabeceou para a defesa de Moisés Ramírez. Logo na sequência, Ayrton Lucas bateu e Pedro anotou na sobra, mas o lance foi anulado por impedimento.

Já o lance mais inacreditável do primeiro tempo aconteceu aos 19. Foi um verdadeiro bombardeio do Flamengo, com uma sequência de tentativas. Thiago Maia e Gabigol insistiram, mas Moisés Ramírez e a defesa do Independiente del Valle pareciam se multiplicar para travar. O lance gerou reclamação de pênalti, mas não foi anotado pelo árbitro Andrés Matonte, com a marcação de um impedimento. A demora na revisão foi vantajosa para os negriazules, pela maneira como a parada esfriou os rubro-negros. Foi nesta sequência que veio a única finalização do IDV no primeiro tempo, numa falta de longe que Santos pegou sem problemas. Os negriazules poderiam até gerar mais danos, pelos espaços dados pelo Fla aos contragolpes, mas erravam bastante.

A partida tinha um sentido, o ataque do Flamengo. A equipe não parecia no melhor encaixe para oferecer mais qualidade na criação, mas seguia com talento individual suficiente para impor um abafa. O problema era a bola que não queria entrar. Aos 31, Arrascaeta mandou a falta na área e, depois da sequência de rebatidas, David Luiz ajeitou para Thiago Maia acertar a trave. No minuto seguinte, seria a vez de Everton Ribeiro servir e Ayrton Lucas também estalar o travessão de cabeça. Era uma pressão enorme do Fla, que o Independiente del Valle tentava segurar com cera. E o árbitro Andrés Matonte parecia perdido em campo, ao não inibir os equatorianos, além de titubear em suas decisões.

Num final de primeiro tempo que ficava mais truncado, o Independiente del Valle se dava melhor ao segurar os problemas. Os acréscimos seriam longos, a começar pela confusão de Arturo Vidal com Mateo Carabajal. Os dois trocaram safanões, mas a arbitragem demorou a tomar ação e só mostrou o amarelo. O Flamengo conseguiu mais um bombardeio no tempo adicional. Guillermo Varela bateu por baixo e Moisés Ramírez parou com o pé, enquanto na sequência Arrascaeta mandou uma cabeçada para fora. Certo nervosismo também parecia bater nos rubro-negros pela dificuldade em fazer o barbante balançar.

O Flamengo terminou o primeiro tempo com muito jogo pelos lados e quase nada no meio, sem tanta paciência na construção das linhas de passe. Faltava mais aceleração, sem mesmo que os homens de frente fossem efetivos, apenas com Everton Ribeiro melhor na construção. E o Independiente del Valle melhorou sua marcação no segundo tempo. Conseguiu adiantar um pouco mais seus jogadores para morder os primeiros passes dos rubro-negros. O Fla iniciou a segunda etapa pior, com dificuldades para finalizar. E a chuva que apertava no Maracanã também não permitia tanto esmero no trato da bola.

A entrada de Kevin Rodríguez auxiliou o Independiente del Valle. A equipe ganhou mais vigor ofensivo e passou a incomodar mais na frente, mesmo sem acertar seus lances. Santos chegou a ser testado numa batida de Junior Sornoza. O Flamengo demorou a mexer, só aos 27 minutos, com as entradas de Gerson e Cebolinha nos lugares de Vidal e Thiago Maia. Não rolou um impacto imediato. O Fla permanecia em cima, mas esbarrava no paredão equatoriano, que ainda tinha espaço aos contra-ataques. O desgaste emperrava os cariocas. Outras duas mudanças vieram aos 35, com Matheus Gonçalves e Matheuzinho, saindo Everton Ribeiro e Varela.

Seria uma reta final de partida arrastada. O Flamengo não se entregava por completo, mas oferecia pouquíssimo. Era um time sem repertório e com jogadores sem gás para o impacto individual contra uma defesa fechada. Quando surgiu uma chance, aos 48, foi na bola parada. Arrascaeta levantou a bola e David Luiz cabeceou por cima. E na base da persistência é que veio o gol do alívio, enfim num lance bem construído, também com a permissividade do Independiente del Valle. Gabigol lançou Cebolinha, que escapou nas costas da zaga sozinho. O ponta matou no peito e rolou para trás, onde Arrascaeta se esticou para mandar para dentro. Era um alívio imenso, no último ataque, que acabava por forçar a prorrogação.

O Flamengo vinha cheio de energia para o primeiro tempo da prorrogação. E ficou claro como o time se animou com o gol, mas não que as chances de gol tenham se tornado frequentes. O Independiente del Valle, mesmo estremecido, conseguiu conter a sangria e evitar o pior. Os negriazules só não respondiam, sem solução nas bolas longas. E o segundo tempo extra até começou melhor ao Fla, com jogadas individuais que começavam a expor o IDV. Cebolinha e Matheus Gonçalves apareciam, entre aqueles que auxiliaram a reação. Marinho e Mateusão seriam depois alternativas ao Fla, nas vagas de Pedro e Ayrton Lucas. Mas a pressão de início também não durou, pelo cansaço. Seriam mais alguns espasmos, com Gonçalves e Cebolinha, até os pênaltis.

O Flamengo abriu a disputa por pênaltis, e se frustrou, quando o chute forte de Arrascaeta parou numa ótima defesa do goleiro Moisés Ramírez à meia altura. Lorenzo Faravelli botou o Independiente del Valle na frente, num chute que Santos ainda tocou. David Luiz converteu na sequência, mas Michael Hoyos recolocou o IDV em vantagem. Everton Cebolinha e Nicolás Previtali mantiveram o aproveitamento, assim como Gérson e Richard Schunke. Já na última série, Gabigol naturalmente guardou o seu, até que Anthony Landázuri fechasse a partida. Mandou com confiança e decretou o título dos equatorianos.

A Recopa Sul-Americana amplia um pouco mais a galeria de conquistas do Independiente del Valle. Se o time havia perdido para o Flamengo em 2020, desta vez consegue dar a volta por cima e soma o novo troféu aos seus dois títulos na Copa Sul-Americana. A atuação na ida fez a diferença aos negriazules, apesar de todos os problemas dentro do Maracanã. Já o Flamengo precisa definir seus rumos depois de tantas decisões frustrantes em 2023. A reação do time deixa uma lamentação um pouco menor, mas o novo vice é doloroso. A temporada promete ser longa, especialmente pela necessidade de acerto que permanece. A derrota nos pênaltis pode não oferecer um cenário de terra arrasada, mas a vitória, se viesse, também passaria longe das mil maravilhas. Coletivamente, a equipe segue devendo.

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