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·21 de março de 2025

O renascimento dos 9: após mais de uma década, a Serie A pode ter dois italianos na artilharia

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Você lembra a última vez que dois italianos estiveram no pódio da artilharia da Serie A? Pois é, não é uma resposta fácil. Faz bastante tempo desde que essa dobradinha aconteceu – mais de uma década, especificamente. Atualmente, Mateo Retegui e Moise Kean podem quebrar esse jejum, além de serem as principais esperanças para ocuparem o setor ofensivo da seleção de seu país, que vem sendo criticado há alguns anos.

Nas últimas temporadas, não havia dúvidas sobre quem era o principal goleador italiano: Ciro Immobile. Maior artilheiro da história da Lazio, o campano apareceu constantemente entre os jogadores que mais balançaram as redes a nível nacional. Considerando as últimas 11 edições da Serie A, ele foi o atleta de sua nacionalidade com mais tentos em cinco delas. Porém, na seleção, nunca conseguiu repetir esse desempenho, ainda que parecesse ser um ponto fora da curva em relação a seus compatriotas.


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Quando Immobile é tirado da equação, poucos jogadores da Itália conseguiram figurar entre os principais marcadores. Jogando no Torino, Andrea Belotti obviamente tinha dificuldades, considerando o contexto em que estava inserido, já que atuava por um time que não brigava nas posições mais altas da tabela e passava longe de ser um grande criador de oportunidades. Em 2017, Il Gallo terminou como o terceiro atleta com mais gols na Serie A, marcando 26 vezes, e só.

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Immobile e Belotti foram dois dos maiores goleadores italianos dos anos 2010 e, apesar de terem vencido a Euro 2020, não convenceram na seleção (Getty)

Na contramão do time granata, o Sassuolo proporcionou várias temporadas de partidas extremamente movimentadas e que beneficiavam seus homens de frente. Grande ídolo dos neroverdi, Domenico Berardi esteve diversas vezes entre os jogadores da Itália com mais gols na liga, mesmo sendo um ponta. Além disso, somava muitas assistências e participações em tentos contra grandes times, especialmente a dupla de gigantes de Milão. Ainda nesse mesmo clube, o veterano Francesco Caputo foi muito bem em 2019 e 2020, chegando até à quarta colocação geral da artilharia.

Os “vovôs” sempre tiveram espaço na Serie A, ainda mais nos times médios. Vivendo seu último momento de protagonismo, Fabio Quagliarella chegou a bater nomes expressivos, como Cristiano Ronaldo, Dries Mertens, Edin Dzeko e foi o artilheiro da edição de 2019 do campeonato, aos 36 anos. E, antes dele, chegamos à última dobradinha italiana na artilharia, com direito a um campeão mundial.

Em 2014, Immobile, enquanto atuava pelo Torino, marcou 22 vezes, ficando com o primeiro lugar na lista de artilheiros. Atrás dele, Luca Toni, em reta final de carreira, não só foi o segundo colocado deste ano, com 20 bolas nas redes, como também o primeiro, empatado com Mauro Icardi, no seguinte. Bem longe do auge, continuava afiado no que importava: jogo aéreo fortíssimo e faro de gol irretocável.

Desde os últimos lampejos de Toni, a Itália tem tido dificuldades de encontrar um camisa 9 confiável – ainda que Immobile e Belotti tenham sido campeões da Euro 2020. Isso, como está descrito no texto, se refletiu no próprio campeonato nacional. Mario Balotelli foi a grande esperança da década de 2010, mas não se firmou tanto na seleção quanto nos times pelos quais passou na Europa. Além dele, os já citados campeões continentais com a Nazionale não tiveram sucesso em nível internacional.

A nova geração chegou com muitas promessas. O nome que inspirava maior confiança era o de Gianluca Scamacca. Depois de boas temporadas no Sassuolo, se transferiu para Atalanta, onde assumiu o comando do ataque e foi importante na conquista da inédita Europa League. Alto, forte e técnico, parecia a escolha perfeita para assumir a posição na Nazionale. Porém, uma grave lesão mudou não só o seu destino como o de um ítalo-argentino.

Hoje, o grande nome da Itália, quando se fala de bola na rede, é Mateo Retegui. Nascido em San Fernando, na Argentina, estava emprestado pelo Boca Juniors ao Tigre quando começou a despontar no futebol profissional. Atento, Roberto Mancini convocou o atacante argentino, que tem ascendência italiana, em fevereiro de 2023. O impacto foi imediato, com gols na estreia, contra a Inglaterra, e contra Malta, na sequência.

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Scamacca vinha sendo cotado como principal candidato a centroavante da Atalanta e da Itália, mas vem sendo ofuscado por Retegui (Getty)

Seu bom desempenho na Nazionale o levou a despertar o interesse do Genoa. Os rossoblù contrataram Retegui, que conta com raízes genoveses por parte da avó materna. Quando teve o comando de Alberto Gilardino, Mateo certamente aproveitou algumas dicas do centroavante, campeão mundial pela Itália, e fez uma boa temporada, com nove gols – considerando os momentos em que esteve contundido, uma digna campanha de debute. Após a lesão grave de Scamacca, a Atalanta desembolsou 28 milhões de euros para tirar o atacante do Marassi, e foi certeira.

Que a equipe de Gian Piero Gasperini faz muitos gols, todos sabem. E Retegui foi capaz aproveitar muito bem o volume de oportunidades, se mostrando cirúrgico nas chances apresentadas a ele. A estatística xG mede a quantidade de gols esperados de acordo com a probabilidade das finalizações executadas por um jogador ou um time. O camisa 32 da Dea conta com 22 gols até o momento e isso com apenas 14 de xG – ou seja, se gabaritou como um excelente finalizador, rendendo acima das chances apresentadas.

