O primeiro pedido do Luis Castro para a direção e a grana que fez Kike ser convencido a sair
O Grêmio avançou de vez na saída de Kike Olivera, que está encaminhado para o Bahia depois de um processo que exigiu convencimento do jogador. A preferência inicial dele era pelo Nacional, do Uruguai, mas o clube gaúcho conseguiu estruturar um negócio financeiramente muito mais vantajoso com os baianos, tanto para o próprio Grêmio quanto para o destino do atleta.
O modelo das duas negociações era semelhante, com empréstimo até o fim de 2026 e opção de compra. A diferença esteve no dinheiro imediato. Enquanto o Nacional oferecia cerca de 150 mil dólares pelo empréstimo, o Bahia topou pagar 400 mil dólares, algo em torno de 2,2 milhões de reais. Além disso, o contrato prevê uma cláusula de compra fixada em 4 milhões de dólares, aproximadamente 22 milhões de reais.
Levando em conta que o Grêmio desembolsou cerca de 4,5 milhões de dólares na contratação de Kike, a operação é vista internamente como uma forma de recuperar praticamente todo o investimento, desde que o jogador atinja as metas previstas em contrato e a compra seja efetivada. A direção ainda tentou incluir cláusulas que praticamente obrigassem o Bahia a adquirir o atleta, como percentual mínimo de jogos disputados, justamente para reduzir riscos.
Kike acaba entrando na lista de contratações que não deram retorno esportivo. Ele se junta a outros uruguaios recentes, como Carballo e Arezo, em uma sequência de apostas que custaram caro e não performaram. Somados, esses investimentos ultrapassam os 50 milhões de reais, sem retorno técnico dentro de campo. No caso do Arezzo, inclusive, existe um impasse com o Peñarol, que tenta renegociar valores e até envolver jogadores no negócio, já que não quer arcar com o montante previsto em contrato.
Enquanto isso, o Grêmio começa a trabalhar já sob a influência direta de Luís Castro, que mesmo antes de assumir oficialmente, já fez seu primeiro pedido à direção. O treinador deixou claro que a prioridade absoluta é o sistema defensivo. Os números reforçam a preocupação: nas últimas três temporadas, o clube sofreu cerca de 70 gols somando todas as competições, sendo 50 apenas no Campeonato Brasileiro.
Luís Castro entende que o elenco atual não tem a velocidade necessária para sustentar uma linha defensiva alta, que é uma das marcas do seu modelo de jogo. Ele pediu, de forma clara, a contratação de zagueiros rápidos, especialmente um zagueiro pelo lado direito, além de um lateral-direito mais jovem, com capacidade de recomposição. Hoje, nomes como Kannemann e Wagner Leonardo não se encaixam nesse perfil, e até por isso não está descartada a possibilidade de Gustavo Martins ganhar mais espaço no início da temporada.
A diretoria, antes da chegada de Luís Castro, enxergava outras prioridades, como a busca por um camisa 10 — tanto que tentou avançar em Raphael Veiga. Também havia o entendimento da necessidade de um volante mais posicional e de reforços defensivos, mas o treinador deixou claro que, no seu modelo, sem ajustar a defesa, o time não consegue competir.
No campo financeiro, o clube tenta ganhar fôlego. A venda de Alisson permitiu uma entrada imediata de recursos, com antecipação de valores junto a instituições financeiras. Essa grana será usada principalmente para quitar pendências como direitos de imagem atrasados, questões relacionadas a transfer ban e notificações recentes, como a feita por Braithwaite. Não deve sobrar muito para contratações, mas a limpeza da folha, com saídas como a de Kike e outros jogadores, pode abrir algum espaço.
Luís Castro deve desembarcar em Porto Alegre no próximo fim de semana para um bate-volta. Vai conhecer as instalações do clube, conversar pessoalmente com dirigentes e alinhar detalhes do planejamento. Depois, retorna para Portugal para passar as festas com a família, antes de assumir definitivamente no início de janeiro. Essa postura foi muito bem recebida internamente e vista como um sinal claro de comprometimento com o projeto.