Trivela
·05 de maio de 2023
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·05 de maio de 2023
Não há trabalho mais bem feito no futebol da América do Sul desde a última década que o do Independiente del Valle. O clube de pouca expressão no âmbito nacional ascendeu das divisões de acesso e virou um adversário respeitado nos torneios continentais, com dois títulos da Copa Sul-Americana e um vice na Libertadores. O mais importante é a maneira como os Negriazules passaram a revelar talentos, num projeto que rende troféus na base, dinheiro com transferências e até mesmo uma vitrine como a seleção equatoriana, pela influência sobre o elenco renovado que disputou a última Copa do Mundo. E o IDV estende seus tentáculos. Se um dos méritos está na captação de talentos sobre todo o território equatoriano, agora os donos da agremiação também poderão trabalhar mais diretamente na Colômbia, com a compra do Atlético Huila.
O anúncio do negócio se oficializou nesta quinta-feira. O Atlético Huila passa a ser o quarto clube do Grupo Independiente. Além do Independiente del Valle, a empresa administra a equipe feminina das Dragonas IDV e também o tradicional Numancia, na terceira divisão espanhola. A ideia é aplicar na Colômbia o mesmo modelo de categorias de base que deu tão certo no Equador. Há uma influência dos métodos espanhóis no trabalho com os atletas, mais precisamente do Barcelona. Além disso, o IDV também absorveu bastante do planejamento aplicado pelo governo catariano na Academia Aspire.
Segundo informações da revista Semana, o Independiente del Valle pagou entre US$ 6 milhões e US$7 milhões para comprar o Atlético Huila. É um valor relativamente acessível, compensado pelas vendas de atletas recentes dos equatorianos. Foram adquiridas 95% das ações dos auriverdes. A promessa inicial é manter o Huila na elite colombiana. Outro processo importante é a ampliação do estádio, atravancada desde 2016, quando um acidente matou quatro operários no local. Neiva, a cidade onde o clube está sediado, tem 373 mil habitantes. Já o departamento de Huila passa de 1 milhão de pessoas.
Outro detalhe importante é que o Atlético Huila pertencerá ao Grupo Independiente, não há algum indivíduo. A principal figura por trás do IDV é o empresário Michel Deller. O equatoriano de 63 anos possui negócios em várias áreas, sobretudo a imobiliária, e é o dono das franquias do KFC em seu país. Sua chegada ao futebol aconteceu há quase duas décadas, num momento em que o Independiente del Valle tinha pequena projeção local. É considerado o principal mentor por trás da revolução do clube.
“O Grupo Independiente adquiriu a equipe do Atlético Huila, um clube importante do futebol colombiano, com o objetivo de implementar o Método Independiente, que se enfoca na formação de talento de alto rendimento e na construção de processos esportivos de médio e longo alcance, para alcançar a excelência desportiva e institucional”, declara a nota oficial. “Como parte da aquisição, o grupo concentrará seus esforços com a visão em recursos humanos, infraestrutura desportiva e tecnologia de última geração, para garantir que a equipe tenha as ferramentas necessárias para alcançar seus objetivos com o tempo”.
“O Independiente tem sido reconhecido pelo desenvolvimento de talento e seu compromisso com a comunidade. Com a aquisição do Atlético Huila, se levam valores para ajudar a criar oportunidades para milhares de jovens na Colômbia. O grupo tem uma enorme esperança pelo trabalho que acontecerá neste belíssimo país. Isso será feito de mãos dadas com colombianos e colombianas que mostrem o caminho a quem acompanhar o processo e seus valores. Neles reside e residirá maior êxito”, complementam.
Fundado em 1990, o Huila construiu uma razoável tradição na elite do Campeonato Colombiano desde então. Os auriverdes estrearam na primeira divisão em 1993 e possuem 45 edições disputadas da liga, contando os “torneios curtos” que duram um semestre. O Huila nunca passou mais de dois anos longe da elite e registrou dois vice-campeonatos, no Apertura 2007 e no Finalización 2009. Além disso, ao longo dessas três décadas de trabalho, os bambuqueros revelaram bons talentos. Nomes como Freddy Guarín, Freddy Montero, Jefferson Lerma e Carlos Carbonero se projetaram na agremiação. Já no futebol feminino, o Atlético Huila conquistou a Libertadores em 2018.
As condições parecem boas para o Grupo Independiente. O futebol colombiano possui uma enorme capacidade para revelar talentos, mas a administração dos clubes deixa a desejar nos últimos anos. É a segunda maior população da América do Sul, mas que tantas vezes não correspondeu nessa dimensão no futebol. Com os métodos e o trabalho arraigado do Independiente del Valle, dá para imaginar uma projeção ainda maior no contexto colombiano. Além disso, há possibilidade de fazer bonito também na liga nacional e nas próprias competições continentais. O Huila só tem duas participações nos torneios Conmebol, sem vida longa na Copa Conmebol de 1999 e na Copa Sul-Americana de 2010. Nada melhor que aprender a partir de especialistas.