Forte no jogo aéreo, anotou cinco vezes de cabeça na Serie A. E não tem essa de pé ruim: são nove gols com a perna direita e oito com a esquerda na liga. Retegui pode tanto fazer bons pivôs quanto conseguir antecipar seus marcadores, mesmo não sendo tão veloz. E talvez aí esteja a grande diferença para o seu maior concorrente à artilharia do campeonato e pela vaga de centroavante da seleção italiana.

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Vivendo grande momento na Fiorentina e apontando para uma volta por cima, Kean é o vice-artilheiro da Serie A (Getty)

Sacudindo a poeira e dando a volta por cima, Moise Kean foi uma enorme aposta da Fiorentina para a temporada 2024-25 e demonstrou que seu talento não desapareceu. Quando surgiu precocemente na Juventus, com apenas 16 anos, quebrou alguns recordes por conta da sua idade pela equipe de Turim e, depois, pelo Verona, despertando o interesse de vários clubes da Europa. Como tinha mercado, mtas também muita concorrência no ataque da Juve, especialmente por conta de Cristiano Ronaldo, acabou sendo negociado pela Velha Senhora.

Kean circulou por Everton e Paris Saint-Germain, não se firmou, retornou à Velha Senhora e viveu momentos muito complicados. Em seu último ano como bianconero, não marcou um gol sequer, criando uma enorme desconfiança e rejeição por parte da torcida, mesmo que ele ainda tivesse 25 anos. Era certo que não ficaria no Piemonte, e a escolha do seu destino não poderia ter sido melhor.

Com várias contratações, a Fiorentina de Raffaele Palladino demorou para engrenar, mas Kean não. O técnico já queria contar com seu futebol desde 2023-24, quando comandava o Monza, e mostrou que realmente tinha planos encaminhados para reabilitar o atacante. Em Florença, atuando como referência da ofensiva equipe violeta, o ítalo-marfinense passou a marcar com consistência e está muito perto de ultrapassar a sua melhor temporada em termos de gols. Em novembro, foi eleito o jogador do mês na Itália, depois de anotar cinco vezes em apenas três jogos.

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Embora tenha bons números e seja jovem, Pinamonti vem recebido poucas chances na seleção italiana (Getty)

Se antes sofria com as grandes chances perdidas, hoje Kean não só entrega uma pontaria acima da média, como é um atacante que consegue ajudar em várias fases do jogo. Tem velocidade, podendo atuar até como ponta se necessário, e seu porte físico também permite brigar com os defensores adversários. Resumidamente, é bem completo para a posição.

A não ser que aconteça uma catástrofe, Retegui e Kean devem figurar entre os principais marcadores do Italiano. Mais consolidados e atletas que atuam pelos lados, Riccardo Orsolini (10 gols na Serie A) e Mattia Zaccagni (8) são outros que devem figurar no grupo dos 20 mais prolíficos da temporada – onde se encontram no momento. Entretanto, ainda existem outros bons e jovens atacantes centrais despontando no cenário nacional.

Envolvido em uma polêmica recentemente, Lorenzo Lucca segue sendo crucial para a boa campanha da Udinese. O gigante de 2,01 m já alcançou dois dígitos de gols na liga (anotou 10, até agora) e se destaca, como era de esperar, pela sua estatura e pelo fortíssimo jogo pelo alto. Em fevereiro, insistiu em tomar a vez do cobrador oficial de pênaltis bianconero, Florian Thauvin, converteu a cobrança e foi substituído em seguida. No entanto, o caso parece ter sido águas passadas. O grandalhão é um bom centroavante, tem 24 anos e entra na disputa pela 9 azzurra – inclusive, foi convocado por Luciano Spalletti para a data Fifa de março.

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Oásis técnico no modesto Empoli, Esposito tem se destacado na Serie A (Getty)

Quem também vem bem é Andrea Pinamonti, substituto de Retegui no Genoa. Cria da Inter, o forte atacante, que é hábil nas jogadas aéreas, no pivô e também finaliza com destreza com as duas pernas, é um dos principais nomes do time rossoblù e vai liderando a sua reação, após um início ruim de Serie A. O centroavante, que completa 26 anos em maio, anotou oito dos 28 gols dos grifoni no certame e vai caminhando tranquilamente para chegar a sua terceira temporada com duplo dígito em tentos. Com 48 bolas nas redes, é um dos 20 maiores goleadores do Italiano dentre os jogadores que , porém tem recebido poucas chances na seleção. Será que isso muda num futuro recente?

Olhando para um prospecto ainda mais novo, Sebastiano Esposito, atacante de 22 anos cedido pela Inter ao Empoli, que já tem tudo certo para comprá-lo dos nerazzurri, é um jogador chave em uma temporada histórica dos azzurri. A campanha na Serie A está longe de ser sensacional, visto que os toscanos não vencem há meses e, por isso, se encontram na zona de rebaixamento. Porém, a inédita classificação para as semifinais da Coppa Italia animam a torcida. Seba está longe de ser o culpado pela situação do time no Italiano, já que tem oito gols no campeonato. O promissor talento tem sido imprescindível e anotou 10 vezes, somando todas as competições.

Após muitos anos, a Itália passa a ver novos jogadores assumindo o protagonismo de um papel tão importante no futebol. A safra é boa e alguns nomes ainda ficaram de fora dessa análise mais próxima. Francesco Camarda, de apenas 17 anos, tem um futuro brilhante pela frente. Irmão de Seba Esposito, Francesco Pio Esposito, do Spezia, já fez 14 gols na Serie B e pode ser aproveitado pela Inter, que é dona do seu passe. O renascimento tardou, mas chegou.

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