Jogada10
·09 de abril de 2025
Operação contra manipulação de resultados prende ex-árbitro e mira em comissões e dirigentes de clubes

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·09 de abril de 2025
A Polícia Civil de Goiás deflagrou, na manhã desta quarta-feira (09), a ‘Operação Jogada Marcada’, voltada ao combate de um esquema de manipulação de resultados de partidas de futebol. A ação atingiu seis estados: Ceará, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Paraíba e Pernambuco. Além disso, incluiu o cumprimento de 16 ordens judiciais – sete de prisão temporária e nove de busca e apreensão.
As investigações identificaram uma organização criminosa formada por financiadores, intermediários e executores, entre os quais figuram jogadores, treinadores e dirigentes de clubes. Os alvos incluem jogadores, treinadores e dirigentes. Conforme detalhado pela Delegacia Estadual de Investigações Criminais (Deic), o grupo também atuava por meio de plataformas de apostas, movimentando ao menos R$ 11 milhões de maneira ilícita.
Conduzida pelo Grupo Antirroubo a Banco (GAB), a ação delineou uma hierarquia precisa na estrutura da organização criminosa. As práticas fraudulentas abrangiam principalmente jogos da Série D do Campeonato Brasileiro, mas também há indícios de que partidas de outras divisões nacionais, campeonatos estaduais e até torneios internacionais possam ter passado por manipulação.
D’Guerro Batista Xavier, ex-árbitro paraibano de 46 anos, está entre os detidos na operação. Ele foi preso em João Pessoa e, apesar de estar afastado da função desde a ‘Operação Cartola’, de 2018, mantinha vínculos esportivos de forma amadora. Questionado pela imprensa, o profissional negou envolvimento com o caso: “Não sei o que está acontecendo”. Autoridades o confirmam entre os alvos da investigação por envolvimento direto nas práticas fraudulentas.
Um presidente de clube, dois ex-jogadores e dois aliciadores também acabaram detidos na operação. Os agentes, porém, não revelaram as identidades dos suspeitos.
A investigação teve origem a partir de denúncias feitas por Marco Antônio Maia, presidente do Goianésia. Em 2021, ele foi procurado por integrantes do grupo com uma proposta de R$ 500 mil para que influenciasse o resultado de três partidas. Maia recusou a oferta, porém, com autorização judicial, passou a atuar como agente infiltrado.
Segundo o próprio dirigente, novas tentativas de aliciamento ocorreram em 2022, durante o Campeonato Goiano, e novamente em 2023, quando os aliciadores ofereceram porcentagens sobre valores ilícitos em troca de participação do clube em manipulações. Além de cooptação de outras equipes.
“Fui procurado mais de uma vez e sempre recusei. Decidi colaborar com a justiça porque isso afeta diretamente a credibilidade do futebol”, afirmou Marco Antônio Maia.
Enquanto a operação policial se desenrola, o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) acompanha de perto os desdobramentos do caso. O órgão já sinalizou que, conforme o encaminhamento das denúncias à Justiça, poderá aplicar punições severas aos envolvidos no meio esportivo, incluindo suspensões e até banimentos.
Próximos passos Embora a Polícia Civil ainda não tenha divulgado quais partidas foram, de fato, alvo de manipulação, novas informações devem ser apresentadas em coletiva agendada para a manhã de sexta-feira (11 de abril). A expectativa é de que mais nomes venham a público e que a dimensão total do esquema seja esclarecida.
A operação evidencia, acima de tudo, a complexidade e o alcance das fraudes no futebol nacional. Conforme apurado, as investigações continuam em curso e não se descarta o envolvimento de agentes em novas regiões do país.